315
MILHOES DE MAQUINAS NO LIXO.....
Você sabia
que... em 2002 o número de computadores descartados nos EUA deve
superar o de novos vendidos naquele país? E que em 2004, só
lá, haverá 315 milhões de PCs fora de linha?
As previsões
são do National Safety Council (NSC, Conselho Nacional de Segurança
dos EUA). Numa pesquisa de 1998, a instituição levantou
que: de 20,6 milhões de computadores dispensados naquele ano,
mais de 2/3 (70%) ficaram jogados num canto da casa ou empresa. O
resto teve três destinos: aterro sanitário (15%), reciclagem
(11%) ou doação (3%).
Imagine agora
se todos que deixaram a máquina velhinha no fundo do quintal
resolvessem jogá-la fora ao mesmo tempo.... O problema não
seria só de espaço nos aterros sanitários. Equipamentos
eletrônicos contém componentes tóxicos que, misturados
a outros lixos, contaminariam aterros.
Naquela época,
a empresa Microelectronics and Computer Technology Corporation (MCC)
calculou que os 315 milhões de computadores conteriam 600 mil
toneladas de chumbo, mil de cádmio, 600 de cromo e 200 de mercúrio,
entre outras substâncias prejudiciais à saúde
e ao ambiente...
Vale saber:
junto com os metais pesados, certos componentes do computador contém
metais preciosos, como ouro e prata nos circuitos eletrônicos.
Mas é pouco, sendo difícil separar dos outros materiais.
Segundo especialistas, a separação só fica rentável
juntando grande quantidade de máquinas....
Hoje, o monitor
(presente em computadores e TVs) é campeão em volume
de metais pesados. O vidro do tubo de raios catódicos contém
mais de 20% de chumbo. Em vez de separar o chumbo do vidro (tarefa
complexa), pode-se reduzir este material a pó, revendendo a
fabricantes de novos tubos. Só que, com o surgimento das TVs
digitais e dos monitores LCD, o mercado para este material vai acabar.
No Brasil,
só há normas para um componente de computador que contém
metais pesados: a bateria, com níquel e cádmio. Pela
Resolução 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), indústrias são obrigadas a receber baterias
usadas, encaminhando para aterro controlado ou reciclagem. Só
que o consumidor não é obrigado a entregá-las.
O índice de devolução é baixíssimo...
Especialistas
esperam que isso mude, se o projeto de lei para criar a Política
Nacional de Resíduos Sólidos for aprovado: aí,
fabricantes ou importadores serão responsáveis pelo
gerenciamento de produtos tecnológicos que contenham materiais
perigosos, inclusive no momento da disposição final...
LUTA NOS EUA E EUROPA
Ambientalistas
dos EUA e Europa lutam ferozmente contra o lixo eletrônico.
A SVTC (Silicon Valley Toxics Coalition), com sede na Califórnia
(pólo da indústria eletrônica) tem impressionante
relatório sobre e-lixo (em inglês), no endereço
www.svtc.org/cleancc/pubs/poisonpc.htm.
A
STVC defende a responsabilidade dos fabricantes, do berço
ao túmulo. Ou seja, indústrias deveriam inclusive
coletar eletrônicos usados, sem custo para o consumidor, providenciando
o melhor destino: 1- doação para escolas ou ONGs que
não precisem de computadores de último tipo, quando
possível; 2- desmontagem dos componentes, reaproveitando peças
inteiras, quando viável, e 3- reciclar os demais materiais.
Recentemente, outro relatório de Ongs denunciou que até
80% do e-lixo destinado à reciclagem nos EUA, acabaria na China,
Paquistão e Índia, recebendo o pior destino, por exemplo
queima com contaminação ambiental.
"Cerca
de 70% da CPU é material plástico, reciclável",
acrescenta o professor Antonio Carlos Coelho, da Escola Politécnica
da USP, reconhecendo que hoje ainda é complicado reciclar produtos
eletroeletrônicos, pois eles não foram desenhados para
reaproveitamento ou reciclagem.
Sem
pensar que estas modernidades rapidamente se tornam obsoletas, os
designers projetaram equipamentos onde a desmontagem fica difícil.
Um dos problemas: para cada componente, técnicos desenvolveram
materiais específicos, diferenciados, atendendo requisitos
como durabilidade, consistência, flexibilidade, resistência
e impacto.
