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ÍNDICE

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JULHO 2003 UMA LAGARTA QUE PODE ATÉ MATAR (CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL)
ABRIL 2003 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO GOVERNO LULA - PRIMEIROS PASSOS (PÁGINA ESPECIAL)
FEVEREIRO 2003 QUEM É QUEM NA ÁREA AMBIENTAL NO GOVERNO LULA (PÁGINA ESPECIAL)
JANEIRO 2003 MARINA SILVA: CREDENCIAIS SUFICIENTES PARA TRATAR DA AMAZÔNIA COM NECESSÁRIOS - POR LÚCIO FLÁVIO PINTO
JANEIRO 2003 UMA ESTRUTURA PARA O MEIO AMIBENTE - POR ROBERTO MESSIAS FRANCO
JANEIRO 2003 SUGERINDO NOVOS RUMOS PARA O MEIO AMBIENTE - POR: PAULO NOGUEIRA-NETO
DEZEMBRO 2002 CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POR QUE DEVEMOS DEBATÊ-LOS: POR FABIO DEBONI
MAIO 2002: AMPLIAÇÃO DA CALHA DO TIETÊ EM SÃO PAULO AMEAÇA À SAÚDE PÚBLICA, AO MEIO AMBIENTE E À ECONOMIA DAS CIDADES RIBEIRINHAS
NOVEMBRO-DEZEMBRO/2001: TERMELÉTRICA SOROCABA - CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
OUTUBRO/2001: MOÇÃO DE AGRAVO CONTRA O SECRETÁRIO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE RICARDO TRÍPOLI


SETEMBRO/2001: ESTRADA DO COLONO FECHADA - PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU PROTEGIDO
07/09/2001: AVISO - PROTESTO CONTRA DESMATAMENTO NA SERRA DO JAPI EM 15/9
25/08/2000: MANIFESTO DE REPÚDIO DA PROESP, DE CAMPINAS
22/06/2000: MIGUEL ABELLÁ - IN MEMORIAM
22/05/2000: MANIFESTO EM DEFESA DA ORDEM DEMOCRÁTICA, DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E DO MEIO AMBIENTE PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES

 

Os documentos desta seção não refletem necessariamente a posição da AIPA.


Veja + documentos na seção "Ceac - Coletivo das Entidades Ambientalistas no Consema"


Acompanhe as discussões sobre temas ambientais

ASSUNTO - Perspectivas ambientais no Governo Lula
QUEM ASSINA - Lúcio Flávio Pinto - jornalista
QUANDO/ONDE - Dezembro 2002 - Publicado no site da Agência Estado na Coluna "Entre Aspas"

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MARINA SILVA TEM CREDENCIAIS SUFICIENTES PARA TRATAR DA AMAZÔNIA COM A URGÊNCIA E O CONHECIMENTO NECESSÁRIOS

       "Dois componentes da personalidade da nova ministra do meio ambiente a credenciaram ao respeito da opinião pública e ao destaque na equipe de linha de frente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva: sua fibra e sua aplicação. No espaço de três décadas, desde o momento em que tardiamente se alfabetizou, já aos 16 anos, Maria Osmarina Silva de Lima - a atual Marina - construiu uma biografia que guarda certo paralelo com a do próprio Presidente da República. É, em primeiro lugar, uma sobrevivente: três dos seus 10 irmãos, oito dos quais mais novos, foram abatidos pelas difíceis condições de vida de um seringal no distante, isolado e abandonado Estado do Acre, onde ela nasceu. A morte da mãe também a obrigou a assumir desde cedo sua responsabilidade na manutenção da família. Para se manter, trocou o trabalho incerto do seringal pelo emprego de doméstica na capital, em Rio Branco. Ainda não era o lugar que queria: foi então ser freira.

      A companhia das religiosas não definiu sua vocação, mas foi o incentivo que faltava para deixar a condição de analfabeta. No Mobral, um programa criado pelo regime militar, do qual se tornaria uma crítica radical, ela aprenderia a ler e escrever. Passou rapidamente para o supletivo de primeiro e segundo graus e entrou para a Universidade Federal do Acre, na qual se formaria em História e para a qual logo voltaria, já como professora.

      Começaria então sua vida pública. Foi uma das fundadoras do PT estadual. Nessa época, conheceu o seringueiro Chico Mendes, que dirigia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, uma decadente zona de produção de borracha. Assumiu a militância sindical, como dirigente da CUT (Central única dos Trabalhadores). Em 1986, disputou uma vaga na Câmara Federal, enquanto Chico Mendes concorria à Assembléia Legislativa. Nenhum dos dois se elegeu.

      Dois anos depois, porém, Marina conseguiu se tornar a mais votada vereadora da história de Rio Branco. Em 1990, se elegeu deputada estadual, quando o PT ainda tinha pouca expressão na política local. Em 1994, aos 38 anos de idade, ganhou destaque nacional como a senadora mais jovem da história da república. Em 2002, foi reeleita com uma das maiores votações proporcionais da história brasileira. Mas quando Lula venceu o 2º turno começaram de imediato as especulações. Não parecia haver ninguém com mais credenciais para o Ministério do Meio Ambiente do que a senadora acreana. Era a oportunidade de realizar utopias, que só conseguiam circular pela contra-mão do poder estabelecido até então.

      Para a esmagadora maioria das Organizações Não-Governamentais com atuação na área ambiental, essa verdade permanece de pé. Vários outros grupos de pressão e de opinião, porém, têm preferido manter uma atitude de expectativa ou mesmo de ceticismo, mesmo quando não questionam as credenciais de Marina Silva para ocupar o cargo.

      Ela não é o primeiro cidadão da Amazônia a ocupar o MMA, nem mesmo o primeiro acreano nativo a ser convocado para um ministério no executivo federal. O ex-senador paraense Fernando Coutinho Jorge, por indicação do ex-senador e também ex-ministro Jader Barbalho, do PMDB, foi o primeiro amazônico do atual Ministério do Meio Ambiente, ainda na fase em que o órgão era especificamente o Ministério da Amazônia, no governo Itamar Franco.

      Por outro lado, quatro acreanos já ocuparam ministérios na república brasileira. Marina Silva, entretanto, é a primeira dos acreanos a chegar a esse posto sem ter emigrado de um lugar que não oferecia horizontes para suas melhores inteligências. Seus três antecessores (Jarbas Passarinho, Said Farah e Adib Jatene) fizeram suas carreiras fora do Acre. Quando foram chamados para a mais alta administração federal já não possuíam vínculos com o Estado, nem com a região. Passarinho ainda era o único ainda com base regional, mas criada no Pará (um dos seus erros políticos, aliás, foi espaçar demasiadamente suas visitas ao Estado, seu reduto eleitoral, enraizando-se em Brasília).

      Marina, que nasceu no Seringal Bagaço, no município da capital estadual, é a primeira acreana a ocupar o posto de ministro por sua luta política dedicada ao Acre. Assim, sua legitimidade não advém apenas de uma circunstância de nascimento, mas de uma verdadeira opção de vida, de um ato de vontade: empenhar-se para que na sua região de origem e de escolha prevaleça uma política pública coerente com as condições geográficas da área e as aspirações dos seus habitantes. A nova titular do MMA se qualificou por suas raízes de vida, pelo conhecimento adquirido (na formalidade das escolas e na informalidade de sua atividade pública) e pela dedicação a uma causa.

      São credenciais que impõem respeito, mas ainda não qualificam inteiramente a ministra para os desafios que a aguardam. Por isso mesmo, alimentam a cautela dos que, por a acompanharem mais à distância, não sendo, por isso, beneficiários da boa impressão que ela causa aos que lhe estão próximos, podem, entretanto, avaliá-la talvez com maior rigor crítico, sem os complicadores (ou perturbadores) da empatia pessoal.

      Provavelmente o acelerado crescimento da política acreana deve-se ao brusco salto que ela deu, de um acanhado assento na Assembléia Legislativa, em Rio Branco, para uma ampla poltrona do Congresso Nacional, em Brasília, e para gabinetes técnicos e políticos internacionais, principalmente nos Estados Unidos. Ela passou a ser interlocutora freqüente de ONGs de amplitude mundial e de agências multilaterais, como o Banco Mundial e a ONU, ou mesmo de outros governos, como a Usaid, a agência de cooperação internacional dos Estados Unidos, de passado atribulado, que tem tido participação destacada no Acre.

      Embora alguns grupos nacionalistas ou mesmo chauvinistas torçam o nariz para esse elemento do currículo da ministra, ele representa um dado positivo. Significa que a ex-seringueira sabe, agora mais do que seu extinto guru, Chico Mendes, qual é a exata amplitude mundial da Amazônia. Mas talvez nessa empreitada de abertura de horizontes ela tenha deixado de incluir na sua visão um componente mais vivo da própria Amazônia. Para vários auditórios qualificados regionais, Marina Silva é uma referência distante. Mais ainda do que isso: em relação a diversas faces do caleidoscópio amazônico não há uma manifestação da ministra que traduza um conhecimento de causa a respeito. Para uma região tão ampla e complexa, o saber de Marina pode estar perigosamente especializado em Acre. Ou estar enviesado, como se diz, pelo tipo de interlocução internacional que tem tido.

      Para infortúnio seu, o Acre vive sendo confrontado com sua territorialidade. Limitado no seu estoque de recursos naturais e condicionado pela sua localização, o Estado não tem conseguido um lugar favorecido no mercado nacional nem abriu um nicho próprio para o lado do Pacífico. Mas sua viabilidade está em algum ponto dessa bifurcação: ou a conquista de competitividade na federação brasileira ou a abertura de um novo canal internacional. Esquemas intermediários podem ser importantes, mas não são decisivos.

      Não deve ter sido por outro motivo que um dos últimos atos de Fernando Henrique Cardoso como presidente tenha sido uma longa esticada ao Acre para dividir com o governador petista (reeleito) Jorge Viana, aliado de Marina, as honras de pavimentar um pouco mais a estrada para o Pacífico. Antes de chegar ao poder, o PT local abominava esse corredor de exportação - e, junto com ele, as ONGs ambientalistas. O desafio, agora, é tornar seu lado positivo maior do que sua banda negativa.

      O Acre é pequeno e específico demais, e suas saídas precárias demais, para ser um modelo aplicável a toda a Amazônia. O valor da nova ministra do meio ambiente deve ser relativizado por esse seu universo de experiência. Além do mais, ainda que a Amazônia seja item essencial na agenda do seu ministério, os temas que vão exigir a atenção da Marina possuem uma transcendência notavelmente maior do que a região, que ocupa 60% do território nacional, numa fronteira de biodiversidade natural que abriga pouco mais de 10% da população brasileira, hoje fortemente concentrada em cidades que se consolidam sobre a agressão ao ambiente em torno delas. Um dos terrenos pioneiros para a ministra será justamente o urbano, para o qual será pressionada a se interessar com atenção cada vez maior - e impaciência crescente.

      Na seara restritamente amazônica (aplicando-se esse "restritamente" a parâmetros amazônicos, sempre monumentais), Marina logo perceberá que não estará entre as ameaças à sua gestão aquela unanimidade burra celebrizada por Nélson Rodrigues. Ela não é unanimidade. Sua ambivalência acreano-internacional oferecerá flancos para críticas e mesmo ataques, que provavelmente começarão a ser desferidos antes mesmo que possa pretender apresentar qualquer resultado. Na comissão de frente deverão estar os que, sabendo pouco sobre ela e sua região, do pouco que sabem desconfiam.

