UM ANO MUITO
ESPECIAL
"As
mudanças que desejamos nas atitudes humanas
dependem de uma campanha de educação,
debates e participação pública"
Relatório da Comissão Brundtland
1986
|
2002
é um ano muito especial para quem quer transformar o meio ambiente
em ambiente inteiro. Há exatos 30 anos - em junho de 1972
- foi assinada a Declaração da ONU sobre o Ambiente Humano
e se instituía o Dia Mundial do Meio Ambiente, resultante da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Humano (veja na última página).
Em junho de 1992 - exatamente
dez anos atrás - a Eco-92 (Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento) reuniu representantes
dos governos de mais de 150 países no Rio de Janeiro, bem como
milhares de pessoas de organizações não governamentais,
para definir medidas que tornassem o mundo melhor. Além de documentos
internacionais, como as Convenções de Mudanças
Climáticas e da Biodiversidade, ela resultou na ampliação
da consciência ambiental, em todo o Planeta.
 Em
Itu, o Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado todos os dias
pela AIPA. Durante o período letivo, a equipe de educação
ambiental da associação percorre, diariamente, escolas
do município e de Salto integradas ao programa Hortas Escolares
sem Agrotóxicos. mostrando, na prática, como defender
o ambiente onde a gente vive.
As atividades começam
com a instalação e a manutenção, pelos alunos,
de uma horta orgânica na instituição de ensino.
E se estendem por todas as disciplinas, inclusive propondo atividades
que estudantes (e suas famílias) podem aplicar no dia-a-dia.
Neste ano, durante
a Semana de Meio Ambiente, a equipe de comunicação acompanhou
a de educação ambiental para repassar um pouquinho dessa
rotina aos leitores do Urtiga.
SEGUNDA
FEIRA....
Manhã de
2ª feira, 3/6, sede da AIPA: Marcelo Mattiuci, coordenador de Educação
Ambiental da AIPA, vistoria a horta-modelo da Associação,
realiza alguns tratos culturais e confere as atividades no viveiro da
entidade. Trabalha, então, no planejamento do projeto Hortas
Escolares sem Agrotóxicos, realizado pela AIPA em parceria
com instituições de ensino em Itu e Salto.
"Conscientizar a criança
sobre a importância de proteger o meio ambiente no lugar onde
ela vive é uma maneira de formar cidadãos que lutarão
por um futuro melhor," diz ele, explicando ainda que o programa segue
as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais
e da Lei da Política Nacional de Educação Ambiental
TERÇA
FEIRA...
...4/6, dia
de visitas às escolas: quem primeiro recebe a equipe da AIPA
neste dia, é a Escola de Educação Infantil Pinguinho
de Gente. O espaço limitado para uma horta não impediu o
desenvolvimento de um criativo programa de educação ambiental:
as crianças aprenderam, por exemplo, a cultivar hortaliças
e flores em garrafas PET. Cravos que cultivaram, aliás, transformaram-se
em presentes no Dia das Mães...
No início do semestre,
contornando o quarteirão da escola, os alunos observaram os diferentes
tipos de poluição, encontrando possíveis focos
de dengue e aprendendo como combater este mal. Personagens populares,
como os Três Porquinhos, inspiraram debates com o tema higiene.
Na véspera do Dia do
Meio Ambiente, 4/6, a turma se empolga com a exposição
que seria realizada em 15/6 (veja, na última página):
"É o terceiro ano que desenvolvemos o trabalho com a AIPA e percebemos
que, em casa, os alunos cobram dos pais a reciclagem, por exemplo, além
de comerem hortaliças sem reclamar", diz Valéria Perina
Bellon, uma das professoras, opinião compartilhada pelas diretoras
Suely Lucca Silveira Arruda e Selma Lucca Arruda.
 No
Colégio Castelinho Pueri Domus, o projeto Hortas Escolares
sem Agrotóxicos também vai muito além da horta,
que aliás foi reinaugurada em maio. Entre outras atividades,
as crianças montaram uma mini-floresta, isto é,
um terrário contendo bichinhos encontrados na própria
escola ou na casa dos alunos.
O debate sobre o lixo, foi enriquecido
com a apresentação de um vídeo, trazido pela AIPA
para a escola. E, como nas outras escolas, a dengue foi explorada.
