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LIXO ELETRÔNICO! PERIGO!!!

(Publicado no URTIGA 149 - março-abril 2002 - pág. 3)

 

Centenas de milhões de computadores, e outros eletrônicos, saindo de linha e... acabando no lixo....
Você sabia que isto está causando seríssimos problemas ambientais no mundo,
principalmente por causa dos metais pesados, que eletrônicos contém?
Que já se discutem leis, para saber o que fazer com o lixo eletrônico?
Confira!

315 MILHOES DE COMPUTADORES NO LIXO  
 LUTA NOS EUA E EUROPA   

LIXO BRASILEIRO   

 AS LEIS, LÁ FORA  

agora gente vai pro lixo??? (ilustr: Dian)  

inicio desta página315 MILHOES DE MAQUINAS NO LIXO.....

Você sabia que... em 2002 o número de computadores descartados nos EUA deve superar o de novos vendidos naquele país? E que em 2004, só lá, haverá 315 milhões de PCs fora de linha?

As previsões são do National Safety Council (NSC, Conselho Nacional de Segurança dos EUA). Numa pesquisa de 1998, a instituição levantou que: de 20,6 milhões de computadores dispensados naquele ano, mais de 2/3 (70%) ficaram jogados num canto da casa ou empresa. O resto teve três destinos: aterro sanitário (15%), reciclagem (11%) ou doação (3%).

Imagine agora se todos que deixaram a máquina velhinha no fundo do quintal resolvessem jogá-la fora ao mesmo tempo.... O problema não seria só de espaço nos aterros sanitários. Equipamentos eletrônicos contém componentes tóxicos que, misturados a outros lixos, contaminariam aterros.

Naquela época, a empresa Microelectronics and Computer Technology Corporation (MCC) calculou que os 315 milhões de computadores conteriam 600 mil toneladas de chumbo, mil de cádmio, 600 de cromo e 200 de mercúrio, entre outras substâncias prejudiciais à saúde e ao ambiente...

Vale saber: junto com os metais pesados, certos componentes do computador contém metais preciosos, como ouro e prata nos circuitos eletrônicos. Mas é pouco, sendo difícil separar dos outros materiais. Segundo especialistas, a separação só fica rentável juntando grande quantidade de máquinas....

Hoje, o monitor (presente em computadores e TVs) é campeão em volume de metais pesados. O vidro do tubo de raios catódicos contém mais de 20% de chumbo. Em vez de separar o chumbo do vidro (tarefa complexa), pode-se reduzir este material a pó, revendendo a fabricantes de novos tubos. Só que, com o surgimento das TVs digitais e dos monitores LCD, o mercado para este material vai acabar.

No Brasil, só há normas para um componente de computador que contém metais pesados: a bateria, com níquel e cádmio. Pela Resolução 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), indústrias são obrigadas a receber baterias usadas, encaminhando para aterro controlado ou reciclagem. Só que o consumidor não é obrigado a entregá-las. O índice de devolução é baixíssimo...

Especialistas esperam que isso mude, se o projeto de lei para criar a Política Nacional de Resíduos Sólidos for aprovado: aí, fabricantes ou importadores serão responsáveis pelo gerenciamento de produtos tecnológicos que contenham materiais perigosos, inclusive no momento da disposição final...

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LUTA NOS EUA E EUROPA

Ambientalistas dos EUA e Europa lutam ferozmente contra o lixo eletrônico. A SVTC (Silicon Valley Toxics Coalition), com sede na Califórnia (pólo da indústria eletrônica) tem impressionante relatório sobre e-lixo (em inglês), no endereço www.svtc.org/cleancc/pubs/poisonpc.htm.

A STVC defende a responsabilidade dos fabricantes, do berço ao túmulo. Ou seja, indústrias deveriam inclusive coletar eletrônicos usados, sem custo para o consumidor, providenciando o melhor destino: 1- doação para escolas ou ONGs que não precisem de computadores de último tipo, quando possível; 2- desmontagem dos componentes, reaproveitando peças inteiras, quando viável, e 3- reciclar os demais materiais.

Recentemente, outro relatório de Ongs denunciou que até 80% do e-lixo destinado à reciclagem nos EUA, acabaria na China, Paquistão e Índia, recebendo o pior destino, por exemplo queima com contaminação ambiental.

"Cerca de 70% da CPU é material plástico, reciclável", acrescenta o professor Antonio Carlos Coelho, da Escola Politécnica da USP, reconhecendo que hoje ainda é complicado reciclar produtos eletroeletrônicos, pois eles não foram desenhados para reaproveitamento ou reciclagem.