      Muitos falam sobre Amazônia seguindo exatamente esse perigoso método de ensaio-e-erro: por desconfiança, suspeita, estereótipo. Como Marina Silva se enquadra em alguns itens da tábua das leis desses amazonólogos metropolitanos, vai ter que se explicar desde logo. E desde logo terá que desfazer equívocos ou, quando pela ótica positiva, demonstrar conhecimentos. Sinal de que não terá muito tempo para salamaleques: precisará arregaçar as mangas e trabalhar de pronto.

      Em se tratando de Amazônia, independentemente do resultado a ser apurado, é um bom começo. Se há uma palavra que a região precisa ouvir é essa: urgência. A urgência de fazer o certo. De ver ser feito o torto, a Amazônia já está cheia, cansada, maltratada."

Lúcio Flávio Pinto, premiado jornalista expecializado em assuntos da Amazônia,
é colunista do site Agência Estado/ Ciencia e Meio Ambiente


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Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. A AIPA inclui nesta seção a título de informação e para subsidiar discussões

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ASSUNTO - Perspectivas ambientais no Governo Lula
QUEM ASSINA - Roberto MessiasFranco - secretário geral WWF/Brasil,atuou em ONGs e órgãos de meio ambiente governamentais
QUANDO/ONDE - Dezembro 2002 - Publicado no site da Agência Estado na Coluna "Entre Aspas"

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UM ESTRUTURA PARA O MEIO AMBIENTE

       Desde que, em 1973, o Governo brasileiro criou pela primeira vez um órgão público responsável por cuidar do meio ambiente no Brasil, diversos foram os modelos institucionais adotados e que foram sendo paulatinamente aperfeiçoados, para dar conta desta enorme tarefa. Isto num País de dimensões continentais, com uma dinâmica de devastação avassaladora, e com uma população que, apesar dos avanços na consciência ambiental de alguns segmentos da sociedade, ainda está longe de ter uma cultura de conservação e de preocupação com um desenvolvimento ecologicamente prudente.

       A importância de tal conceito - que podemos chamar de ecodesenvolvimento ou de desenvolvimento sustentável - é ainda maior quando se verifica a fantástica riqueza em recursos naturais que temos, e a urgência em se criar e distribuir riqueza para uma sociedade que ainda é pobre, injusta e excludente, e que tem que buscar novos caminhos, que se construa novas oportunidades de emprego e renda, sem destruir o patrimônio que temos que legar a nossas futuras gerações.

       Tem razão a futura Ministra do Meio Ambiente Marina Silva quando aponta como sua preocupação prioritária trabalhar de maneira trans-setorial, fazendo os outros ministérios e áreas do Governo federal se preocuparem e participarem também da proteção ambiental e da criação das práticas ambientalmente corretas, mas a questão é: como fazê-lo? Como organizar sua própria estrutura para torná-la adequada para esta missão, sabendo que há uma sociedade complexa social e politicamente, com Estados e Municípios com atribuições constitucionais que não têm cumprido em relação ao ambiente, e com recursos humanos, financeiros e materiais escassos?

       Numa breve revisão da história das estruturas ambientais do Governo Federal, vemos que nos primeiros anos (de 1973 a 1985), a então Secretaria Especial do Meio Ambiente, vinculada ao Ministério do Interior, tinha uma estrutura mínima e optou por uma "estratégia de guerrilha", estabelecendo uma rede de alianças com os nascentes órgãos estaduais de controle ambiental, onde se destacavam a Cetesb, em São Paulo, a Feema, no Rio de Janeiro, e nascia em Minas Gerais a estrutura participativa do Conselho de Política Ambiental (Copam), que se tornaria modelo para a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), na Lei 3.938, a Lei Nacional do Meio Ambiente, de 1981.

       Entre 1985 e 1988, fortalece-se a presença dos Estados no sistema nacional, aparecendo como protagonistas importantes Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Brasília, entre outros; é criada a Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) e posteriormente a Associação Nacional dos Municípios para o Meio Ambiente (Anama), já em 1988. E, no final de 88, o efêmero Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente desaparece, é criado o Ibama e a política ambiental volta ao Ministério do Interior até que, no Governo Collor, é instituída a Secretaria do Meio Ambiente ligada diretamente à Presidência da República e que dura até 1992 .

       Quando, então, é criado o Ministério do Meio Ambiente - que já teve em seu nome e hoje tem entre suas responsabilidades "recursos hídricos e Amazônia Legal" - consolida-se um "lugar institucional" no primeiro escalão de Governo, fortalecido na opinião e na esperança de muitos ambientalistas quando Lula anuncia a cabeça indicada para dirigir o Sistema entre os primeiros do seu Gabinete, junto com o futuro Ministro da Fazenda. Símbolo ou coincidência, de toda maneira não poderia ter sido melhor .

       Certamente há ajustes a serem feitos e cuidados a serem tomados para que o setor funcione melhor, para que seja um real instrumento de uma política eficiente, responsável ambiental, social e economicamente. Por exemplo, será vital que o fortalecimento da área de recursos hídricos se dê sem que se instale a tentação do centralismo autoritário de épocas passadas, mas siga no caminho da implantação dos comitês de bacia sugerido na lei. A recém-criada Agência Nacional das Águas - lembremo-nos que 2003 é o seu ano internacional - terá muito que fazer, coordenada com a Secretaria Nacional correspondente, existente no âmbito do próprio Ministério .

       Será também crucial que se integrem melhor a formulação das políticas - de proteção à biodiversidade, florestal, de controle de poluição industrial, das atividades minerarias e de geração de energia, por exemplo - e sua execução. Secretarias setoriais e o Ibama deverão trabalhar cada vez mais em harmonia, sem se esquecerem dos demais atores - estaduais, municipais e a própria sociedade, a quem afinal devem satisfação e para quem devem trabalhar enquanto servidores públicos.

       Também deverão ser reforçados o funcionamento e a transparência dos Conselhos vinculados ao Ministérios - o Conama e o Conselho Nacional dos Recursos Hídricos - para que sejam cada vez mais os instrumentos democráticos da política ambiental que toda a sociedade almeja.

       Finalmente, que a Secretaria, hoje existente mas ainda pouco protagônica, de Desenvolvimento Sustentável, seja o canal por onde passem as construções de sinergias com outros setores do governo e da sociedade - por exemplo, o quanto há por se fazer em parceria com o recém criado Ministério das Cidades, com as associações de classe de produtores e profissionais e tantas mais.

       Enfim, muito há por fazer e todos os brasileiros esperam que seja feito, para que a política ambiental seja um instrumento de crescimento da "felicidade nacional bruta" - e não só do produto interno, no Brasil que queremos.

Roberto Messias Franco (roberto.messias@principecharles.com.br)
é secretário-geral do WWF-Brasil,tendo atuado em ONGs,
e órgãos governamentais -federais e estaduais - do meio ambiente


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ASSUNTO - Perspectivas ambientais no Governo Lula
QUEM ASSINA - Paulo Nogueira-Neto - ex-Secretário Nacional do Meio Ambiente (1973-86), sócio honorario da AIPA
QUANDO/ONDE - Dezembro 2002 - Publicado no site da Agência Estado na Coluna "Entre Aspas"

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SUGERINDO NOVOS RUMOS FEDERAIS NO MEIO AMBIENTE

       Ao Governo Fernando Henrique e aos seus ministros José Sarney Filho e José Carlos Carvalho devemos grandes conquistas no setor ambiental, e muitas outras certamente serão obtidas pela nova ministra Marina Silva e pelo Presidente Lula. A Federação Brasileira acordou para o fato de que o aquecimento climático (efeito estufa) representa grave perigo para todos. E temos a comemorar sobretudo a implantação de numerosas unidades de conservação, que hoje somam cerca de 52 milhões de hectares, ou seja o equivalente a 52 Líbanos. No entanto, no processo dinâmico e permanente de defesa do meio ambiente, a solução dos problemas, geralmente muito grandes e difíceis, requer sempre especial atenção da parte dos governantes.

       Entre essas questões, avulta a da organização do Ibama, sob certo aspecto a maior entidade executiva federal. Cinqüenta e dois Líbanos não cabem dentro do Ibama. Sinto-me à vontade para falar a respeito, pois tenho experiência no assunto e não sou candidato a nenhum cargo. Como se sabe o Ibama é o resultado da fusão de quatro entidades, uma das quais foi a Secretaria Especial do Meio Ambiente, Federal, que chefiei durante 12 anos e meio.

       A Sema, pela sua abrangência, foi a raiz principal do Ibama. Essa fusão, que ocorreu durante o Governo Sarney foi bem vinda na ocasião, pois constituiu uma etapa necessária. Contudo, o Ibama permaneceu relativamente estagnado na sua organização, numa época em que os problemas ambientais aumentaram enormemente.

       Não faço nenhuma crítica pessoal aos seus dirigentes, que procuraram se desdobrar durante os seus mandatos. Apesar das meritórias tentativas de reorganização do Ibama, houve um agravamento dos problemas que afligem a entidade. As organizações ambientalistas não-governamentais têm preocupações sérias sobre isso. O desmatamento da Amazônia e de outras regiões prossegue em vasta escala, ou seja, perdemos cerca de um milhão e meio de hectares por ano de florestas nativas. Contudo, não precisamos dessas áreas abatidas para o progresso da nossa agricultura. Além disso, a quantidade de carbono que essas derrubadas lançam à atmosfera torna o Brasil um dos grandes poluidores do ar planetário. Esse fato, pouco reconhecido dentro do Brasil, prejudica nossa reputação lá fora.

       Ao mesmo tempo em que isso ocorre, as entidades ambientalistas não-governamentais recebem, em várias partes da Federação, notícias de graves desobediências às normas e leis que deveriam regular as derrubadas. Isso ocorre em lugares tão diversos como a Amazônia, o Sul da Bahia e algumas regiões dos estados do Paraná e Santa Catarina, onde os últimos bosques de Araucária estão desaparecendo neste mesmo momento em que o leitor lê o jornal. Essa situação se deve, principalmente, ao fato de que os "gerentes executivos" locais do Ibama às vezes não obedecem às ordens dos seus superiores, nem aos regulamentos. Matas que deveriam ser protegidas são liquidadas. Estações ecológicas têm suas edificações roubadas até de portas e janelas e as verbas que deveriam chegar aos parques, estações ecológicas e APAs são usadas em outros projetos, por secretários executivos locais. Evidentemente há também ótimos e eficientes secretários executivos, mas o mesmo não se pode dizer de outros.

       Essa situação ocorre, repito, apesar dos louváveis esforços de ministros, diretores, secretários e funcionários sérios e valorosos, mas que não conseguiram e não conseguem deter a desestruturação que há anos aflige o Ibama. Em outras palavras, a organização Ibama, como está, não pode ser eficientemente dirigida, pois isso está acima das possibilidades humanas. Prova disso é o fato de que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, somente quando se libertou administrativamente, conseguiu alcançar um alto nível de eficiência, hoje reconhecida pelos meios científicos do País e do exterior. Diga-se de passagem que o Jardim Botânico continua dentro do Ministério do Meio Ambiente, o que mostra que o gargalo não é o Ministério. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e as secretarias de Biodiversidade e a da Amazônia e outros setores funcionam bem, dentro do Ministério.

