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ou de como autoridades
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PERIGOSO PROJETO VIGÍLIA... | |
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rimeiro foi um chapéu de sol. A população ituana surpreendeu-se na manhã de quinta feira, 30 de março, ao perceber que esta frondosa árvore, existente há pelo menos quarenta anos na Praça Padre Miguel (da Matriz) havia sido cortada. Duas semanas antes, a praça havia sido fechada por tapumes. O Prefeito Leonel Salvador tinha anunciado sua restauração, que obedeceria um projeto que teria sido aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat). Mas o prefeito não mencionou nada sobre derrubada de árvores no local. O assunto em debate, até então, era em torno de dois símbolos, que há décadas vêm atraindo milhares de turistas para o município: os famosos Orelhão de Itu e Semáforo Gigante. Faria parte do projeto a retirada de ambos, que seriam transferidos para um suposto parque temático, fora da área urbana. Os comerciantes conseguiram uma liminar na Justiça, para garantir a permanência destes símbolos no local. Ao anunciar para a imprensa a restauração da praça, o prefeito declarou que o orelhão e o semáforo não seriam arrancados.
Os protestos caíram no vazio. Ao levar a reclamação para a Promotoria do Meio Ambiente, soube-se que o corte de árvores havia sido autorizado. E foi só aí que a assessoria de imprensa da Prefeitura informou aos jornais da previsão de cortar dez árvores, como parte do projeto de reforma. E mais: Mauro Bondi, técnico do Iphan, deu uma declaração ao Jornal Periscópio que desmentia a fala do Prefeito sobre o orelhão e o semáforo. Haveria um compromisso da administração municipal para que ambos fossem removidos. Se isto não ocorresse, o Iphan poderia mover ação na Justiça contra a Prefeitura, já que estes monumentos teriam sido instalados sem autorização do Instituto.
Há pouco mais de duas décadas uma geógrafa, Magda Lombardo, conseguiu medir um fenômeno que ganhou o nome de ilha de calor. O centro da cidade de São Paulo, onde imperam as áreas cimentadas, tinha uma temperatura média superior em até cinco graus, em relação às áreas próximas ao município, mais arborizadas. Não é preciso um termômetro, para conferir o mesmo fenômeno em Itu. Quem sai da área urbana para a rural, já sente uma diferença de temperatura. É que, por suas características históricas, o centro de Itu possui calçadas estreitas, onde é difícil ter árvores. As praças, quando arborizadas, representam pequenos oásis para a população. Na sombra de árvores da praça da Matriz, pessoas sentam-se para conversar e observar o movimento, numa típica atitude de cidade interiorana. E não apenas lá. Também na Praça do Carmo - cuja reforma está prevista - as árvores são o ambiente ideal para o lazer de ituanos e turistas. Além das centenárias palmeiras imperiais, lá vivem árvores importantes para o município, como uma grande figueira e um espécime de pau-brasil plantado pela primeira presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, Beatriz Pionti. Num município onde o prefeito defende a concessão dos serviços de abastecimento de água com base na falta de recursos financeiros, gasta-se em torno de meio milhão de reais para a reforma de praças, que começam com a derrubada de árvores. Até o início das obras, o projeto não tinha sido colocado à disposição da população, que só soube de alguns detalhes do que seria feito.
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