Sem pensar que estas modernidades rapidamente se tornam obsoletas, os designers projetaram equipamentos onde a desmontagem fica difícil. Um dos problemas: para cada componente, técnicos desenvolveram materiais específicos, diferenciados, atendendo requisitos como durabilidade, consistência, flexibilidade, resistência e impacto.

"Por exemplo, a dobradiça para abrir e fechar o notebook tinha de ser num tipo de plástico mais flexível de que o corpo da máquina", comenta o professor, lembrando que hoje um desafio é redesenhar as máquinas, viabilizando a produção de todas as peças com poucos materiais. "Na Europa debate-se um selo verde para notebooks, onde um pré-requisito é que o equipamento contenha no máximo dois tipos de plástico."

Até há pouco tempo, não dava para trocar o disco rígido de um notebook. Para ter um mais potente, devia-se trocar de equipamento. A nova tendência é facilitar o up grade, tornando-o mais durável.

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LIXO BRASILEIRO

Aqui no Brasil, não há dados oficiais sobre número de computadores, mas uma pesquisa da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, divulgada no final de março, estimou que haveria 15 milhões em uso e que, só em 2001, teriam sido comercializadas 4 milhões de unidades.

O professor Coelho deduz que a preocupação com lixo eletrônico ainda não chegou ao Brasil, talvez por falta de informação. Por exemplo, nos países avançados, sabe-se que produtos eletrônicos duram de dois e quatro anos. Aqui não há dados oficiais. Consultadas por Urtiga, pessoas que trabalham com equipamentos de segunda mão calculam que por aqui, uma CPU é dispensada depois de uns 5 anos de uso. Monitores teriam durabilidade maior.

Ê o que acontece com os velhinhos? A aposta é que tenham destino parecido ao dos países avançados. Muitas empresas e indivíduos guardam, imaginando que eles serão úteis numa emergência. Às vezes, o destino é o ferro velho ou doação.

Ou ainda.... o comércio de segunda mão, que cresce dia a dia. Basta visitar as ruas próximas à famosa Santa Ifigênia, no centro da capital paulista, para achar dezenas de lojas de usados. Elas não compram antigos modelos 286 ou 386. E, antes de revender, reformam as máquinas, ampliando a capacidade.

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AS LEIS, LÁ FORA

Quem entende inglês e se preocupa com lixo eletrônico, encontrará uma coleção de informações úteis no site da agência ambiental dos EUA, EPA (Environmental Protection Agency). No endereço http://www.epa.gov/epr/products/electronics.html, aprende-se, por exemplo, sobre leis para o e-lixo em países como Áustria, França, Alemanha, Japão, Holanda, Suécia, Suíça, Taiwan e Inglaterra.

A Holanda, por exemplo, quer recuperar 100%, do metal e plásticos de bens eletrônicos, mas permite cobrar do consumidor, para financiar programas de devolução. Taiwan, na Ásia, iniciou um sistema de devolução onde varejistas têm de aceitar eletrônicos usados, tenham ou não sido vendidos na loja onde for entregue.

Para todos países-membros da União Européia, está em discussão uma diretiva para impor a responsabilidade ampliada dos fabricantes, isto é, que eles recebam eletroeletrônicos usados, sem custo para o consumidor. Outra diretiva pode banir substâncias tóxicas em equipamentos que serão fabricados a partir de 2008 (mercúrio, cádmio, cromo hexavalente e retardadores de chamas com bromo).

Nos EUA, a regra nacional é que empresas maiores dêem um destino especial para eletrônicos usados. Indivíduos e pequenas empresas podem jogar no lixo. Alguns estados têm regras mais restritivas. Massachussets, por exemplo, proibiu qualquer tipo de monitor em aterros comuns. Lá, alguns fabricantes recebem eletrônicos usados, com promessa de reformar para doação, ou reciclar. Só que o consumidor deve pagar de 15 a 30 dólares por equipamento devolvido.

Por aqui, os verbos receber eletrônicos para remanufaturar e doar, ou reciclar, só são praticados por fabricantes, em duas situações: máquinas que retornam após um período de aluguel (leasing), ou para devolvidas em período de garantia.

Na cidade de São Paulo já existe um Museu do Computador. Criado por José Carlos Valle ele guarda desde imensos equipamentos dos anos 60, até uma coleção de softwares que caíram em desuso, que no futuro poderão ser necessários para ler arquivos criados com eles. O telefone deste museu é 11-5521.3655, e o site: www.museudocomputador.org.

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