       O quadro do Ibama é grave, mas tem conserto. Os funcionários do Ibama são em regra pessoas de bom nível e sérias. Além disso, os recursos humanos da entidade foram recentemente reforçados. O que é necessário fazer, com urgência, é reorganizar o Ibama. Quanto às unidades de conservação (parques, estações ecológicas, APAs, reservas extrativistas), a melhor solução é seguir o ótimo precedente do Jardim Botânico. Para isso, é necessário constituir o Instituto Brasileiro de Unidade de Conservação (Ibuc). Inicialmente poderia compartilhar com o Ibama suas estruturas de apoio administrativo. Desse modo não haveria aumento das despesas.

       Assim, o principal e primeiro item de qualquer reforma do Ibama deve ser dar autonomia ao conjunto das unidades de conservação, para que possam constituir um novo Instituto irmão. Com isso, o Ibama ficaria de um tamanho mais apropriado para atender aos seus ainda imensos objetivos de licenciamento federal, controle da fauna, controle dos desmatamentos, manejo florestal, incentivo ao reflorestamento, utilização de imagens de satélites, prevenção de queimadas, controle da poluição no âmbito federal etc. Em outros países, essas funções são agrupadas em diferentes instituições. O Ibama, reorganizado, será sempre uma entidade importante, ao lado do Ibuc, no Ministério do Meio Ambiente.

       Para concluir, quero ressaltar que a indicação da senadora Marina Silva, para o cargo de Ministra do Meio Ambiente, foi recebida com a maior satisfação por todos os setores ambientalistas brasileiros. Ela certamente examinará com atenção e competência as questões aqui ressaltadas.

Paulo Nogueira-Neto (nogueira-neto@uol.com.br)
foi-Secretário do Meio Ambiente (Federal),
é professor emérito de Ecologia Geral do Instituto de Biologia da USP
e sócio honorário da AIPA


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ASSUNTO - Discussão sobre Centros de Educação Ambiental
QUEM ASSINA - Fábio Deboni - mestrando ESALQ/USP
QUANDO/ONDE - Artigo escrito em 2002, especialmente para a AIPA

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CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POR QUE DEVEMOS DEBATÊ-LOS:

       Chamamos de Centros de Educação Ambiental (CEAs) aquelas iniciativas no campo da educação ambiental que dispõem de edificação-sede dotadas de infra-estrutura, instalações, espaços e recursos materiais, e gerenciadas por uma equipe educativa preparada para tal. Esta, por sua vez, atua norteada por um projeto político-pedagógico que fundamenta todas as atividades do CEA; seus objetivos, procedimentos metodológicos empregados, formas de avaliação adotadas, etc. Tais CEAs vêm sendo promovidos e mantidos por uma infinidade de instituições no Brasil, quais sejam: universidades, ONGs, prefeituras, unidades de conservação, empresas, dentre outras. Ganharam impulso considerável sobretudo a partir da ECO-92, conferência esta que alavancou a área ambiental no país de um modo geral.

       No país podemos dizer que há terreno fértil para a proliferação de tais iniciativas, fato este que já vem ocorrendo (sobretudo ao longo dos anos 90) e que, pouco a pouco, passa a ser mais observado. São, sem dúvida, diversas as iniciativas nesse campo no Brasil, nas suas mais distintas regiões e com suas respectivas características sócio-ambientais, culturais, econômicas, etc.

       De fato há no país uma infinidade de práticas rotuladas como de "educação ambiental", o que pode ser encarado sob duas óticas. Uma primeira (positiva), porque dessa forma, tem-se maior diversidade de práticas (projetos, programas, ações, etc) de educação ambiental, refletindo a espetacular diversidade cultural, étnica, ambiental, social, de nosso país. No entanto, essa diversidade de denominações conferidas a ações no campo da educação ambiental pode (e deve) ser encarada com mais atenção. Não podemos generalizar o uso do termo no país, dado que se tem nomeado como educação ambiental ações muito diferentes entre si, e que pouco compartilham de valores e princípios comuns, tanto do ideário ambientalista, quanto dos pressupostos da educação ambiental.

       Em relação ao tema deste artigo, Centros de Educação Ambiental (CEAs), podemos afirmar que tal situação se repete. Ainda que não dispomos de dados e informações suficientes na atualidade para respaldar tal observação. Algumas pesquisas preliminares desenvolvidas (e outra em andamento) fornecem-nos alguns elementos que nos permitem tecer tais considerações e propor tais inferências no tocante a CEAs.

       Há no Brasil uma considerável (e estimulante) carência de estudos e pesquisas, no âmbito da academia, relativa aos CEAs. Não dispomos de dados básicos sobre o tema. Não houve ainda uma discussão aprofundada sobre a construção de definições de CEAs: que tópicos/elementos devem ser considerados para se denominar alguma iniciativa como "Centro de Educação Ambiental" (CEA)?. Quantos são os CEAs em atuação no Brasil na atualidade? O que eles fazem? Como atuam? Estão bem distribuídos nas regiões do país? A que público atendem com mais freqüência? Qual sua missão principal? Que concepções têm de educação ambiental? Fundamentam, de fato, sua atuação em um projeto político-pedagógico bem elaborado?

       De fato são muitas as indagações cabíveis e poucas as respostas concretas. Necessitamos fomentar um amplo e continuado debate no campo da educação ambiental, junto às suas diversas instituições e profissionais atuantes, visando iniciar uma longa e relevante discussão relativa as mais diversas questões inerentes a CEAs (equipe educativa, atividades realizadas, formas de avaliação, principais dificuldades, perspectivas, etc). Dessa forma estaremos buscando enfrentar um cenário que temos denominado como de "pleno empirismo" com que CEAs vem pautando suas intervenções em nosso país.

       A universidade vem contribuindo timidamente para reverter esse quadro. São quase ausentes os trabalhos de pesquisa relativos a este tema que estamos tratando. A Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ), unidade da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, vem contribuindo para o enfrentamento desse panorama, em especial através da atuação da OCA - Laboratório de Educação e Política Ambiental, nas áreas de pesquisa, extensão e formação. Estamos apenas iniciando um longo e árduo trabalho relativo aos CEAs no país, acreditando que o fomento a um debate mais aprofundado requer especial atenção e urgência, e deve ser estimulado junto aos diversos setores da sociedade que se encontram envolvidos com a temática dos CEAs no Brasil.

Fábio Deboni é engenheiro agrônomo,
mestrando em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz /USP
e pesquisador do Laboratório de Educação e Política Ambiental desta escola

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ASSUNTO - Manifesto contra Ampliação da Calha do Tietê
QUEM ASSINA - Inevat - Instituto de Estudos do Vale do Tietê
QUANDO/ONDE - Salto, 25/05/02

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AMPLIAÇÃO DA CALHA DO TIETÊ EM SÃO PAULO AMEAÇA À SAÚDE PÚBLICA, AO MEIO AMBIENTE E À ECONOMIA DAS CIDADES RIBEIRINHAS

       A Diretoria do Inevat - Instituto de Estudos Vale do Tietê, tendo em vista a decisão do governo estadual de construir a 2ª etapa das obras de ampliação da calha do rio Tietê, em São Paulo, esteve reunida na cidade de Salto com o objetivo de debater as questões de riscos potenciais à saúde pública, ao meio ambiente e à economia do interior do Estado de São Paulo.

Após mais de seis anos de estudos, exposições e debates, esta Organização Não Governamental decidiu divulgar um manifesto para alertar e oferecer subsídios para que autoridades e sociedade civil tomem conhecimento dos enormes prejuízos que poderão ser causados pela referida obra que, até agora, não contou com estudos de impacto ambiental suficientes para tranqüilizar a população.

Dessa forma, o Inevat sugere o desenvolvimento de novos estudos, por parte do governo, que com muita transparência devem demonstrar tecnicamente a questão, não só das possíveis enchentes que prejudicarão inúmeras cidades do interior do Estado, mas também quanto à exportação de microorganismos anaeróbicos, resíduos químicos e metais pesados, atualmente depositados no leito do rio e que, com as obras previstas, serão deslocados para todo o interior com a conseqüente e inevitável mortandade da flora e fauna ao longo do Tietê.
 

I - HISTÓRICO DOS PROBLEMAS
 

1 - No transcorrer do Governo Fleury a barragem de Pirapora sofreu importante modificação estrutural com a instalação de um gigantesco túnel descarregador das águas de fundo do reservatório (o qual funciona como um grande "ralo"). Todavia, é importante esclarecer que a realização desta obra não contou com os indispensáveis estudos de impacto ambiental.

 Ocorre que as descargas de fundo desse reservatório resultam na liberação de águas mortas altamente poluídas (eutrofizadas por acúmulo de sais orgânicos e anaeróbicas e pela ausência de oxigênio), além de contaminadas por micro-organismos patogênicos e resíduos industriais perigosos que se acumularam no fundo do lago ao longo de mais de 50 anos de existência do reservatório.

 Esta "sopa" é altamente prejudicial à saúde pública, uma vez que libera à atmosfera gás sulfídrico, dissemina micro-organismos patogênicos, resultando também na elevação da acidez das águas após a cidade de São Paulo com o aniquilamento dos peixes e de toda a espécie de vida vegetal e animal no rio Tietê, constituindo este fato em injusto processo de transferência do passivo ambiental da Região Metropolitana da Capital para as cidades do interior do Estado.

 2 - Descargas dessas águas, altamente contaminadas, tem sido efetuadas, de forma esporádica, nos últimos anos particularmente em períodos chuvosos. Essas descargas têm causado danos de elevada gravidade, numa extensão da ordem de 300 km do rio Tietê, especialmente nas cidades de Santana de Parnaíba, Pirapora, Cabreúva, Itu, Salto, Porto Feliz, Tietê, até Barra Bonita, constituindo ameaça à saúde pública, ao meio ambiente e inviabilizando o desenvolvimento do turismo regional.

         3 - Um exemplo evidente dos enormes danos originados por descargas de fundo do reservatório de Pirapora aconteceu no início do ano 2000. Grande quantidade de lodo do fundo do rio, liberada na operação, teve catastróficas conseqüências com a mortandade de toneladas de peixes, presenciada na região. Esse lodo é quase uma "sopa" com ingredientes perversos com bilhões de bactérias nocivas que consomem o oxigênio da água além de metais pesados depositados há mais de 50 anos no leito do rio, como o chumbo, mercúrio e outros detritos químicos que também causaram prejuízos à saúde pública e aos parques ribeirinhos de cidades do vale médio do rio Tietê. Esse fato ensejou, em 25 de março de 2000, uma ação indenizatória movida pela Promotoria do Meio Ambiente de Salto contra a Emae - Empresa Metropolitana de Água e Energia S/A, do governo do Estado de São Paulo, que controla a represa de Pirapora do Bom Jesus.

          A Emae foi chamada por diversas vezes à Promotoria de Justiça de Salto, ocasião em que reconheceu sua responsabilidade na operação tendo manifestado interesse na realização de um ajustamento de conduta com o Ministério Público e na recuperação do dano ambiental causado, na medida do possível.

          Os projetos apresentados estão em fase final de análise para que, então, o ajustamento de conduta seja homologado, com fixação de pesadas multas pelo eventual descumprimento do acordo, evitando-se assim, ação civil pública para se atingir os mesmos fins. O valor dos danos causados foram estimados em cerca de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em agosto de 2000, diante do posicionamento do Ibama de que seria desaconselhável a realização da reparação na forma de repovoamento dos peixes.

