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BATE-PAPO:
LIXO HOSPITALAR???

(Artigo publicado no Urtiga 163 - julho/agosto 2004 - pág. 2)




Presidente da AIPA (Associação Ituana de Proteção Ambiental), e do IPES (Instituto de Planejamento Estratégico em Saúde), Juljan Czapski revela preconceitos em torno do lixo hospitalar e a confusão que está acontecendo com o número de projetos de lei nesta área.

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"A
polêmica levantada ao redor do tema lixo hospitalar (ou melhor, resíduos sólidos de serviços de saúde) é totalmente absurda. No Congresso Nacional, existem mais de 100 projetos de lei em tramitação, que tratam do assunto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa - ligada ao Ministério da Saúde) expediu normas. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama, ligado ao Ministério do Meio Ambiente) baixou outras.

Vejamos a realidade. Hoje, nos hospitais, praticamente não se internam casos infecto-contagiosos a não ser que sejam hospitais especializados. Portanto, o material utilizado nos pacientes raramente é contaminado. Por outro lado, um paciente com um abscesso, o terá drenado no hospital, e logo em seguida poderá voltar para casa, onde fará diariamente curativo. Quer dizer, estes curativos serão descartados no lixo doméstico, que seguirá, entre os resíduos residenciais, para lixões (raramente aterros sanitários, pois a maioria dos municípios não os têm). Um paciente com diarréia por salmolenose só será internado após horas, ou dias da ocorrência. Ou seja, antes de chegar ao hospital, ele contamina o esgoto e o lixo de sua casa pelo papel higiênico contaminado, que ele usou e descartou. Não se conhecem casos de epidemias, nem sequer de doenças cuja origem é o lixo hospitalar.

Estudos sérios realizados mostram que menos de 5% do lixo hospitalar são contaminantes. Além disso, há um outro aspecto importante. Poucos municípios, mesmo que tenham uma coleta especial para o lixo hospitalar, possuem um sistema adequado de processamento destes resíduos. Ou seja, ele acaba misturado ao lixo doméstico - que em regra também é contaminado, se não por outros fatores, pelo papel higiênico usado nas residências e pontos comerciais, e misturado a este.

E, assim mesmo, não temos notícia de doenças infecto-contagiosas comprovadamente oriundas do lixo hospitalar, nem sequer entre os catadores de lixo que trabalham nos lixões.

Cabe uma reflexão profunda e um estudo sério, desapaixonado, para resolver o problema. Todas as propostas de legislação em curso, e também a opinião da mídia, carecem de dados objetivos. Vamos por mãos a obra."

 

Juljan Czapski
Médico, com mestrado em Saúde Pública,
presidente de AIPA (Associação Ituana de Proteção Ambiental)
e do IPES (Instituto de Planejamento Estratégico em Saúde)


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