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Nos períodos mais secos do ano, multiplicam-se os incêndios florestais. Há incendiários, que ameaçam o meio ambiente!!! |
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Aos
78 anos, o ecologista Miraci Samuel, de Porto Alegre indignou-se ao ler
uma nota na seção Ecos, do Urtiga 139 (julho-agosto
2000). Era um dos períodos mais secos do ano. O texto alertava
para o fato de um cigarro mal apagado, ou fósforo aceso, atirado
pela janela de um veículo numa rodovia, poder causar enormes incêndios
florestais nesta época. E dava três dicas para evitar incêndios
acidentais:
"Já li todos os números do seu jornal", comentou Miraci, reclamando que - apesar dos alertas de ecologistas, bombeiros e jornalistas (como a nota no Urtiga) - "as queimadas estão sempre aumentando no Brasil". Para ele, "cigarros acesos jogados irresponsavelmente sobre a vegetação" constituem uma causa dos incêndios, "quando o tempo está completamente seco há vários dias". No entanto, suas observações como apagador de incêndios no Rio Grande do Sul e em viagens pelo país, mostraram-lhe que "nenhuma campanha para evitar o fogo nas matas terá êxito, se começar com essas afirmações, isto é, negando que a maior causa dos incêndios de beira de estradas está nas mãos mal intencionadas dos andarilhos". É o que ele chama de incêndios populares: "pela repetição, inclusive nos mesmos lugares, continuamente, inverno e verão, eles são em maior número e, no somatório, atingem áreas maiores do que todas as dos incêndios de fazendeiros e agricultores, no Brasil". TIPOS DE INCÊNDIO
Membro
de uma das mais antigas organizações ambientalistas do
Brasil, Associação Gaúcha de Proteção
ao Ambiente Natural (Agapan), Miraci conta que esta ONG divide queimadas
em três tipos:
O ecologista afirma que os dois primeiros tipos (queimadas agrícolas e pastoris) são condenáveis, mas constituem uma prática arraigada, admitindo discussão econômica, e sobretudo exigindo cuidados para não saírem do controle. "Os agricultores, embora erradamente, não o fazem por agressão, e o perigo maior é quando o fogo excede as áreas determinadas".
O pior está nas já mencionadas queimadas (ou incêndios)
populares:"incêndios constantes que os populares de todos os
tipos e classes praticam, ateando fogo nos campos, nos morros e até
em matos, nas redondezas das cidades, nas beiras de estradas, terrenos
baldios".
QUEM SÃO OS VILÕESMiraci relaciona três tipos de incendiários:
Segundo
ele, é fácil descobrir quando o incêndio é
apenas acidental: basta examinar as condições do tempo
comparando com disseminações e simultaneidade dos focos.
E critica as posições oficiais, que se concentram em
campanhas onde se gasta dinheiro, fazendo cartazes, mas são
se gera melhora alguma na questão dos incêndios. Conclusão
do ecologista: "Enquanto não reconhecermos que as queimadas
populares são caso de polícia e que seus prejuízos
são tremendos, o Brasil irá perdendo aos poucos sua
fauna de pequenos animais, como passarinhos, caracóis, insetos,
jabotis, outros pequenos répteis e até de animais grandes,
assim como as flores silvestres, os capins ornamentais, ervas medicinais,
etc. Também aumentará a poluição atmosférica
e a desertificação".
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