4 - No transcorrer do ano de 1997 o Governo do Estado decidiu construir a primeira etapa das obras de ampliação da calha do rio Tietê em São Paulo, implicando no aumento de 100% da capacidade de escoar vazões do rio dentro da região metropolitana em direção ao interior, ou seja, passando dos originais 600 m³/s para 1200 m³/s.  

5 - Para evitar uma verdadeira catástrofe na região do interior, o sistema planejado pelo governo estadual prevê que, anteriormente à chegada das ondas das enchentes, os reservatórios de Edgard de Souza e Pirapora deverão ser esgotados através do malfadado "ralo" da represa de Pirapora (construído sem estudos de impacto ambiental), operação esta considerada necessária para a retenção de parte das enchentes. Desta forma os cálculos de engenharia prevêem que as vazões exportadas para o interior resultariam limitadas teoricamente a 600m³/s.

 Ocorre que as vazões formadas na Região Metropolitana de São Paulo não são estáticas, ao contrário, aumentam continuamente em conseqüência da constante impermeabilização da área urbana de São Paulo (pavimentações, edificações, etc.), sendo praticamente impossível prever os acréscimos futuros de volumes de águas das enchentes, sabendo-se porém que, certamente, irão superar os determinados 1.200 m³/s estabelecidos anteriormente a 1997. Pode-se dizer que caso os cálculos feitos pelos técnicos do Governo fossem repetidos hoje, certamente a vazão máxima das enchentes já seria superior aos 1.200 m³/s.

          6 - Por outro lado o "ralo" da barragem de Pirapora não se encontra limitado aos 600 m³/s informados pelo Governo do Estado, podendo alcançar na realidade os mencionados 1.200 m³/s. Desta forma pesa sobre a população do interior o risco de, no futuro, (por falha humana ou defeitos dos mecanismos das comportas) acontecerem vazões muito superiores às calculadas teoricamente. Deve-se mencionar que a própria EMAE sempre atribui as descargas de águas pelo fundo do reservatório a falhas humanas dos seus operadores, de modo que a ocorrência de catástrofes não podem ser afastadas até mesmo por efeito de atos de terrorismo.

Devemos lembrar que, historicamente (anteriormente à construção do "ralo" da barragem de Pirapora), as vazões máximas liberadas para o interior desde o reservatório de Pirapora sempre foram limitadas a (excepcionalmente) cerca de 500 m³/s. Vazões maiores acarretam problemas a partir da cidade de Pirapora do Bom Jesus, onde o centro poderá ser inundado, inclusive a Matriz, que é um patrimônio histórico e espiritual de toda a população paulista.

Em Itu poderão ser atingidas as baixadas, inclusive no bairro Paraíso II. Em Salto serão prejudicadas as regiões marginais do Tietê a partir do Parque das Lavras até a ilha do Avenida, sendo que o ribeirão Ajudante poderá ficar represado provocando inundações até acima da Estação Rodoviária. O rio Jundiaí, por sua vez, também poderá ficar represado, inundando as regiões das indústrias marginais. Outras cidades como Porto Feliz e Tietê ficarão inundadas nas baixadas marginais do rio.

7 - Além dos problemas decorrentes das enchentes ocorrerão, conforme já mencionados, arrastes de lixo flutuante, liberação de micro organismos patogênicos e de resíduos industriais venenosos depositados nos fundos dos reservatórios de Edgard de Souza e Pirapora. Toda vez que as comportas da barragem de Pirapora são abertaslLixos flutuantes são liberados para o interior de São Paulo ocupando as margens do rio Tietê desde Pirapora até Barra Bonita.

8- Em Barra Bonita, além do lixo que já ocupa boa parte do lago, observa-se de forma crescente a morte das águas com contaminação pelas algas e micro organismos anaeróbicos.

          9 - Reconhecendo a gravidade das conseqüências para a bacia do Tietê, abaixo de São Paulo, o então Governador atendeu aos apelos das autoridades e da sociedade civil organizada, mandando realizar uma audiência pública em Porto Feliz, em 1996. Essa reunião possibilitou, pela primeira vez, o debate das conseqüências desse projeto no interior. Nesta ocasião, compareceram prefeitos e representantes de todas as cidades do vale do Tietê desde Santana de Parnaíba até Barra Bonita.

          10 - Como resultado prático do histórico acontecimento de Porto Feliz o então governador Mário Covas assumiu o compromisso, perante a população da bacia do Tietê, de realizar as obras então denominadas de mitigatórias (redutoras) dos prejuízos que o aumento das vazões e da poluição acarretariam na região do vale do Tietê.

          11 - O projeto da etapa "1" de ampliação da calha do rio Tietê foi então submetido à plenária do Consema - Conselho Estadual do Meio Ambiente, recebendo a aprovação, definindo-se as exigências de implantação das obras mitigatórias (redutoras) dos efeitos das enchentes e danos ambientais.

          12 - Em seguida as obras da primeira etapa foram iniciadas, enquanto o então Governo Mário Covas contratava empresas de projeto para realização de estudos e obras de controle das enchentes no interior de São Paulo.

          13 - Ocorre que as obras de ampliação da calha foram realizadas até a região do "Cebolão", dentro da área urbana da Capital (1ª. Etapa), enquanto que as obras mitigatórias (que incluíam barragens regularizadoras, barreiras para contenção do lixo, obras de proteção antes do rio Tietê atingir a cidade de Pirapora) ficaram esquecidas.

Dentre as obras mitigatórias projetadas pelo DAEE - Departamento de Água e Energia Elétrica - incluia uma barragem de contenção das enchentes dentro do município de Cabreúva em região de APA (Área de Proteção Ambiental). Este projeto foi repudiado pela comunidade de Cabreúva e de entidades ambientalistas, inclusive com o apoio do Inevat, em vista dos danos ambientais inaceitáveis. Desde então nenhuma outra medida alternativa foi anunciada pelo Governo do Estado.
 

II - MANIFESTO DE REPÚDIO ÀS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DA CALHA DO RIO TIETÊ, SEM AS NECESSÁRIAS MEDIDAS PRÉVIAS DE PROTEÇÃO À REGIÃO RIBEIRINHA DO RIO TIETÊ.

 1 - O Inevat - Instituto de Estudos Vale do Tietê vem perante a comunidade paulista repudiar energicamente a decisão unilateral do Governo do Estado de São Paulo de iniciar as obras de ampliação da calha do rio Tietê em São Paulo negando, de forma antidemocrática, a oportunidade de diálogo com a população ribeirinha potencialmente prejudicada, numa extensão do rio da ordem de 300 km desde Santana de Parnaíba até Barra Bonita.

2 - Esta entidade não governamental entende que anteriormente ao início da 2ª. Etapa de obras de ampliação da calha do Tietê por cerca de 25 km (dobrando a vazão do Tietê) o Governo de São Paulo deverá honrar os compromissos assumidos na plenária do Consema: (a) implantação de obras para evitar prejuízos atuais e futuros à comunidade ribeirinha causados por enchentes a partir da cidade de São Paulo; (b) eliminar a exportação do débito ambiental da região metropolitana de São Paulo (microorganismos patogênicos, resíduos industriais perigosos, metais pesados como o chumbo e mercúrio, lixo flutuante, etc) mediante a desativação dos túneis de descarga de águas do fundo do reservatório de Pirapora.

3 - Pede transparência nas informações para melhor se avaliar as conseqüências sobre a saúde pública em razão da exportação de microorganismos anaeróbicos, resíduos químicos perigosos ao meio ambiente (águas eutrofizadas, ácidas, anaeróbicas, gás sulfídrico) e sobre as enchentes (excesso de descarga de vazões em relação a vazão do rio anteriormente à construção do "ralo" de fundo).

          4 - Por último, o Inevat lembra que é preciso se ter consciência de que "a água não é somente uma herança de nossos predecessores: ela é sobretudo um empréstimo aos nossos sucessores. A proteção da água, especialmente a potável, constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. A água não deve ser poluída ou desperdiçada pois pode se tornar escassa e de alto custo em qualquer região do mundo.
 

III - APELO AO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Com base no Histórico e Manifesto acima o Inevat lança um apelo ao Governo do Estado de São Paulo no sentido de que sejam adotadas as seguintes medidas:

1 - Paralisação das obras de ampliação da calha do rio Tietê até que as obras mitigatórias para evitar os efeitos de enchentes e de danos ambientais no rio Tietê sejam implantadas.

2 - Desativação do "ralo" da barragem de Pirapora até que se elaborem estudos técnicos e de impacto ambiental (EIA-RIMA) decorrentes do funcionamento dessa estrutura.

Diretoria do Inevat - Instituto de Estudos Vale do Tietê

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TERMELÉTRICA EM SOROCABA
QUEM ASSINA - DOCUMENTO DA GÁS NATURAL SPS,
REPASSADO AO DEPARTAMENTO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
DA SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
QUANDO/ONDE - FINAL NOVEMBRO 2001

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TERMELÉTRICA SOROCABA
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Dados constantes no anexo ao ofício Consema 288/2001, de 26/11/2001, subscrito por Germano Seara Filho, Secretário Executivo do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), que - em obediência à Resolução SMA 14/2001 - encaminhou cópia do documento a todos conselheiros deste Conselho.

Trata-se de uma Usina Termelétrica - UTE, com capacidade de 1000 MW, preconizada para ser instalada no município de Sorocaba. A tabela abaixo apresenta, de forma resumida, as características do empreendimento:

Capacidade da Usina 1000 MW
Tipo Central de ciclo combinado
Turbinas4 a gás e 4 a vapor
Caldeiras de recuperação4
Combustível de emergênciaGás oil
Pós combustadoNão está prevista
Exportação de vaporNão está prevista
Rendimento líquido57% a 58%
Sistema de combustãoDLL (não necessita água desmineralizada quando operando com gás natural, somente com gás oil)
RefrigeraçãoCircuito fechado
Consumo de água0,35 m3/s (1260 m3/hora)
Descarga de efluentes0,15 m3/s (540 m3/s)
Vazão total de efluentes350 a 400 m3/h ???
Consumo de gás natural175 Nm3/h com pressão superior a 3540
Emissões de NOX 50 mg Nm3/h com gás natural e 86 com gás oil
Emissões de CO19 mg Nm3/h com gás natural e 25 com gás oil
Emissões de partículas5 mg Nm3/h com gás natural e 15/20 com gás oil
VOC88 mg Nm3/h com gás natural
Previsão do tempo de uso de combustível de emergência3 a 5 dias
Tamanho do reservatório para combustivel de emergência14.000 m3
Outros insumos (ex.: amônia, óleo combustível, prods. químicos, etc1 a 10 m3

leia o release da AIPA, sobre este assunto

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ASSUNTO - MOÇÃO DE AGRAVO
QUEM ASSINA - Coletivo de Entidades Ambientalistas com Cadastro Junto ao CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo
QUANDO/ONDE - outubro 2001/ São Paulo

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MOÇÃO DE AGRAVO

Ao Governo do Estado de São Paulo, pela péssima condução da Secretaria Estadual do Meio Ambiente pelo político Ricardo Trípoli.