Iraides Góes Andreazza
de Freitas e Adriano Góes, diretores do Colégio, interpretam:
o trabalho com a AIPA contribui para que os alunos ampliem seus conhecimentos
e adquiram consciência ambiental. Ao que acrescenta Enrico Capellari
França, 6 anos, aluno da 1ª série: "Eu gosto de mexer
na terra, de plantar. Acho muito importante os homens conservarem o
meio ambiente."
 Instalado
em Salto, o Colégio Prudente de Moraes, em Salto, próxima
escola a ser visitada, também comemora bons resultados do programa.
"O trabalho teórico em sala de aula fica completo com as atividades
práticas desenvolvidas com apoio da AIPA", informa Sueli Duarte
Pereira, diretora da escola.
A horta da escola tomou forma
depois do período das chuvas de fevereiro. A primeira colheita,
de rúcula, serviu para preparar uma deliciosa salada. E até
amoras foram plantadas, em garrafas PET, mostrando uma reutilização
possível em garrafas, que iriam para o lixo.
"A gente mexe
na terra, no esterco. É muito gostoso. Lá na minha casa
eu conto que aprendi a gostar de comer rúcula, rabanete e alface",
comenta Vivian Frasier Abreu, 6 anos, aluna da 1ª série, que
também aprendeu muito sobre lixo e como evitar a dengue, através
das atividades de educação ambiental.
QUARTA FEIRA...
....5/6, Dia
Mundial do Meio Ambiente e de mais visitas às escolas:
no Colégio Monteiro Lobato, até mesmo os pequenininos são
incentivados pelo trabalho na horta: desde os quinze meses de idade, os
alunos são envolvidos pela educação ambiental. No
Dia Mundial do Meio Ambiente, os maiores, assistem o vídeo emprestado
pela AIPA sobre o destino correto do lixo.
Para o final do semestre, as
professoras já preparavam uma atividade especial: cada classe
aprendeu uma receita culinária, como patê de espinafre,
ou salada, com os produtos colhidos da horta
Célia Werner Rodrigues
Barsotti, diretora e Joyce R. Barsotti, coordenadora do Infantil, o
trabalho com a AIPA mudou o comportamento dos alunos, que têm
orgulho daquilo que plantam e colhem. "O
projeto das hortas também trouxe ganhos nas atividades em sala
de aula", complementa Juliana de Brito Ruiz, professora do Jardim 1.
O Centro Infantil Criança
Feliz - único da rede municipal de ensino que integra o projeto
Hortas Escolares sem Agrotóxicos - recebe a AIPA, em seguida,
com muito orgulho de sua bem cuidada horta e dos resultados alcançados
no semestre.
 Trata-se
de uma das primeiras escolas integradas ao projeto (de 1991 a 1999),
que retomou a parceria em 2002, com a AIPA oferecendo a orientação
técnica para que as professoras desenvolverem ações
de Educação Ambiental com as crianças, sempre a
partir da horta escolar.
"Atuando na horta, os alunos
aprendem desde o processo de desenvolvimento das plantas, até
o gosto pelas hortaliças", exemplifica a diretora Cilmara Pereira,
para quem a atividade contribui para a formação de adultos
melhores, no futuro.
"Eu e meu pai
aproveitamos os finais de semana para cuidar da horta da escola. Molhamos
as plantas, tiramos as sujeirinhas e deixamos a horta preparada para
a próxima semana", explica Lucas de Lima Moraes, 6 anos, aluno
da 3ª fase de Educação Infantil, traduzindo assim uma
atitude cidadã de cuidar de algo que não é só
seu.
QUINTA FEIRA...
... 6/6, mais
um dia das hortas escolares:
A Escola de Educação Infantil Além do Arco-Íris
participa desde 1996 do Projeto Hortas Escolares sem Agrotóxicos.
A novidade do segundo semestre, é que esta escola assumirá
a continuidade do projeto.
"Os pais ficam muito felizes
quando as crianças levam para casa alguma hortaliça que
colheram, para ser preparada no almoço ou na janta. Muitas mães
dizem que aproveitaram as cenouras em uma sopa ou na salada", comenta
a diretora Isabel Cristina Oliveira Silva.
