"Duas decisões, no nível do
governo federal, estão mobilizando a área ambiental do país.
A primeira foi a concretização do Órgão Gestor
da Política Nacional de Educação Ambiental, numa
cerimônia em 21 de julho, que reuniu a ministra Marina Silva, do
Meio Ambiente (MMA), e Cristovam Buarque, da Educação (MEC).
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Arrastão ecológico promovido
pela AIPA com a Eco-Salto, em junho |
Previsto, desde 1999, na
Lei 9795 (que tornou obrigatória a Educação Ambiental,
a ser inclusa em todas disciplinas e níveis de ensino), este
órgão foi reafirmado no Decreto 4281, em 2002, que regulamenta
a Lei. Sua função: definir as diretrizes para implementação
da Educação Ambiental, coordenando e supervisionando planos,
programas projetos, e participando na negociação de financiamentos.
Mas ele nunca havia sido criado. E, sem o órgão gestor,
a Lei que instituiu a Política Nacional de Educação
Ambiental não sairia do papel.
Para lembrar: o programa
de Educação Ambiental da AIPA já está adaptado
aos preceitos da lei (confira nas fotos desta página, algumas
atividades recentes).
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Col. Almeida Jr - atividade na horta orgânica |
Segunda decisão governamental:
promover, de 28 a 30 de novembro, a 1.ª Conferência Nacional do
Meio Ambiente, com o objetivo de fortalecer o Sistema Nacional de Meio
Ambiente (Sisnama - conjunto de órgãos federais, estaduais
e municipais relacionados a esta área). O slogan é genérico:
Vamos Cuidar do Brasil. No mesmo dia 21/7, os ministérios assinaram
um Termo de Cooperação Técnica para a realização
conjunta da Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, em
paralelo à conferência adulta.
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Col. Pueri Domus: maquete que mostra de onde
vem a água |
Imitando o processo de um
concurso nacional, os ministérios prepararam uma cartilha, propondo
para cada escola debates sobre 5 temas: nossa água, seres vivos,
nossos alimentos, nossa escola, nossa comunidade. A esta cartilha juntar-se-ão
cartazes, programas na TV Escola, um site a ser inaugurado em 15/8,
compondo uma campanha nacional de divulgação.
As escolas ficarão
sabendo que terão até 30/9 para que seus alunos debatam
um dos temas, definindo o principal problema a ele relacionado e já
indicando a solução. A proposta deverá ser transformada
em texto de até três linhas, acompanhado de cartaz, que
responda à pergunta: Como vamos cuidar do Brasil, nesta escola?
Tem mais: a escola elegerá
um/a representante, que tenha de 11 a 15 anos. Então, remeterá
o melhor trabalho e o nome do/a representante para uma comissão
estadual que, junto com um Conselho Jovem (em formação),
terá função especial: selecionar até 14
escolas vencedoras do processo. O prêmio será a ida do/a
representante escolar para a Conferência Infanto-Juvenil.
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EEI Pinguinho de Gente: casa de João
e Maria, com caixas de ovos e de leite |
A Conferência ambiental
adulta segue por um processo distinto. Inspira-se na idéia da
Conferência Nacional de Saúde, realizada a cada dois anos
para indicar diretrizes para a Política Nacional do setor, orientando
inclusive os conselhos municipais, estaduais e federal de saúde.
Só que há grandes diferenças. Por exemplo: a área
de saúde nasceu de um processo iniciado por movimentos sociais
do setor (saiba mais no artigo Conferências temáticas,
na pág. 2). Na do meio ambiente, é o governo federal quem
propôs o evento, não como instância máxima
para o setor, mas como instrumento de fortalecimento institucional.
Como uma missionária,
Rachel Trajber, coordenadora geral das conferências ambientais,
segue diariamente para um diferente local do país, para discutir
com os mais variados segmentos: ONGs e movimentos sociais, órgãos
do poder executivo, legislativo e judiciário, conselhos profissionais,
federações e sindicatos patronais e de trabalhadores,
universidades, institutos de pesquisa. Missão da coordenadora:
ensinar sobre a conferência e conseguir adesões. Cada um
destes segmentos poderá indicar delegados, a partir de encontros
setoriais.
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Col. Monteiro Lobato: experimentando
produtos da horta |
Também aqui, prepara-se
um pacote de divulgação: cartazes e folhetos para distribuição
em todo país, site na internet, vídeos para explicar o
que é o Sisnama e apresentar os temas-guia, inicialmente assim
enumerados: 1- água, 2- biodiversidade, fauna e flora nativas,
espaços territoriais protegidos; 3- agricultura, pecuária,
pesca e floresta; 4- infra-estrutura: transporte e energia; 5- meio
ambiente urbano e 6- mudanças climáticas.
Imitando a Conferência
de Saúde, há a opção de conferências
municipais prévias até fim de setembro, e pré-conferências
estaduais, a se realizarem obrigatoriamente até o final de outubro,
pois destas sairão os delegados e também as propostas
de resoluções a serem votadas em Brasília. Até
o fechamento desta edição, 9 estados tinham marcado suas
datas. São Paulo realizará sua pré conferência
de 24 a 26/10.
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Instituto Ser, de Campinas: atividades na sede
da AIPA, em Itu |
Até o fechamento desta
edição, pelo menos entre os ambientalistas paulistas,
reinava muita confusão em torno da conferência adulta.
Houve uma reunião de apresentação, no início
de julho e outra, daí a 15 dias, que elegeu uma comissão
organizadora deste segmento (Terrae, ACPO e Instituto Vidagua) e um
núcleo temático. Os organizadores criaram uma lista de
discussão na internet, onde começaram a pipocar mensagens
com pedidos de exclusão.
Realizar um evento nacional
para definir, democraticamente, caminhos dos órgãos públicos
na área ambiental, era antigo sonho dos ambientalistas. Mas será
que este, da forma como está acontecendo, concretizará
o sonho?

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