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Depoimento
de Gabriel Bitencourt |
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"Fevereiro
2000: Nós tivemos um sonho! A Chácara Sônia
Maria, em Sorocaba, seria um parque municipal.
Luto por isso desde 1995. Votei a favor de seu tombamento no Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico e no Conselho de Defesa
do Meio Ambiente. Depois na investida do Carrefour e do prefeito para
que os dois conselhos revissem sua posição, votei contra.
Na Câmara de Vereadores de Sorocaba, propus um projeto de lei
que a preservasse. O projeto foi aprovado, vetado pelo prefeito e o
veto acolhido pela maioria dos vereadores.
Promovemos um abraço na chácara e uma caminhada em sua
volta, para chamar a atenção sobre aquele valioso espaço.
Fomos conversar com o Ministro do Meio Ambiente e a embaixada francesa.
Fizemos uma vigília quando a chácara foi comprada, para
evitar sua destruição e, por último, ingressei
com uma ação popular, na Justiça, para evitar que
a empresa Walter Torre, que comprou a área, derrubasse tudo:
após a compra, a única coisa que mantinha sua integridade
era a liminar através desta ação popular,
Pois bem, o que aconteceu? A chácara, sem qualquer vínculo
com o Estado, está em mãos de empresários que constroem
para indústrias e hipermercados. A liminar foi derrubada, nada
mais assegurando sua integridade.
A partir daí fomos procurados pelos proprietários para
negociar a diminuição de impactos e compensações
em troca da não-resistência. Na nossa análise, a
não realização de um acordo nesta situação
poderá levar a uma ação drástica dos empreendedores,
ou seja, temos ainda poder de negociação. Veja o que está
sendo discutido com os empreendedores.
Um grupo de cerca de 50 pessoas discutiu, na Câmara Municipal,
as proposições acima e avaliou que só nos resta
negociar para diminuir os impactos e aumentar as compensações.
Sinto que o sonho de um parque municipal, o nosso parque Ibirapuera
escorreu pelas mãos, fruto da insensibilidade do prefeito e da
maioria dos vereadores que compunham nossa Câmara Municipal na
legislatura passada.
Mas continuo tendo um sonho: um dia teremos homens públicos
mais sensíveis às causas sociais e ambientais e com menor
vínculo ao grande empresariado e aos banqueiros.
No contexto atual, acho que, ante a negociação de terra
arrasada que ocorria o prefeito e Carrefour e o que se tem agora, houve
bonsa avanços....
Um mês depois...: Na última vez que escrevi sobre
a Chácara Sônia Maria, me referi ao fato de ter sido procurado
pelos empreendedores discutir medidas mitigadoras (minimizadoras de
impacto) e compensatórias, e sobre como dar prosseguimento a
estas discussões.
Entretanto, os empreendedores não mais nos procuraram. Pior,
um belo dia, acordamos com a casa- sede da Chácara - sendo demolida.
Ficou clara a quebra do processo, deste pacto, que seria sacramentado
em audiência pública, com o acompanhamento do Ministério
Público e do Executivo Municipal (que já procurei, em
caráter oficial, através do Secretário de Desenvolvimento
Econômico).
Quebrado o pacto e, tendo em trâmite na Câmara, um projeto
de lei de minha autoria, que tem por objetivo proteger a Chácara
Sônia Maria, requeri que ele viesse para a pauta. Ele é
alvo de uma acalorada discussão.
Como você vê, quando se acredita que esta se chegando
ao seu desenlace... tudo recomeça.
Nossa posição continua igual: procurar garantir o espaço
da Chácara para usufruto público, ou pelo menos, através
de um processo de negociação aberto e transparente em
que na balança custo-benefício pese mais o prato benefício
para a sociedade.
Gabriel Bitencourt
Grupo Ecológico Morro de Ipanema e Vereador em Sorocaba clique aqui para contatar o autor
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