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O BRASIL PRECISA DE TERMOELÉTRICAS?

(Comentário publicado no Urtiga 145 - julho/agosto 2001 - pág. 2)

 


Depoimento de Flavio Gramolelli
Engenheiro químico e
diretor do Coati (Centro Orientação
Ambiental Terra Integrada)

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"Para o governo FHC, e para tantos outros, a resposta à pergunta acima, sobre termelétricas, é afirmativa.

Para os ambientalistas - e até mesmo para alguns técnicos do próprio governo - essa fonte de geração de energia é prejudicial para a população.

Em época de apagão, além das infinitas dicas de como economizar energia, as páginas dos noticiários têm apresentado uma discussão bastante interessante sobre o assunto. Afinal, nosso país já investiu uma grande soma de recursos financeiros para trazer o gás natural da Bolívia até aqui, a ser queimado nas turbinas das usinas termoelétricas. Quando o governo federal anunciou o programa, seriam 49 grandes usinas espalhadas por todo território nacional.

Mesmo com a Petrobrás anunciando que existe gás para fazer funcionar apenas 18 usinas termoelétricas, o governo continuou insistindo naquele número inicial, que somente foi alterado, recentemente. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já admite que serão instaladas 25 ou 30 usinas até 2003. Até mesmo o setor privado calcula que serão 19 as usinas construídas. E agora, em quem devemos acreditar? inicio desta página

 

MAIS PROBLEMAS: Na verdade, a questão é muito mais séria do que esta confusão (mais uma) criada pelo governo. As usinas termoelétricas são fábricas que utilizam combustível (gás, neste caso) para produzir eletricidade. Entre os problemas ambientais gerados pelas usinas, estão o excessivo consumo de água para refrigerar os equipamentos do sistema e a emissão de gases poluentes, como o óxido de nitrogênio, responsáveis pela formação da chuva ácida.

Várias usinas foram projetadas para serem instaladas em locais onde a quantidade de água já é insuficiente para abastecer a população. Um desses projetos é o da usina termoelétrica de Bom Jardim (UTE-BJE), prevista para Jundiaí. Segundo o projeto, esta usina utilizaria a água proveniente da estação de tratamento de esgoto da cidade e, se necessário, usaria água do rio Jundiaí.

Em 1999, o projeto da UTE-BJE foi apresentado em audiência pública, cujos participantes (mais de 400 pessoas) vaiaram os americanos, donos do projeto. Meses depois, os empresários anunciaram o adiamento do projeto e até hoje não se tem notícia desta usina.

Mais do que vaias, manifestantes de Americana saíram "no tapa" quando da apresentação do projeto da usina termoelétrica Carioba 2, que pretende utilizar água do rio Piracicaba para refrigerar os equipamentos da usina.

Ambos os projetos - das termoelétricas de Jundiaí e de Americana - têm em comum estarem situados em áreas extremamente críticas em termos de abastecimento de água. Segundo a Agência Nacional de Água (ANA), cada uma dessas usinas consumirá água suficiente para abastecer de 40 mil a 65 mil habitantes por mês.

O mesmo problema acontece no Estado do Rio de Janeiro, onde três térmicas estão previstas na bacia do rio Guandu, que abastece a capital carioca. inicio desta página

 

LUZ NO FIM DO TUNEL? - Se termoelétricas representam tantos problemas e se todos precisamos de energia, há luz no fim do túnel? A resposta é afirmativa, uma vez que existem formas alternativas - e não poluentes - de gerar energia em nosso país.

Um exemplo: recente pesquisa apontou que o Brasil tem potencial para gerar uma quantidade de energia eólica (a partir do vento) que chega a 120% da capacidade já instalada e produzida pelas hidroelétricas. Ou seja, nosso país conseguiria mais do que duplicar a quantidade de energia produzida somente usando a força dos ventos.

Mas por que o governo não incentiva a instalação de parques eólicos? Talvez porque esteja com medo de que São Pedro, que já cortou a chuva, corte também o vento..." inicio desta página

 

Flavio Gramolelli
Engenheiro químico e
diretor do Coati (Centro Orientação
Ambiental Terra Integrada)


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