       O Coletivo de entidades ambientalistas do Estado de São Paulo, com cadastro junto ao Consema-Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, reunido nas datas de 3 de março e 8 de outubro de 2001 em reuniões ordinárias, na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, aprovou por unanimidade a seguinte moção ao Governo do Estado de São Paulo:

  • Considerando a falta de sensibilidade do secretário Ricardo Trípoli, presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente, no trato das questões fundamentais pautadas naquele Conselho - que deu origem à própria Secretaria Estadual de Meio Ambiente, fragilizando a instância de negociação política mais importante para a sociedade civil no setor ambiental do Estado de São Paulo;
  • Considerando a forma autoritária e antidemocrática que tem pautado a condução do CONSEMA pelo referido político, que vem manipulando as sessões do colegiado para aprovar de afogadilho propostas repudiadas pela sociedade, atropelando organizações sociais e os Comitês de Bacia, à exemplo do projeto de regularização fundiária das ocupações ilegais das áreas de mananciais, proposta de caráter clientelista que carece de consistência técnica (alteração do artigo 53 do Decreto 9.714 da Lei Estadual 1.172/76, que visa a proteção aos mananciais da RMSP).
  • Considerando na gestão do Sr. Ricardo Trípoli a omissão, o agravamento da inoperância e o desmantelamento dos sistemas de fiscalização estatais da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo; para a área metropolitana de São Paulo (Departamento do Uso do Solo Metropolitano), do DEPRN-Departamento de Proteção dos Recursos Naturais, caracterizando-se o abandono das unidades de conservação, de ações preventivas para conter desmatamentos, controlar a poluição e garantir a saúde pública;
  • Considerando ainda a transformação da Secretaria do Meio Ambiente em aparelho político do senhor Ricardo Trípoli, político profissional, com aparato personalista de staff, em detrimento dos profissionais qualificados e formados dentro do sistema, em prejuízo de melhores decisões, ações, planos e políticas públicas para a área de meio ambiente do Estado de São Paulo;
  • Considerando a ingerência do Senhor Ricardo Trípoli em esferas vitais para a defesa ambiental do Estado de São Paulo, à exemplo do afastamento do Comandante da Polícia Florestal e de Mananciais do Estado de São Paulo, Cel. Salvador Pettinato;
  • Considerando a ingerência do Senhor Ricardo Trípoli junto aos funcionários da Secretaria de Meio Ambiente, instaurando um clima de instabilidade, insegurança e intimidação, como ocorrido com o remanejamento de dirigentes do CRF-Conselho de Representantes dos Funcionários da CETESB, SINTAEMA-Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto do Estado de São Paulo e ASEC-Associação dos Engenheiros da CETESB.
  • Considerando a ingerência do Senhor Ricardo Trípoli junto ao Coletivo de Entidades Ambientalistas do Estado de São Paulo, não acatando as indicações dos nomes dos conselheiros ambientalistas para o CONSEMA para o ano de 2000, permitindo que a Secretaria do Meio Ambiente utilizasse meios e recursos públicos para obstacularizar o processo eleitoral interno e independente das organizações não governamentais paulistas;
  • Considerando que o referido uso de recursos públicos e da máquina governamental foi motivo de representação por improbidade administrativa ao Sr. Ricardo Trípoli pelo Conselheiro Dr. Dorival de Moraes, presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB/Embu, sem que nenhum procedimento administrativo fosse instaurado, instalando-se sobre a questão um profundo silêncio, sem nenhuma resposta até os dias de hoje;
  • Considerando que, durante o afastamento dos representantes ambientalistas no ano de 2000 pelo senhor Ricardo Trípoli, o mesmo convocou o CONSEMA para aprovar empreendimentos impactantes e degradadores, à exemplo da Planta Industrial de Negro de Fumo, em Paulínia;
  • Considerando a aprovação pelo Consema, presidido pelo Senhor Ricardo Trípoli, para instalar de forma absurda uma unidade penitenciária dentro do Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo, caso que se reveste de maior gravidade porque as condicionantes de compensação ambiental, decorridos mais de dois anos, ainda não foram implementadas;
  • Considerando a condução do CONSEMA pelo Sr. Ricardo Trípoli, no sentido de aprovar empreendimentos impactantes e potencialmente danosos à saúde pública, como apontado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, no caso da CCBS-Central de Cogeração da Baixada Santista, em Cubatão, em sessão do CONSEMA concluída a portas fechadas, sob protestos da bancada ambientalistas que se retirou, depois da tentativa de intimidação do perito do Ministério Público Élio Lopes, por elementos da SMA, em 29 de janeiro de 2001;
  • Considerando que o senhor Ricardo Trípoli tem anunciado e apoiado publicamente empreendimentos com significativo impacto ao meio ambiente, sem atender os apelos da bancada ambientalista para a apresentação de estudos de impacto ambiental, à exemplo do projeto de flotação do canal do rio Pinheiros, furtando-se ao debate público solicitado pelos representantes ambientalistas no CONSEMA;
  • Considerando manifestações irresponsáveis e inapropriadas ao cargo de Presidente do Consema pelo Sr. Ricardo Trípoli, ao manifestar apoio à Usina Carioba II, em Americana, posicionando-se pela imprensa de forma favorável à implementação da mesma, antes de qualquer avaliação técnica pelo Departamento de Avaliação Ambiental da SMA e antes de julgamento do mérito pelo Consema, fato que se reveste da maior gravidade, tendo provocado enorme comoção pública naquela região pois o empreendimento propunha drenagem de mais de 1000 m³ de água por hora de uma bacia hidrográfica com comprovada escassez de recursos hídricos para abastecimento da comunidade;
  • Considerando a ineficácia da SMA e da CETESB para a defesa da população e da saúde pública durante a gestão do Sr. Ricardo Trípoli, diante dos graves casos de contaminação existentes no Estado de São Paulo, muitos dos quais eram de conhecimento daquela instituição, que não tomou nenhuma providência para a imediata salvaguarda da saúde da comunidade, à exemplo do ocorrido no Recanto dos Pássaros, na cidade de Paulínia, e do Condomínio Barão de Mauá, na cidade de Mauá-SP;
  • Considerando que o CONSEMA-Conselho Estadual de Meio Ambiente transformou-se sob a direção do Sr. Ricardo Trípoli em mero cartório para referendar projetos que não se coadunam com o melhor interesse público, reduzindo-se à medíocre pratica do voto de cabresto pelo setor governamental, negando o compromisso com a coisa pública e com os princípios democráticos de gestão participativa para a área ambiental;
  • e, finalmente, considerando que esses fatos levaram à fragilização de uma importante e estratégica instituição pública, colocando em descrédito o sistema estadual do meio ambiente, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo - construída com o trabalho de inúmeros técnicos que, com seriedade e dedicação, doaram grande parte de suas vidas à valorização daquela instituição pública - fato que atinge também o Governo do Estado do Estado de São Paulo, que pelos fatos vem se caracterizando incompetente como gestor do meio ambiente;

       Dessa forma, o Coletivo de Entidades e outras instituições signatárias desse documento deixam de reconhecer o atual Secretário Estadual de Meio Ambiente, Sr. Ricardo Trípoli, como elemento de confiança para o preenchimento deste vital cargo público, considerando que a recorrente demonstração de falta de envolvimento com a causa ambiental identifica-o apenas como político profissional, a serviço da viabilização de projetos de interesse pessoal, desenvolvimentistas e econômicos, desrespeitando reiteradamente a defesa do meio ambiente.

       Portanto, estamos solicitando respeitosamente ao Senhor Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, a imediata substituição do secretário Ricardo Trípoli, para que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo possa retomar sua função precípua de defesa do meio ambiente.

Documento remetido ao Governador do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo Alckimin, com cópia para:

  • Secretário Estadual do Meio Ambiente
  • Comissão do Meio Ambiente da Ass. Legislativa do Estado de SP.
  • Ministério Público do Estado de São Paulo
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ASSUNTO - Manifesto em prol do Parque Nacional do Iguaçu
QUEM DIVULGA - Agência de Notícias- Rede Verde
QUANDO/ONDE - Foz do Iguaçu, setembro 2001

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ESTRADA DO COLONO FECHADA - PARQUE NACIONAL PROTEGIDO

POR QUE A ESTRADA DO COLONO DEVE PERMANECER FECHADA?
  1. Inicialmente, o parque foi criado com a finalidade de proteger a floresta que envolve as Cataratas do Iguaçu, uma das mais belas paisagens naturais do planeta. Todas as atividades humanas que poderiam ser nocivas ao ambiente natural foram proibidas na área para assegurar à floresta condições plenas de desenvolvimento natural.
  2. A proibição dessas atividades - agricultura, qualquer tipo de extrativismo, caça e pesca, entre outras - é possível porque os 185 mil hectares que formam o Parque Nacional do Iguaçu petencem ao governo federal. Portanto, são terras públicas que devem ser usadas apenas para as finalidades para as quais foram adquiridas ou mantidas em poder do Estado.
  3. Quando o parque foi criado, em 1939, as informações disponíveis sobre os danos causados pela circulação de pessoas no interior do parque ainda eram escassas. Por isso, a estrada foi erroneamente tolerada durante muitos anos.
  4. Com o desenvolvimento dos estudos científicos sobre conservação ambiental ficou comprovado que uma estrada causa danos diretos e progressivos à fauna e à flora, em qualquer ambiente natural, porque altera as condições originais. Por isso, quando se trata de área destinada a proteger esses ambientes, somente podem ser toleradas aquelas estradas necessárias aos serviços internos ou à visitação pública, nos espaços previamente definidos para isso. Estes novos conceitos passaram a ser utilizados para orientar os planos de manejo dos parques nacionais brasileiros.
  5. Em 1981, um grupo de cientistas elaborou um cuidadoso estudo sobre o Parque Nacional do Iguaçu e definiu como zona de visitação a área que dá acesso às Cataratas e seu entorno imediato. A área cortada pela estrada do colono foi definida como zona intangível, isto é, de proteção máxima. O estudo determinou o fechamento da estrada.
  6. O estudo apontava alguns dos danos causados diretamente pela estrada: corte e apanho de espécimes da flora silvestre; quebra ou outra danificação de espécimes da flora silvestre; perseguição, apanha ou caça de espécimes da fauna silvestre; atropelamento de espécimes da fauna silvestre. Para evitar esses dados, o estudo estabeleceu como norma que não seria permitido o uso público da estrada; a infra-estrutura deveria ser limitada a trilhas necessárias às atividades científicas, administrativas ou de proteção; fica proibido o uso de veículos auto-motores.
  7. Em 1986, a estrada foi fechada. Estudos realizados posteriormente mostraram a importância dessa área para livre circulação da fauna. Estudos ainda mais recentes mostram que, numa área natural, é necessário um mínimo de 2 Km para amortizar o efeito externo. Aplicando-se este princípio, pode-se observar que o impacto de uma estrada de cerca de 18 km no Parque Nacional do Iguaçu acarreta, na realidade, uma perda de área protegida na ordem de 72 km2 (7.200 ha) o que representa cerca de 4% da área do parque. Ou seja, não se trata apenas de uma estrada, e sim da perda de quase 5% do Parque Nacional do Iguaçu. Vale destacar que toda área de uso turístico, freqüentada por cerca de 1 milhão de pessoas por ano, equivale a, aproximadamente, 5% da área total do parque. Ou seja, a Estrada do Colono, que atendia apenas a um pequeno grupo de pessoas, acarretava o mesmo grau de impacto de toda área de visitação às cataratas.
  8. A estrada fragmentava o parque, provocando um efeito colateral gravíssimo porque praticamente isolava a parte oeste do parque, onde estão as Cataratas. Uma lei básica da conservação da natureza é de que uma Unidade de Conservação será tão mais eficiente para proteção da biodiversidade, quanto maior for seu tamanho. A fragmentação dos remanescentes provoca, inevitavelmente, a extinção de espécies. (Vale lembrar que a principal função de um parque nacional é a conservação dos recursos naturais que abriga).
  9. Além dos impactos diretos da estrada, existem outros: sonoro, deposição de lixo não degradável, modificação dos escoamento hídrico natural, dispersão de doenças típicas de animais domésticos, presença de grãos tratados com produtos químicos ou de agrotóxicos transportados em caminhões;
  10. Estudos realizados em 1999, para elaboração de um novo plano de manejo para o parque, comprovaram que as conseqüências da manutenção da estrada eram ainda mais severas do que se pensava. A compactação do solo modificou a circulação da água em largo trecho da floresta; a circulação de veículos movidos a gasolina afetou a flora e a fauna, provocando empobrecimento visível da paisagem na borda da estrada; algumas espécies da fauna e da flora foram particularmente afetadas.
  11. Por isso, o plano recomendou o imediato fechamento da estrada e a execução de um projeto de recuperação baseado nos seguintes itens:
    • remoção do cascalho que reveste o leito da estrada
    • realização da escarificação/ subsolagem/ descompactação do leito da estrada.
    • colocação de solo e fonte de matéria orgânica, que deverá estar livre de sementes de plantas exóticas, por isso, sugere-se utilizar torta de mamona, torta de farelo de algodão ou outra equivalente
    • preparação do solo para receber as mudas e/ou sementes
    • plantio com espécies nativas, devendo as mudas das árvores de estágio sucessional mais avançado ser de aproximadamente 1 metro.
    • remoção de manilhões e pontes do leito da estrada, durante os trabalhos de
    • recomposição do leito.
    • recuperação da margem direita do rio Iguaçu, onde a balsa atracava, com a mesma vegetação que ocorre naturalmente nas suas proximidades.
    • a remoção dos sanitários, caixa d'água, calçamento e demais instalações construídos no interior do Parque, na margem direita do rio Iguaçu, à direita da estrada do colono, no sentido Serranópolis/Capanema.

O PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

  • Os parques nacionais são áreas públicas destinadas à conservação da biodiversidade. São áreas rigorosamente protegidas, que pertencem a todos os brasileiros. Guardam a memória das florestas que estão desaparecendo e, por isso, têm enorme importância como banco genético de milhões de espécies. São fundamentais para abrigar a fauna ameaçada de extinção exatamente pela destruição de seus habitats. Guardam a memória de outros tempos da vida sobre a Terra e, por isso, são a melhor herança que se pode deixar para as gerações futuras.

  • Parque Nacional do Iguaçu é um dos mais antigos do Brasil. E o maior parque fora da região amazônica e sua importância ultrapassa os limites nacionais, porque forma, ao lado do Parque Nacional de Iguazu, na Argentina, a maior reserva nativa da floresta estacional semidecidual da bacia do Prata, que já cobriu grandes extensões do sul do Brasil, Argentina, Paraguai e foi quase completamente destruída. Por isso, é considerado Patrimônio Natural da Humanidade. Quanto maior o parque, maiores são as possibilidades de assegurar a sobrevivência de todas as variedades de espécies dos ambientes originais. A fragmentação das áreas naturais provoca o inevitável empobrecimento da biodiversidade.
  • Brasil tem atualmente 40 parques nacionais. Embora existam alguns grandes parques na região amazônica, o país é um dos mais pobres em áreas protegidas. Na Mata Atlântica, que está reduzida a 7% de sua área original, o número de parques é insignificante e quase todos são de pequeno porte.
  • No Paraná, o Parque Nacional do Iguaçu tem enorme importância porque o tipo de floresta que protege praticamente desapareceu. É a mesma floresta que cobria praticamente metade do estado, nas regiões norte e oeste e que já não existe mais.
  • A presença da floresta traz grandes benefícios para a população humana e para as atividades produtivas na região onde se encontra: a floresta retém a água da chuva e garante uma distribuição uniforme da água para os rios, mesmo em tempo de seca; garante maior equilíbrio ao clima; abriga insetos que fazem a polinização e os pássaros que disseminam sementes.
  • Por fim, vale lembrar um pensamento de Edward Wilson, um dos mais respeitados cientistas modernos: Se nada mudar no tratamento dado à natureza pela civilização moderna, grande parte da imensa variedade de seres vivos que compõe a paisagem natural da Terra irá desaparecer nos próximos 25 anos. A grande floresta tropical que envolve o planeta será apenas um pobre simulacro da exuberância nativa. Teremos, então, perdido não apenas a riqueza da diversidade, mas a oportunidade de conhecer, mais a fundo, os ambientes primitivos onde a própria natureza humana surgiu e se desenvolveu. Será uma perda irreparável.

ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A VERDADEIRA IMPORTÂNCIA DA ESTRADA DO COLONO PARA A ECONOMIA REGIONAL

Um dos argumentos mais utilizados para justificar a manutenção da estrada é de que seu fechamento provocou prejuízos calculados em R$5,6 bilhões para os municípios da região Sudoeste. Uma análise mais cuidadosa dos dados usados para chegar a essa cifra mostra que a metodologia utilizada desconsiderou alguns aspectos fundamentais em análise econômica e propiciou uma grande distorção de valores. A seguir, um resumo do estudo que analisou estas distorções.

a) Conjuntura estadual

  • O estado do Paraná apresenta um quadro de forte concentração de valor adicionado. Apenas 14 municípios do estado têm participação superior a 1% no total do valor adicionado do estado, somando 60,25% desse valor. A maioria deles integra a mesorregião metropolitana e não tem a atividade primária como principal.
  • No período 75/96, a maioria das regiões do Paraná apresentou desempenho decrescente no valor adicionado total: a participação no valor adicionado total, no Noroeste Paranaense, decresceu relativamente de 11,21 % para 3,80%; no Centro-ocidental Paranaense, de 4.9% para 2,7%; no Norte Central Paranaense, de 25,71% para 14,74%; na Norte Pioneiro Paranaense, de 7.2% para 3,4%; na Centro Oriental, de 7,5% para 6,8% e na Sudoeste Paranaense, de 3,9% para 3,5%. Nesse contexto, é importante notar que a posição relativa do valor adicionado da agricultura registra perdas progressivas.
  • O valor adicionado cresceu em termos relativos nas áreas mais próximas à Curitiba e, notadamente, na Região Metropolitana de Curitiba, que passou de uma participação de 19,94% para 42,33%, definindo um quadro de concentração.
  • Nos demais municípios, o comportamento da agricultura influi decisivamente nas condições econômicas, como se pode verificar numa rápida cronologia da década de 80:
    • - 1980: a recessão não atingiu de forma intensa o Paraná pelo bom comportamento da agropecuária;
    • - 1984: recuperação da economia não se refletiu no Paraná, pelo comportamento negativo da produção agropecuária;
    • - 1986: apesar dos reflexos positivos do Plano de Estabilização, a economia do Paraná se manteve estagnada face à quebra da produção agropecuária associada à estiagem de fins de 1985 e início de 1986;
    • - 1987: a retração teve menor intensidade devido ao excelente desempenho da agropecuária;.
    • - 1988, o PIB do Paraná decresceu e o setor agropecuário teve queda de 9,7%;
    • - 1989, a economia cresceu 4,4% em função do bom desempenho da cultura do café e do setor industrial e comercial a ela vinculada.

b) A região

  • Mesmo diante desse quadro, o Sudoeste participava em 1975 com 3,9% e praticamente manteve-se nesse patamar, chegando em 1996, com 3,5%. Do ponto de vista da dinâmica populacional, a região apresentou um dos menores crescimentos do estado. Mais de 75% de seus municípios vêm registrando perdas populacionais nos últimos anos, num quadro de evasão que tende a se intensificar. A taxa de crescimento da população rural é de -2,94% para a região e todos os municípios da região apresentam crescimento da população rural a taxas menores que zero. Alguns municípios já começam a apresentar leve decréscimo de crescimento da população urbana entre 1991 e 1996. Os centros Pato Branco e Francisco Beltrão, com crescimento urbano de 2,86%a.a e 2,64%a.a, respectivamente, são os únicos da região com crescimento da população total superior ao da média paranaense, desde 1970.
  • A região tem um perfil econômico especializado numa produção agropecuária de numerosos pequenos e médios produtores diversificados e com utilização intensiva de mão-de-obra familiar. Produz com grande desvantagem comparativamente a outras regiões do estado, já que seu relevo é mais acidentado e seu clima mais frio.
  • Em quase todos os municípios do Sudoeste (e na maioria dos municípios predominantemente agrícolas do PR) a população total vem caindo desde os anos 70. Pode-se supor que o número de trabalhadores ativos diminui correspondentemente. Portanto, se o valor adicionado per capita tivesse permanecido constante nos municípios analisados, o valor adicionado total por município deveria cair, devido simplesmente à diminuição do número dos trabalhadores. Os cálculos do estudo sobre as supostas "perdas" deveriam ser baseados no valor adicionado per capita e não no valor adicionado total.

c) Conclusões

  1. Levando em conta a inflação dos últimas décadas. nos casos em que e indispensável calcular perdas e ganhos e valores absolutos, torna-se necessário construir um deflator específico que considere, inclusive, a variação dos preços relativos dos produtos que, no caso dos agrícolas, são marcantes. Portanto, valores monetários absolutos, como os R$ 5,6 bilhões de prejuízo aos municípios no período de fechamento da Estrada do Colono, apontado pelo estudo em questão, devem ser interpretados como instrumentos de pressão política e não podem ser tomadas como verdadeiros.
  2. Para construir esta fantástica cifra, o estudo considerou que o fechamento da estrada afetava de modo generalizado as regiões Oeste e Sudoeste, mas desagregou os municípios, agrupando-os em 10 diferentes categorias. Com isso, afastou os municípios que tiveram resultados positivos ao longo do período e isolou apenas aqueles que apresentavam maiores resultados negativos ao longo dos anos em que a Estrada do Colono esteve fechada. Para calcular os prejuízos, porém, reagrupou-os novamente e utilizou uma taxa social de desconto de 10% ao ano. Isto significa que aos hipotéticos prejuízos anuais, estabelecidos com base na diferença entre valor projetado e realizado, foram acrescentados 10% ao ano, ao longo de 10 anos, chegando, assim, a R$5,6 bilhões.
  3. Do mesmo modo, embora o estudo aponte apenas quatro pequenos municípios como diretamente afetados pela estrada, considera a população de todos os municípios das regiões Oeste e Sudoeste afetadas pela estrada, muito embora a maioria absoluta dela não dependa em nada do trecho em questão. Mais uma vez, trata-se de argumento tendencioso e, desta vez, com caráter visivelmente eleitoreiro.
  4. A queda da importância da agricultura no Valor Adicionado verifica-se em todos os municípios e no total do Paraná porque os outros setores da economia (comércio, indústria e serviços) vem ganhando peso relativo na estrutura econômica do estado. ou seja, crescem mais que a agricultura, que passa a ter menos peso relativo. Essa situação não foi considerada pelo estudo.
  5. Os efeitos das oscilações da agricultura nas demais atividades da região Sudoeste não foram levados em conta. Como a agricultura está sujeita a oscilações freqüentes, em virtude de variações climáticas, alterações na demanda, preços etc. - esses municípios costumam apresentar grandes diferenças anuais de valor adicionado.
  6. Por suas características econômicas, a região Sudoeste é, atualmente, uma região em processo de esvaziamento e isso não foi tomada em conta para nenhum dos cálculos realizados.
  7. Para avaliar os reais prejuízos causados pelo fechamento da Estrada do Colono seria necessário responder, primeiramente, a algumas questões básicas, para definir que parte da variação do Valor Adicionado dos municípios em questão poderia ser atribuída ao fato. Tais questões podem ser assim resumidas:
    • Quais eram as condições técnicas de tráfego da Estrada do Colono - era pavimentada ou não, havia acidentes geográficos de difícil transposição etc.?
    • Qual era a intensidade do tráfego de veículos?
    • Que tipos de veículos trafegavam pela Estrada do Colono?
    • Quais eram os setores econômicos, de quais municípios, que dependiam do transporte pela Estrada do Colono?
    • - Qual era a proporção da produção destes setores que era transportada pela Estrada do Colono?
    • Qual era a importância do transporte de passageiros?
  8. A falta de qualquer indicação sobre estes e outros aspectos eventualmente importantes constitui também uma omissão grave, pois deixa sem fundamento comprovado a importância única que o estudo atribui ao fechamento da Estrada na redução do valor adicionado para alguns municípios da região, após 1986.
  9. Segundo dados da Polícia Florestal do Paraná, o trânsito de veículos na Estrada do Colono, no período de 8 a 18 de julho de 1986 foi de 767 veículos (média diária de 76,7 ao dia), com as seguintes características: 190 ônibus, 80 caminhões, 437 automóveis, 50 caminhonetes e 10 veículos de outros tipos. Considerando-se as características da economia regional, o transporte da produção agrícola em caminhões teria o maior peso e o número, ainda assim é insignificante: 8 caminhões por dia.
  10. estudo não poderia deixar de avaliar a importância relativa da rodovia na economia do município. Capanema possui ligações rodoviárias com outros municípios, entre eles Francisco Beltrão e outros, e até mesmo com a Argentina, via Santo Antônio do Sudoeste. Portanto, a variação do Valor Adicionado de Capanema, e dos demais municípios, também sofre outras influências, além do funcionamento da Estrada do Colono.