"Por
exemplo, a dobradiça para abrir e fechar o notebook tinha de
ser num tipo de plástico mais flexível de que o corpo
da máquina", comenta o professor, lembrando que hoje um
desafio é redesenhar as máquinas, viabilizando a produção
de todas as peças com poucos materiais. "Na Europa debate-se
um selo verde para notebooks, onde um pré-requisito
é que o equipamento contenha no máximo dois tipos de
plástico."
Até
há pouco tempo, não dava para trocar o disco rígido
de um notebook. Para ter um mais potente, devia-se trocar de equipamento.
A nova tendência é facilitar o up grade, tornando-o
mais durável.
LIXO
BRASILEIRO
Aqui no Brasil,
não há dados oficiais sobre número de computadores,
mas uma pesquisa da Escola de Administração de Empresas
de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
divulgada no final de março, estimou que haveria 15 milhões
em uso e que, só em 2001, teriam sido comercializadas 4 milhões
de unidades.
O professor
Coelho deduz que a preocupação com lixo eletrônico
ainda não chegou ao Brasil, talvez por falta de informação.
Por exemplo, nos países avançados, sabe-se que produtos
eletrônicos duram de dois e quatro anos. Aqui não há
dados oficiais. Consultadas por Urtiga, pessoas que trabalham
com equipamentos de segunda mão calculam que por aqui, uma
CPU é dispensada depois de uns 5 anos de uso. Monitores teriam
durabilidade maior.
Ê o que
acontece com os velhinhos? A aposta é que tenham destino parecido
ao dos países avançados. Muitas empresas e indivíduos
guardam, imaginando que eles serão úteis numa emergência.
Às vezes, o destino é o ferro velho ou doação.
Ou ainda....
o comércio de segunda mão, que cresce dia a dia. Basta
visitar as ruas próximas à famosa Santa Ifigênia,
no centro da capital paulista, para achar dezenas de lojas de usados.
Elas não compram antigos modelos 286 ou 386. E, antes de revender,
reformam as máquinas, ampliando a capacidade.
AS
LEIS, LÁ FORA
Quem entende
inglês e se preocupa com lixo eletrônico, encontrará
uma coleção de informações úteis
no site da agência ambiental dos EUA, EPA (Environmental Protection
Agency). No endereço http://www.epa.gov/epr/products/electronics.html,
aprende-se, por exemplo, sobre leis para o e-lixo em países
como Áustria, França, Alemanha, Japão, Holanda,
Suécia, Suíça, Taiwan e Inglaterra.
A Holanda,
por exemplo, quer recuperar 100%, do metal e plásticos de bens
eletrônicos, mas permite cobrar do consumidor, para financiar
programas de devolução. Taiwan, na Ásia, iniciou
um sistema de devolução onde varejistas têm de
aceitar eletrônicos usados, tenham ou não sido vendidos
na loja onde for entregue.
Para todos
países-membros da União Européia, está
em discussão uma diretiva para impor a responsabilidade
ampliada dos fabricantes, isto é, que eles recebam eletroeletrônicos
usados, sem custo para o consumidor. Outra diretiva pode banir substâncias
tóxicas em equipamentos que serão fabricados a partir
de 2008 (mercúrio, cádmio, cromo hexavalente e retardadores
de chamas com bromo).
Nos EUA, a
regra nacional é que empresas maiores dêem um destino
especial para eletrônicos usados. Indivíduos e pequenas
empresas podem jogar no lixo. Alguns estados têm regras mais
restritivas. Massachussets, por exemplo, proibiu qualquer tipo de
monitor em aterros comuns. Lá, alguns fabricantes recebem eletrônicos
usados, com promessa de reformar para doação, ou reciclar.
Só que o consumidor deve pagar de 15 a 30 dólares por
equipamento devolvido.
Por aqui, os
verbos receber eletrônicos para remanufaturar e doar, ou reciclar,
só são praticados por fabricantes, em duas situações:
máquinas que retornam após um período de aluguel
(leasing), ou para devolvidas em período de garantia.
Na cidade de
São Paulo já existe um Museu do Computador. Criado por
José Carlos Valle ele guarda desde imensos equipamentos dos
anos 60, até uma coleção de softwares que caíram
em desuso, que no futuro poderão ser necessários para
ler arquivos criados com eles. O telefone deste museu é 11-5521.3655,
e o site: www.museudocomputador.org.