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EU TIVE UM SONHO

vamos comemorar, protegendo o meio ambiente?
(Comentário publicado no Urtiga 143 - març/abril 2001 - pág. 2)

Ajudem a salvar verde!!!! Ilustração - Dian Storch

Depoimento de Gabriel Bitencourt
vereador e ambientalista em Sorocaba

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"Fevereiro 2000: Nós tivemos um sonho! A Chácara Sônia Maria, em Sorocaba, seria um parque municipal.

Luto por isso desde 1995. Votei a favor de seu tombamento no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e no Conselho de Defesa do Meio Ambiente. Depois na investida do Carrefour e do prefeito para que os dois conselhos revissem sua posição, votei contra.

Na Câmara de Vereadores de Sorocaba, propus um projeto de lei que a preservasse. O projeto foi aprovado, vetado pelo prefeito e o veto acolhido pela maioria dos vereadores.

Promovemos um abraço na chácara e uma caminhada em sua volta, para chamar a atenção sobre aquele valioso espaço.

Fomos conversar com o Ministro do Meio Ambiente e a embaixada francesa.

Fizemos uma vigília quando a chácara foi comprada, para evitar sua destruição e, por último, ingressei com uma ação popular, na Justiça, para evitar que a empresa Walter Torre, que comprou a área, derrubasse tudo: após a compra, a única coisa que mantinha sua integridade era a liminar através desta ação popular,

Pois bem, o que aconteceu? A chácara, sem qualquer vínculo com o Estado, está em mãos de empresários que constroem para indústrias e hipermercados. A liminar foi derrubada, nada mais assegurando sua integridade.

A partir daí fomos procurados pelos proprietários para negociar a diminuição de impactos e compensações em troca da não-resistência. Na nossa análise, a não realização de um acordo nesta situação poderá levar a uma ação drástica dos empreendedores, ou seja, temos ainda poder de negociação. Veja o que está sendo discutido com os empreendedores.

  • Vegetação: diminuiu-se o número de cortes planejados, propondo-se compensação de plantio no local, elevando número de árvores das atuais 600, aproximadamente, para cerca de 1100.

  • Área do estacionamento: será feita de piso que permita a infiltração de água, evitando possíveis impactos relacionados à impermeabilização do solo.

  • Sistema viário: receberá uma adequação ao aumento da demanda.

  • Outros investimentos: Parte da área será de usufruto público, com pista de caminhada e outros equipamentos, o Parque Bráulio Guedes receberá investimento de R$ 500.000,00, planejando-se um centro cultural, com cinema de arte e teatro; investimentos em lazer e meio ambiente em dois bairros periféricos e mecanismos de compensação pelo impacto sócio-econômico.

Um grupo de cerca de 50 pessoas discutiu, na Câmara Municipal, as proposições acima e avaliou que só nos resta negociar para diminuir os impactos e aumentar as compensações.

Sinto que o sonho de um parque municipal, o nosso parque Ibirapuera escorreu pelas mãos, fruto da insensibilidade do prefeito e da maioria dos vereadores que compunham nossa Câmara Municipal na legislatura passada.

Mas continuo tendo um sonho: um dia teremos homens públicos mais sensíveis às causas sociais e ambientais e com menor vínculo ao grande empresariado e aos banqueiros.

No contexto atual, acho que, ante a negociação de terra arrasada que ocorria o prefeito e Carrefour e o que se tem agora, houve bonsa avanços....

Um mês depois...: Na última vez que escrevi sobre a Chácara Sônia Maria, me referi ao fato de ter sido procurado pelos empreendedores discutir medidas mitigadoras (minimizadoras de impacto) e compensatórias, e sobre como dar prosseguimento a estas discussões.

Entretanto, os empreendedores não mais nos procuraram. Pior, um belo dia, acordamos com a casa- sede da Chácara - sendo demolida. Ficou clara a quebra do processo, deste pacto, que seria sacramentado em audiência pública, com o acompanhamento do Ministério Público e do Executivo Municipal (que já procurei, em caráter oficial, através do Secretário de Desenvolvimento Econômico).

Quebrado o pacto e, tendo em trâmite na Câmara, um projeto de lei de minha autoria, que tem por objetivo proteger a Chácara Sônia Maria, requeri que ele viesse para a pauta. Ele é alvo de uma acalorada discussão.

Como você vê, quando se acredita que esta se chegando ao seu desenlace... tudo recomeça.

Nossa posição continua ­igual: procurar garantir o espaço da Chácara para usufruto público, ou pelo menos, através de um processo de negociação aberto e transparente em que na balança custo-benefício pese mais o prato benefício para a sociedade.

Gabriel Bitencourt
Grupo Ecológico Morro de Ipanema e
Vereador em Sorocaba
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