Agência de Notícias- Rede Verde

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ASSUNTO - Desmatamento na Serra do Japi - participe do protesto
QUEM ASSINA - Nathalia Paccola, para o Jornal de Jundiai
QUANDO/ONDE - Jundiaí, setembro de 2001

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Protesto quer suspender cortes no Japi

Corte raso de pinus irá retirar 10% da mata da Serra do Japi,
Prefeitura pede vistoria e entidades recorrem a mobilização

Nathalia Paccola (transcrito do Jornal de Jundiai)

       Entidades ambientalistas farão protesto para embargar a derrubada de 10% de mata da Serra do Japi. O protesto será realizado no próximo sábado (15/9/2001), com concentração no Recanto Santa Clara, as 9 horas.

       Através de uma marcha até a fazenda Caaguaçu, onde está sendo feita a derrubada de 870 hectares de mata pinus pela Fator Empreendimentos Imobiliários S/A, a mobilização pretende parar com o corte das árvores e demonstrar a indignação frente ao desflorestamento.

       Segundo o diretor da (Coati), do Centro Orientação Ambiental Terra Integrada (Coati) Flávio Gramolelli Junior, o protesto irá pedir a declaração da área comprometida como de utilidade pública, além da sua desapropriação para que o local seja transformado em um parque.

       "Esse é um bem natural de importância para a população e não simplesmente para atender a interesses econômicos de pouca economia", ressalta.

       O Coati está convocando todos os interessados na preservação da Serra do Japi para comparecerem na mobilização. No local será distribuído abaixo assinado.

Derrubada

       O secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Francisco José Carbonari, afirma que há um mês, quando o desflorestamento teve início, a Prefeitura de Jundiaí solicitou uma vistoria para mapear os cortes e saber quais as medidas que poderiam ser tomadas.

       Carbonari diz que esteve em reunião com o chefe da equipe técnica do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais, para conhecer os recursos cabíveis para embargar o corte raso de pinus. "A questão é mais judicial do que técnica, já que a empresa possui autorização para o trabalho", relata.

       Ele conta que está requerendo uma medida para proteger a Serra do japi de possíveis danos ao meio ambiente. "Quando corta-se o pinus, mata-se a mata nativa que já estava nascendo ali", enfatiza.

       Para o diretor da secretaria municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Sinésio Scarabello Filho, a autorização do Tribunal de Justiça de São Paulo refere-se apenas ao reflorestamento e não aos possíveis impactos ambientais.

       Scarabello Filho afirma que será documentada a vistoria e a partir de então serão tomadas ações legais.

       Segundo o professor doutor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Marcos Sorrentino, a denominação corte raso significa que toda cobertura vegetal será retirada.

       Ele afirma que é preciso saber as limitações do desflorestamento pois a Serra do Japi é um patrimônio da humanidade. "Deveria haver um plano de substituição dos pinus por mata nativa", avalia.

 

Serra do Japi volta a ser desflorestada

Nathalia Paccola (transcrito do Jornal de Jundiai)

       Após cinco anos de investidas em projetos de comércio de pinus, a Fator Empreendimentos Imobiliários S/A, proprietária da fazenda Caaguaçu, está cortando 800 hectares de mata da Serra do Japi.

       Em 1972 a área de mata nativa foi devastada para servir a plantação de pinus. Já com as árvores crescidas, o verde volta à Serra. Este ano novo desflorestamento irá retroceder 29 anos no desenvolvimento de mata na Serra do Japi .

       A história tem início nos anos 70, quando estimulada por benefícios fiscais para reflorestamento com espécies exóticas (árvores que não são brasileiras), a Vigorelli, antiga proprietária da Fazenda Caaguaçu, desmatou uma grande região de mata nativa e no seu lugar foi plantado o Pinus, que depois seria cortado para a fabricação de celulose.

       Com a falência da empresa, os 1,2 milhão de árvores cresceram. Somente no final dos anos 70, vítima da falência, a Vigorelli foi a leilão e a Fator Empreendimentos Imobiliários adquiriu a área, com 512 alqueires. O objetivo da nova empresa era transformar a área em um mega empreendimento imobiliário.

       Mas, em 1983, com as diretrizes do Tombamento da Serra do Japi, a Fator não pôde viabilizar o projeto. A empresa, então, passou a arrendar esta fazenda para outra empresa que explorou a resina de pinus do local.

       A Fator conseguiu uma autorização do Ibama para cortar os pinos existentes na fazenda, cerca de 1,7 milhões de árvores, representa cerca de 10% da área da Serra, em Jundiaí.

       Em 1996 a empresa começou a retirar os Pinus, executando corte raso. Na época, o proprietário da fazenda, ex-secretário de transportes do governo Quércia e ex-deputado federal, Walter Bernardes Nory, afirmou para a reportagem do Jornal de Jundiaí Regional, que iria substituir o Pinus por mata nativa.

       O corte foi embargado pela prefeitura de Jundiaí após ação dos ambientalistas, que questionavam a autorização do Ibama.

       Em 1997, o então promotor do meio ambiente, Luís Roberto Proença ingressou com duas novas ações civis públicas questionando o corte de árvores da Serra do Japi.

       Este ano o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu um parecer final favorável ao corte de 10% da mata da Serra do Japi em Jundiaí.

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ASSUNTO - Repúdio em Campinas
QUEM ASSINA - Marcia Corrêa - Membro do Conselho da
PROESP - Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies
QUANDO/ONDE - Campinas, 25 de agosto de 2000

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REPÚDIO

       "Expressamos o nosso repúdio ao evento promovido pelo grupo holístico Santuário da Luz, que colocou um marco na Reserva Municipal da Mata de Santa Genebra, em Campinas, em 25 de agosto, desrespeitando a deliberação do Conselho da Fundação José Pedro de Oliveira, que determinou que o referido obelisco fosse colocado na praça junto à mata, do lado de fora da Reserva

       Para acomodar o marco, foi pintada a cerca do borboletário - que está em construção - e arrancadas mudas de palmeiras que estavam regenerando no local. O borboletário, financiado pela Petrobrás, é supervisionado pelo Professor e naturalista Keith Brown, da Unicamp (Universidade de Campinas), que não mede esforços para que este projeto permita a recuperação das espécies de borboletas já desaparecidas em nossa região.

      O Dr. Luiz Matthes, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), também tem colaborado na introdução de espécies botânicas no local. Estes especialistas sequer foram consultados, e inclusive uma das diretrizes era a não pintura das cercas, pois as borboletas são suscetíveis aos produtos químicos contidos nas tintas e a cor branca os afugenta. Como a Mata da Santa Genebra é um patrimônio público tombado pelo Condepacc e toda intervenção num raio de 300 metros deve ser submetida à análise do órgão, o que foi ignorado pelo Presidente da Fundação Jose´Pedro de Oliveira.

      Este ato unilateral do atual presidente da Fundação, autorizando e estimulando a realização do evento ao lado do Borboletário e desrespeitando a deliberação do Conselho da Fundação - no qual a Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies (PROESP) tem assento - constitui grave ofensa aos estatutos da Fundação José Pedro de Oliveira, que é a instância soberana de decisão e onde participam, doando seu tempo, seu conhecimento e seus esforços técnicos renomados de instituições de pesquisa e ensino de Campinas, como o IAC, Unicamp e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Pucamp), além de nós, os ambientalistas

      Este ato de autoritarismo e desprezo para com a orientação técnica de conselheiros da Fundação José Pedro de Oliveira e da posição do seu Conselho, lavrada na ata da última reunião, configura um precedente lamentável, que deve ser punido de acordo com a lei e repudiado pelos cidadão campineiros."

Marcia Corrêa - Membro do Conselho
PROESP - Sociedade Protetora da Diversidade das Espécies - Campinas

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ASSUNTO - HOMENAGEM A MIGUEL ABELLÁ
QUEM ASSINA - Randáu Marques
QUANDO/ONDE - SÃO PAULO, FINAL DE JUNHO 2000

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MIGUEL ABELLÁ - IN MEMORIAM

" Morreu em 21 de junho em São Paulo o pacifista Emílio Miguel Abellá, um artista plástico espanhol, nascido há 81 anos numa Espanha que questionou em plena Guerra Civil, sobraçando poemas de Lorca e reflexões de Ortega, depois de desertar do exército e trocar o fuzil pelo pincel.

Tinha então 18 anos, certa simpatia pela esquerda antifascista daqueles anos 30 e profundo horror ao genocídio, racismo, tortura e toda outra forma de intolerância e violência. Entre estas formas, elegeu a indiferença e a apatia como inimigas e moveu-lhes combate diuturno, seja através de quadros retratando as vítimas de Mussolini, Franco e Hitler ou de uma militância artístico-ambientalista pautada por táticas contra o alheamento, omissão ou alienação. Primeiro em sua pequena Barbará, Província de Tarragona, depois em Barcelona, aonde começou a fundar núcleo e jornal humanistas em 1941 com o apoio de Bertrand Russel, Albert Camus e outros articulista de seu "Llum" (luz em catalão).

Depois de muito esforço em pleno franquismo, mudou-se para Buenos Aires, a partir de 1950, ali perfilando-se ao lado de Ernesto Sabato na eterna Resistência humanista. E desde 1964, em São Paulo, de início obtendo efeitos tridimensionais do poliéster para depois fazer a denúncia de um mundo avassalado pelo plástico e pelo inatural, sempre ao lado de ativistas como Aziz Ab'Saber, Piero Luoni, Raul Ximenes Galvão e outros poucos.

