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ÉTICA NO MEIO AMBIENTE

(Publicado no URTIGA 168 - julho/setembro 2005- pág. 1)


CONFIRMADO POR ASTRONAUTAS: A POLUIÇÃO JÁ ESCONDE NOSSO PLANETA. E EMPRENDIMENTOS CRIAM NOVOS PERIGOS PARA NOSSA MÃE TERRA.

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Editorial do Jornal Urtiga 168
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Pouca atenção se deu em abril a esta notícia: após quase sete meses a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas Salizhan Sharipov (russo) e Leroy Chiao (americano ) contaram, com tristeza, como se vê a Terra lá do espaço. Não é mais o Planeta Azul, descrito por Yuri Gagarin, primeiro homem a chegar lá há 44 anos. Nem só coberto por nuvens, como poetizou o compositor Caetano Veloso. Em 2005, os astronautas testemunharam escuras nuvens de poluição tampando nossa Mãe Terra. "Vimos a contaminação que a indústria produz. Especialmente no sudeste asiático, a cortina de fumaça nos impedia de fotografar a região", destacou o russo.

Terão eles visto, lá de cima, o desmatamento da Amazônia? Pela extensão do estrago, imaginemos que sim. Mas certamente, muitos desastres ambientais brasileiros, que até matam, são invisíveis do espaço sideral. No Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira (Petar), por exemplo, um inexplicado deslizamento de terra soterrou, além de quatro casas, uma caixa de contenção de rejeitos tóxicos da Plumbum, mineradora de chumbo. A região é famosa pelas belíssimas cavernas e exuberante mata atlântica. Os 30 mil turistas por ano são fonte de renda para a população local.

A Cetesb (agência ambiental paulista) já pedira medidas preventivas à empresa, para evitar contaminações. Nada se fez, não houve reação. Então, segundo a mídia, o deslizamento contaminou cursos d'água que abastecem a população, servem para a pesca e nado. Chumbo, como se sabe, pode causar gravíssimas doenças neurológicas.

Previsíveis, outros desastres estão por vir junto com grandes obras, cuja aprovação passa por estranhos meandros. Numa época em que a ética está em pauta, em que se vê o desperdício de dinheiro público em benefício de poucos, vale à pena citar pelo menos dois casos, noticiados na grande imprensa. Na divisa de Santa Catarina com Rio Grande do Sul, ambientalistas estão perdendo a luta para barrar o enchimento dos reservatórios da Usina de Barra Grande.

O estudo de impacto ambiental apresentado pela Baesa (Energética Barra Grande SA), foi aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), graças a mentiras. Cerca de 2,7 mil hectares de preciosa floresta primária de araucárias, com espécies ameaçadas de extinção, e outro tanto de florestas secundárias irão por água abaixo, literalmente. Mas o estudo só mencionou vegetação sem importância. Com falsas palavras, e sem verificação, veio a estranha autorização para encher o lago.

A verdade veio à tona, pela mídia. Foi escândalo nacional. Mas, em julho, por decisão do presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador Vladimir Passos de Freitas, o Ibama novamente pôde conceder a Licença de Operação à Hidrelétrica. Motivo? É que a obra teria consumido R$ 1,3 bilhão. Ao encher o reservatório, afogam-se, num único pacote, a ética, a crença de que dá para exigir seriedade nos estudos e obras públicas, e a sobrevivência de espécies que nunca mais teremos chance de conhecer!

O drama se repete com as 40 usinas hidrelétricas projetadas no rio Xingu. É importante área de floresta amazônica, habitada por dezenas de povos indígenas. A proposta é polêmica desde os anos 1970. Por isso, até nomes mudaram. O que se chamaria usina Kararao, agora é Belo Monte, nome mais light, para a primeira destas usinas.

Para que servirá tanta energia? Mostra um estudo do Instituto Socioambiental (socioambiental.org.br) que, segundo alguns, ela alimentaria o Sistema Elétrico Nacional. Mas outros revelam a intenção de garantir a produção de indústrias eletrointensivas, como cimento e alumínio. Não é à toa que a Companhia Vale do Rio Doce, com 4 indústrias de alumínio na região, mostrou interesse em participar do empreendimento.

Nas últimas décadas, o chamado progresso gerou mais conforto, sobretudo para classes privilegiadas. Mas a miséria, o desperdício e destruição de recursos naturais permanecem. Em nome do consumo, criam-se novos projetos que destroem a natureza e põem em perigo grupos humanos. Tudo com belos discursos, mas práticas... nem tanto. Num momento em que se fala de mudanças profundas na política, também aqui é momento de mudar

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