No Colégio Terras, próxima
escola visitada em 6/6, há muito para ver: Cada classe desenvolve
a atividade de uma forma diferente.
Na Educação Infantil,
por exemplo, a turma do Infantil I teve oportunidade de experimentar
um gosto novo: a salada de rabanete colhido na horta, além de
acompanhar a vida da mini-floresta que tinha até o casulo
de uma borboleta, trazido de casa por uma das crianças.
 Entre
outras tantas atividades, a turma do Infantil 2 transformou caixas de
sapato em sementeiras, e aprendeu muito sobre o lixo, realizando um
arrastão ecológico na própria escola.
Já as turmas do Infantil
3 esperaram a maturação de algumas hortaliças,
para o desenvolvimento atividades especiais em sala de aula. Uma delas
aguardou a cenoura para estudar a letra C, até aprendendo a fazer
bolo de cenoura. A outra usou o espinafre, como inspiração
para estudar a letra E, e ingrediente principal do bolinho de espinafre.
Também no Ensino Fundamental
a horta foi importante, servindo inclusive para o estudo de ecossistemas.
A colheita incluiu rabanete, cenoura, espinafre, salsa, chicória,
rúcula. Perto da entrada da escola, os alunos plantaram hera,
que cresceu melhor graças ao composto orgânico.
Entre outros temas que a horta
pode inspirar, a conservação dos solos despertou muito
interesse entre os estudantes. Dois alunos da 4.ª série, Victor
Daldon e Mateus até trouxeram esterco, para melhor adubar o jardim
e a horta da escola.
"O trabalho de educação
ambiental tem importância para nós, por exemplo, para desenvolver
o raciocínio lógico. E mais: as crianças são
estimuladas a manter em harmonia o local onde vivem", cita Márcia
Cano Margonari, coordenadora da 1ª a 4ª Série, explicando que
o trabalho já é parte do conteúdo passado às
crianças.
"É envolvente
todo esse trabalho com a horta. O retorno dos pais também é
ótimo. Alguns até se espantam com o fato dos filhos passarem
a gostar de almeirão, espinafre e a ajudar o jardineiro da casa
ou da chácara", afirma a professora do Infantil 3, Nelma Lucia
Bruni.
SEXTA FEIRA...
...7/6, uma
visita à AIPA: A sede da AIPA recebe uma visita muito especial,
são 65 alunos da Escola Almeida Júnior. Marcelo Mattiuci
recebe todos e explica os cuidados a serem tomados no percurso da trilha
ecológica.
Durante o trajeto, de quase
duas horas, os alunos coletam folhas e amostras de solo para estudarem
em sala de aula. Eles também aprendem que é com silêncio
que se explora ainda mais o passeio.
 "O
Projeto Hortas Escolares sem Agrotóxicos teve início
logo que a escola foi inaugurada, há um ano. Queríamos
dar uma visão global da vida para os nossos alunos, mostrando
que todas as coisas estão relacionadas e dependem das atitudes
humanas", historia Marilda Pacheco, coordenadora de 1ª a 4ª Série.
Nesta escola, o tema lixo também
foi importante, inspirando um arrastão ecológico, realizado
pelos alunos para retirar o lixo que as pessoas atiram por aí.
Além da visita à AIPA, outro evento especial, programado
para o último dia de aula no semestre, seria a construção
de uma deliciosa salada verde, com os produtos da horta orgânica.
"Eu gosto de trabalhar junto
dos professores na horta. É muito gostoso plantar e depois colher
as verduras, como alface, cenoura, rabanete", resume Willian César
Mendes, aluno da 3ª série.
(reportagem
e fotos: Nathalia Paccola, edição: Silvia Czapski;
assessoria: Marcelo Mattiuci)
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MARATONA
EM PROL DA EDUCAÇÃO E DA NATUREZA 
Contribuindo
para que as escolas sigam as recomendações federais, a
AIPA vem renovando o Projeto Hortas Escolares sem Agrotóxicos,
de forma que ele se mantenha como instrumento ideal para a aplicação
da lei e - ao mesmo tempo - uma ferramenta de ensino que faça
com que as crianças gostem cada vez mais do cotidiano escolar.
