O
ALERTA.....
"Tem-se
observado, de certo tempo a esta parte, quase que geral tendência
entre o povo brasileiro pela arborização das cidades.
Estes melhoramentos, sabemos todos, concorrem para a sociabilidade
entre as pessoas, podendo-se entender até a personalidade dos
indivíduos pela escolha que fazem das variadas espécies
de árvores que plantam.
Esse reencontro
do homem com a natureza que as plantas oferecem está ligado
à paz do homem que, com o avanço da civilização,
se vê perdido entre colossos de tijolos, ferro, aço e
pedras que lhes cobrem o horizonte...
Nas caminhadas
pela Itu, absorto em pensamentos, de repente, bem à nossa frente,
vimos uma explosão de cores: as árvores ejaculando flores
– flores que estavam escondidas dentro delas...
Já pensaram
que as flores são os pensamentos da Terra? A Terra pensa flores.
Dentro dela, as flores ficam guardadas, dormindo, mergulhadas na escuridão.
Mas, pela magia das árvores, os pensamentos da Terra oferecem-se
aos nossos... sob forma de flores.
Dentro da Terra
estão as flores do mundo, à espera de árvores...
A Terra sonha com árvores e plantas.
Temos vontade a
abraçar as árvores, aquelas árvores floridas,
de comer as suas flores, ao sentir os seus aromas... E ficamos deslumbrados
por ser a natureza tão maravilhosa, sagrada...
Mas sabemos que
muitas pessoas estão passando e irão passar por aquelas
árvores sem se assombrar... Para elas, aquelas árvores
são apenas um objeto a mais, ao lado de postes, casas e carros.
Muitas pessoas odeiam as árvores porque suas folhas e flores
variegadas – chão de preciosidades - sujam as suas calçadas.
Mas alguns não vêem as flores com os olhos, vêem
com a vassoura ou com o esguicho da mangueira d’água, o que
é ainda pior nestes tempos de águas poucas.
Para nós,
as árvores são um assombro, beleza, alegria, revelação
do mistério do universo...
Como é bom
sentirmos e vermos a brisa que beija, balança e assanha as
flores, que caem como lágrimas. Aliás nós todos,
quando andamos pelas nossas maltratadas calçadas, deveríamos
tirar os sapatos dos pés, para não machucarmos as pétalas-lágrimas
das flores que caem de nossas árvores...
Se pudéssemos,
plantaríamos uma árvore em frente de cada casa ou em
cada quintal, e em todas as ruas, praças e avenidas, que teriam
os nomes de flores e pássaros: ipês, flamboyants, acácias
imperiais, sibipirunas, quaresmeiras, cascos-de-vaca, paineiras, manacás,
figueiras, resedás, espatódeas, as piramidais e perfumadas
magnólias e outras da nossa flora, onde viveriam, procriariam
e alimentariam os seus filhotes: sabiás, sanhaços, bem-te-vis,
coleirinhas, tizius, bicos-de-lacre, joões-de-barro, pica-paus
e outros passeriformes da rica fauna brasileira, além de nos
alegrar com seus cantos maviosos...
Mostra-nos a frente
de sua casa e te diremos quem és...
Plantam árvores
na certeza de que flores, frutos ou sombras darão...
Existem árvores
femininas: vaidosas, copadas e cheias de flores ou frutos. As árvores
masculinas podem não dar flores e frutos, mas na maioria copadas
com uma infinidade de vidas que ali vivem...
Você já
observou a quantidade de vidas que vivem nas plantas frutíferas
ou nos jardins? Das minúsculas formiguinhas, mosquitinhos de
frutos, abelhas, besouros aos beija-flores, etc... etc... Observem
a beleza das vidas que ali convivem...
As
árvores, como nós também, passam pelas várias
etapas de vida: germinam, crescem, reproduzem, envelhecem, adoecem
e morrem.
Existem árvores
doentes, maltratadas, subnutridas, raquíticas, esqueléticas,
mendigas até, com poucos galhos, poucas folhas e às
vezes insistem em florir ou dar frutos, tal qual elas próprias...
Coitadas, carentes de um carinho humano... Tratem bem das plantas,
elas merecem...
Não sabemos
como as plantas florescem, nem porque algumas têm flores e frutos.
Elas florescem porque florescem...
Amamos as aves
e as árvores. Já conversamos com as primeiras e estamos
procurando entender e ouvir as segundas... Não somos o que
podem pensar – loucos... Não. Estamos procurando ouvir, conversar
e sentir o perfume das flores e dos frutos.
Creiam, estamos
sendo sinceros e propomos o seguinte: Itu é o nosso vício
e não desejamos largá-lo. Por conseguinte, oferecemo-nos
com a sua aquiescência, para termos a capacidade de ser o jardineiro
de nossa cidade. Não pretendemos salários nem regalias,
só queremos que os nossos sonhos se tornem realidade... Plantarmos
um milhão de árvores. Nós nunca deixaremos de
sonhar, com nossa Itu sempre em Primavera...
E, só por
curiosidade, quantas árvores Itu possui? Com a palavra a Aipa
e o Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura. Será que
temos os 12 m2 de área verde por habitante, indicada pela ONU
(Organização das Nações Unidas), para
que o meio ambiente da cidade seja o ideal?
Alguns guardam
o domingo indo às igrejas. Nós guardamos ficando em
casa, cuidando de flores e de pássaros canoros, usamos nossas
asas da imaginação no nosso quintal com nossos pássaros
e nossas plantas...
Estamos de bem
com a vida, porque queremos, podemos e merecemos ser felizes em Itu,
e a nossa alegria ninguém tira, cidadão ituano."
Alerta de
Souza Carvalho – Itu
RESPONDENDO AO ALERTA
Você
já reparou que as pessoas sentem muito mais calor no
centro de Itu, de que ao passear na área rural, no mesmo
município? Trata-se de um fenômeno que até
tem nome científico: ilha de calor.
Há mais de 20 anos, a pesquisadora Magda Lombardo comparou
temperaturas em diferentes pontos da capital paulista, nas várias
épocas do ano. Concluiu que nas áreas onde sobra
cimento e asfalto (como o centro da cidade), e faltam árvores,
a temperatura chega a ser pelo menos 5.º C mais alta de que
em áreas bem arborizadas!
Este é um dos bons motivos para a recomendação
da ONU de termos pelo menos 12 m2 de área verde por habitante,
conforme lembra o Alerta do Professor Alerta.
Quando criou seu viveiro de mudas nativas, com o patrocínio
do Lateinamerika-Zentrum e Unibanco Ecologia, a Aipa propôs
a campanha Um Milhão de Árvores
para Itu. E, em quase dez anos, o viveiro produziu mais de
um milhão de mudas de árvores.
Mas não basta produzir e oferecer as mudas. É
preciso providenciar espaços para o plantio, levá-las
ao local definitivo e cuidar delas, para que cresçam
fortes e vistosas.
Resumo da ópera: apenas uma parte das mudas do viveiro
da Aipa seguiram para o centro e bairros ituanos. E, com certeza,
nem todas sobreviveram. O restante serviu para arborizar áreas
rurais e cidades vizinhas.
Hoje, sem patrocínio, o viveiro está sofrendo
uma reformulação. Sem verba para mantê-lo,
o caminho escolhido foi terceirizar a produção
de mudas, garantindo-se uma pequena parcela para doação,
sobretudo para escolas e bairros onde as pessoas estejam verdadeiramente
dispostas a defender o verde.
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