De porte pequeno e atarracado, crescia ao reivindicar um mundo de humanidade, tolerância e paz, os habituais sotaque catalão e o ar de aldeão curioso cediam lugar à indignação e inconformismo e aos seus braços abertos contra o firmamento, numa postura gestual de questionamento crítico.

Guardo na memória esta postura, bem como a fantasia de Pierrô angelical com que enfrentou o regime militar brasileiro, ao sair à frente da primeira passeata pós Ditadura de 64, que em 1975 paralisou o centro paulistano em protesto contra o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Tínhamos passado a madrugada na preparação do ato e Abellá ficou encarregado de congregar os artistas solidários à manifestação. Trouxe consigo 50 colegas vestidos de palhaços, carlitos e pierrôs que desarmaram os oponentes com sua singeleza e cambalhotas, puxando pelas mãos as senhoras do Movimento de Arregimentação Feminina (MAF) que participaram da passeata e nos livraram do Dói-Codi e do DEOPS, dos torturadores oficiais da repressão ditatorial.

Antes disso, em 1973, vestido com uma máscara de oxigênio e de saiote e ostentando placa contendo reportagens sobre a poluição do ar em São Paulo (e um manifesto: "Humanidade. Exerço a liberdade de protesto pela Carta das Nações Unidas pelos Direitos do Homem e pela Constituição Brasileira. Não resisto suportar esse mundo de ratos no seu esgoto, sem esse gesto de dignidade contra a abjeção submissa de uma sociedade fatalista, condenada e sem futuro. Onde está o homem, Diógenes?"), já havia lançado as campanhas performáticas contra a devastação ambiental que reeditou contra os contratos de risco para a exploração madeireira da Amazônia dos anos 70; contra a poluição de Cubatão e do Tietê-Billings; contra o fim de Sete Quedas e, todos os anos, durante a recordação de Hiroshima-Nagasaki e a celebração de seu grande inspirador, São Francisco e seu amor aos animais.

Nas reuniões mais candentes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nos abraços às áreas verdes urbanas remanescentes, no cerco às chaminés poluidoras da Metalúrgica Alliperti, nos shows ambientais da Fundação Pantanal Alerta Brasil e na distribuição dos então perigosos dossiês da OIKOS, Abellá era o elo de ligação com a comunidade artística, fundador do Movimento Arte e Pensamento Ecológico - que reunia a obra de artistas como Aldemir Martins, Rebolo, Penachi, Tozzi e tantos outros simpatizantes de uma cruzada ambientalista que teve como ponto de partida a criação da Comissão de Defesa do Patrimônio da Comunidade, ONG pioneira nascida para defender a Mata Atlântica que guarnece o manancial de Caucaia do Alto, ex-aeroporto metropolitano da Grande São Paulo.

Quando faltou à manifestação contra a mutilação do Código Florestal, no Parque Ibirapuera, no início de junho, havia sofrido um derrame em seu apartamento de quarto e cozinha, permanecido quase três dias ali trancado e caído no chão, até ser resgatado pelo amigo Roberto Tripoli, vereador que lhe conseguiu o título de cidadão paulistano e que ajudava a sua Liga pela Ecologia Humana a lutar pela implementação do Museu Mundial da Ecologia Pela Unidade Planetária ("a noosfera como agente ativo e a biosfera como agente passivo"; "sem ecologia humana, nem a ecologia biológica subsistirá").

Subversivos? Não, éramos mero refugiados ambientais que tínhamos a obrigação de transformar em cidades bonitas e aprazíveis os cinzentos e poluídos acampamentos urbanos, despertando seus habitantes do estado de prostração indiferente ou dessa espécie de autismo de que padece nossa cidadania, mais por falta de estímulos do que por predestinação ao egocentrismo, à fealdade e à solidão suicidas.

Para acordar o povo, nos últimos tempos, Abellá distribuía a todos uma simples folha verde de plástico, juntamente com um sorriso e a provocação - "guarde bem esta recordação do que estamos perdendo para sempre", que temperava com conceitos de Gandhi, Sartre, Kerouac, Ortega e estrofes do velho poema ("vierde que te quiero vierde") sempre a municiá-lo nessa batalha pessoal de que jamais desertou, contra a globalizada guerra civil em curso e em defesa de uma Cidadania planetária menos omissa e mais amiga da vida. "Etarra" da paz ou combatente do bem, já está fazendo falta aqui na trincheira, nesta noite interminável que por certo antecede nossa nova performance.

Com o carinho de sempre,"

Randáu Marques
jornalista

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ASSUNTO - CÓDIGO FLORESTAL
QUEM ASSINA - AUTORIDADES E AMBIENTALISTAS veja ao final
QUANDO/ONDE - SP, 22/05/2000

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MANIFESTO EM DEFESA DA ORDEM DEMOCRÁTICA, DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E DO MEIO AMBIENTE PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES

" Vivemos hoje um período de crise institucional. A hipertrófica atividade legiferante do Poder Executivo, através de Medidas Provisórias, merece rejeição de todos os que estão comprometidos com a construção da democracia no Brasil.

Ainda que, circunstancialmente, uma Medida Provisória possa ser benéfica à proteção do meio ambiente, a configuração de sua inconstitucionalidade merece, por coerência, repúdio por parte dos juristas, da comunidade científica e do movimento ambientalista.

Através de Medidas Provisórias inicialmente editadas com a louvável finalidade de promover uma mais efetiva proteção do meio ambiente da Amazônia, o Poder Executivo Federal cedeu as pressões do setor produtivo rural para introduzir profundas alterações no Código Florestal de 1965, francamente nocivas à proteção ambiental, tais como a possibilidade de compensação dos percentuais da Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, e redução da Reserva Legal no cerrado amazônico, que passou de 50 a 20% da propriedade.

A partir do momento em que essas Medidas Provisórias sofreram transmutação em seu conteúdo original e abandonaram os pressupostos que as alicerçavam juridicamente, caracterizou-se sua inconstitucionalidade, que não pode ser purificada pelo Congresso Nacional, nem tolerada em um regime democrático que se queira democrático.

Graças à intensa mobilização da sociedade civil nos quatro últimos meses, encontram-se, neste momento, temporariamente afastados os gravíssimos riscos que adviriam da possibilidade de ser submetido à votação o Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória n. 1956, de autoria do Deputado Moacyr Micheletto, ruralista do PMDB do Paraná.

Cabe-nos, então, refletir acerca dos fatos ultimamente ocorridos e assumir uma atitude corajosa em defesa da Ordem Democrática, do Patrimônio Público e do Meio Ambiente em nosso País.

Iniciada em dezembro de 1999 e consolidada após a aprovação do Projeto Micheletto pela Comissão Mista do congresso Nacional, no último dia 10 de maio, reação esta que contou com o valiosíssimo respaldo e firme liderança de S. Exa., o Sr. Ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho, a mobilização da sociedade civil prossegue nesse momento em que nós, Procuradores do Estado, membros do Ministério Público e da Magistratura, Professores Universitários, Estudantes, militantes do Movimento Ambientalista, unidos na defesa da ordem democrática, da proteção do patrimônio público e do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, afirmamos:

  1. Em defesa intransigente da ordem democrática, impõe-se a não reedição da Medida Provisória n. 1956 pois, desviados os requisitos de sua urgência e relevância, com a inclusão em seu texto de dispositivos que enfraquecem e mutilam o Código Florestal, resta evidenciada a sua manifesta inconstitucionalidade;

  2. É inconstitucional a utilização de Projeto de Lei de Conversão de Medida Provisória para tratar de temas que extrapolem os limites do próprio texto da medida provisória a ser convertida, à semelhança do que ocorria com o antigo Decreto-Lei;

  3. Não obstante se reconheça inequívocas qualidades e avanços ao Projeto do CONAMA, em especial quando confrontados com o Projeto Micheletto, sofre ele, contudo, de imperfeições, pontuais mas graves, até compreensíveis diante das circunstâncias excepcionais em que foi redigido, sob a ameaça permanente do catastrófico Projeto Micheletto, patrocinado pela bancada ruralista;

  4. Louvável trabalho desenvolvido pelo CONAMA, em suas sucessivas e democráticas consultas públicas, em especial a audiência pública realizada no CONSEMA, em São Paulo, merece aproveitamento em seus aspectos mais relevantes, sob a forma de Decreto Federal regulamentador do Código Florestal, ao estilo do Decreto n. 750 ( Decreto da Mata Atlântica) ou de Resolução do próprio CONAMA, sob o amparo do Código Florestal, em especial seu art. 15;

  5. Propõe-se, assim, em continuidade do processo democrático de debates avalizado pelo Exmo. Sr. Ministro José Sarney Filho, que sejam reabertas as propostas de aperfeiçoamento do Projeto do CONAMA, agora como texto destinado à edição de Decreto Federal ou Resolução, a fim de que suas imperfeições sejam sanadas (como, dentre outros aspectos, a inaplicabilidade do código Florestal à áreas declaradas como urbanas pelos municípios; a perda do caráter "mínimo" da Reserva Legal; a revogação do regime de Àrea de Preservação Permanente para as terras indígenas; o conceito inaplicável de áreas desmatadas e sub-utilizadas);

  6. Espera-se que o PMDB, com toda uma longa e rica tradição democrática a zelar, indique, para a Relatoria da Comissão Mista, nomes de parlamentares que efetivamente estejam comprometidos com o seu programa partidário, em especial no tocante à proteção intransigente do meio ambiente e do patrimônio público;

  7. Finalmente, em razão dos fatos políticos ocorridos nos últimos meses, que levaram a figura do Sr. Deputado Federal Moacyr Micheletto ao descrédito e incendiaram o relacionamento do Congresso Nacional com a sociedade civil, é impositivo que, na hipótese de desdobramento do processo legislativo já iniciado, seja o mesmo afastado da Relatoria da Comissão Mista."

São Paulo, 22 de maio de 2000.

Alguns dos signatários:

  • Ana Claudia Bento Graf – Coordenadora Regional do IBAP
  • Antonio Fernando Pinheiro Pedro – Diretor da Associação Brasileira de Advogados Ambientalistas
  • Antonio Herman V. Benjamin – Presidente do Instituto O Direito Por Um Planeta Verde e Professor da Universidade do Texas
  • Antonio Inagê de Assis de Oliveira – Presidente da Associação Brasileira de Advogados Ambientalistas
  • Arlindo Philippi Júnior – Professor Coordenador Científico do Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP
  • Carlos Bocuhy – representante ambientalista no Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA.
  • Ricardo Tripoli – Deputado Estadual e Secretario do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
  • Flavio Dino - Presidente da Associação dos Juizes Federais
  • Francisco Ubiracy Craveiro de Araujo - Coordenador Regional do IBAP e Vice- Presidente regional do Instituto O Direito Por Um Planeta Verde
  • Guilherme José Purvin de Figueiredo – Coordenador do IBAP e Presidente do Centro de Estudos sobre Meio Ambiente e Relações de Consumo – Projeto Marco
  • José Carlos Meloni Sicoli – Procurador de Justiça
  • Márcio Sotelo Fellipe – Procurador Geral do Estado de São Paulo
  • Nelson Lopes de Oliveira Junior – Presidente da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo – APESP
  • Paulo Afonso Leme Machado – Professor de Direito (convidado) da Faculdade de Direito da Universidade de Limoges e Presidente da Sociedade Brasileira de Direito do Meio Ambiente – SOBRADIMA
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