A intenção
foi mencionada em dezembro por Herculano Junior, como projeto de governo,
em entrevista ao Urtiga, antes de assumir a prefeitura de Itu. Uma de
suas metas seria criar o tão sonhado parque ecológico
na área verde que faz parte do 2.º Ga Cap Regimento Deodoro,
em pleno centro urbano. Não surpreendeu, portanto, sua participação
no passeio em carro blindado com o ex-comandante, César Augusto
Carazzai Castilho, para festejar a criação de uma trilha
no local, para uso da população.
As surpresas vieram em fevereiro.
Primeiro, o novo tenente-comandante do 2.° Ga Cap, Edson Diehl
Ripoli, cancelou a implantação da trilha, avisando que
a área, pertencente ao Exército Brasileiro, estaria à
venda por R$ 9 milhões. Num comunicado à imprensa, o presidente
da Sociedade de Amigos da Cidade de Itu (Saci), Alberto Soares Moreira
reagiu, lembrando que o terreno já fora colocado à venda
em 1998, por R$ 18 milhões. O comunicado ressaltou o papel da
AIPA naquela ocasião, que se unira às demais organizações
de sociedade civil contra uma suposta implantação de loteamento
com habitações populares, naquele que se tornara um raro
pulmão verde do centro urbano, cuja ocupação traria
um prejuízo a mais: o agravamento do abastecimento de água
para a população.
Na 6.ª feira, 25/2, reunião
na Casa do Barão congregou representantes do Saci, AIPA, Câmara
de Vereadores, Prefeitura, União dos Amigos do Regimento Deodoro,
Associação dos Engenheiros, e outros interessados. A vocação
de pulmão verde da área foi consenso de todos, bem como
a urgência de uma Lei de Uso de Solo, que transforme o local em
Área de Proteção Especial. Qual porcentual obrigatório,
em caso de venda do terreno, a ser cedida à municipalidade,
para o almejado parque ecológico? A definição ficou
para depois, delegando-se as negociações à administração
municipal. A segunda surpresa foi na manhã de sábado,
26/2, quando o bem informado Jornal Periscópio comemorava um
acordo, revelado por Herculano Jr., pelo qual quem compras-se o terreno
cederia a metade para o parque.
Vale recordar: o terreno
em questão, de quase 20 alqueires, por onde passa o córrego
Taboão, faz parte da sede do 2.° Ga Cap Regimento Deodoro
desde 1918. Foi trocado com o Colégio São Luiz quando
este se transferiu para a capital paulista, numa época em que
o local era distante do perímetro urbano. Hoje é a maior
área verde do centro da cidade, rodeada por bairros populosos,
como o São Luiz, Jardim Rosinha, São Judas Tadeu e Vila
Nova. O uso continua restrito ao Exército.
As primeiras discussões
internas de como valorizar o local foram há cerca de uma década,
quando Maria Célia Bombana acumulava a função de
Diretora de Educação Ambiental da AIPA com a presidência
do Conselho Municipal de Defesa. do Meio Ambiente de Itu (Comdema).
O tema voltou em 1998, com a mencionada licitação do
Ministério da Guerra, colocando a área à venda.
Uma modificação no Plano Diretor do município abria
a possibilidade de implantar um loteamento por lá. O temor,
ainda presente, é que este loteamento agravaria o adensamento
populacional, ampliando também problemas de infraestrutura urbana
e trânsito.
A mobilização
de várias entidades ituanas, logo em seguida, entre as quais
a AIPA, culminou na elaboração de um manifesto à
população, um dossiê às autoridades e na
ida dos representantes das organizações à Câmara
Municipal, na sessão que definiria a venda do terreno. O processo
foi revertido e as entidades levaram ao então prefeito um ofício
pedindo que, em vez de loteamento, o local se tornasse parque, destinado
à preservação do verde, cultura e lazer, tão
essenciais numa Estância Turística e ao bem estar da população.
Apostava-se, na época, numa possível troca de terrenos
entre Administração Municipal e Ministério. Não
aconteceu.
Em novembro de 2003, voltou-se
ao tema, com a repercussão de uma edição da revista
Campo & Cidade, dedicada ao Regimento Deodoro, onde José Carlos
Arruda, sócio proprietário do Periscópio revelou
ter levado a idéia ao Coronel Cezar Augusto Carazzai, que acenou
com a possibilidade da criação do parque, desde que forças
vivas do município se unissem para este fim.
Chegamos onde estamos. Permanece
o sonho de um parque ecológico, onde o verde vença o cimento,
no qual a população possa caminhar, pedalar em ciclovias,
realizar atividades culturais e de educação ambiental.
Desta vez, acompanhado do receio de qual será a contrapartida,
quais os planos de um futuro empreendedor (se a venda da área
se consumar), e quais serão as conseqüências do empreendimento,
em termos de mais trânsito, problemas de água, qualidade
de vida.

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