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SUSTENTABILIDADE ???

(Publicado no Urtiga 139 - julho/agosto 2000 - pág. 3)

clique aqui para mandar sua opiniãoEmpresas e consumidores ganham um novo vocabulário associado a posturas social e ecologicamente corretas:

vamos conferir?


(obs: ilustrações retiradas de
pesquisa da ONG belga META)

 
UM TEMA URGENTE       NOVOS CONCEITOS       HISTÓRIA       

MAIS AVANÇOS        MUITAS SIGLAS       E NÓS?       O PAPEL DOS PUBLICITÁRIOS      


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Pense nisso: a maior parte dos seres humanos vive na pobreza, sem o mínimo para uma sobrevivência digna. Mas, se os mais de 6 bilhões de seres humanos que habitam o Planeta Terra consumissem tanto quanto os ricos, no padrão norte americano de consumo, não sobrariam recursos naturais para esta, ou as futuras gerações sobreviverem. E mais, mesmo no atual padrão de consumo alguns recursos naturais estão se esgotando, como é o caso da água. Então, o que fazer?

Anuncio para consumidores engajados (fonte: META) Esta é a pergunta que estudiosos de diferentes partes do Planeta vêm tentando responder. Alguns partem de uma definição proposta pela Comissão Brundtland - formada em 1986 pela Organização das Nações Unidas (ONU) - que diz "Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades".

Mas outros questionam: será que atender necessidades é apenas oferecer alimentos, roupas, habitação, emprego? Ou devemos lembrar o teórico A. Gorz, que em 1978 comentou: "um camponês andino sem sandálias, um cidadão chinês sem bicicleta e um operário alemão sem condições de comprar um automóvel do ano, sentem a mesma sensação de pobreza"?

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NOVOS CONCEITOS


Acompanhando a complicada equação da sustentabilidade, há alguns anos a Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia do Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep-DTIE) começou a promover discussões em torno da produção e o consumo sustentáveis, através de encontros de gente de diferentes setores, de países ricos e pobres, que resultaram em vários documentos.

Num deles, escrito para um Encontro de Empresários em 1999*, há a seguinte constatação: no mundo em que vivemos, em que tudo está interligado, os padrões insustentáveis de produção e consumo terão consequências desastrosas tanto para os ricos, como para os pobres. Seria preciso redirecionar o desenvolvimento econômico, produzindo e consumindo diferentemente, para evitar a degradação ambiental e permitir melhorias na vida dos mais pobres.

Complicado? O documento admite que sim, apostando que todos devem participar deste desafio: governos, comunidades, pesquisadores, empresas, e outros. Mas constata: a pressão da sociedade (opinião pública) e de governos já gerou mudanças no mundo empresarial.

Um número crescente de empresas percebe que para permanecer no mercado deve assumir atitudes ecológica e socialmente responsáveis. Muitas fazem isso, através de iniciativas voluntárias. E, aí, os melhores resultados ocorreram quando 1- houve compromisso do alto escalão da empresa para viabilizar a proposta socioambiental, 2- foram envolvidos de todos os setores dentro da empresa (funcionários) e fora (fornecedores, por exemplo), 3- havia bom sistema de coleta de informações (por exemplo sobre consumo de energia e materiais), 4- investiu-se em inovações tecnológicas limpas, voltadas ao "ciclo de vida do produto".

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HISTÓRIA



Exemplo de apelo ecológico em anuncio (fonte: META) O documento do Unep-DTIE indica que o primeiro movimento para tornar as empresas mais ecológicas focalizou a produção. Ou seja, trabalharam para baixar o consumo de energia, matérias primas e produtos tóxicos, almejando ampliar a eficiência e reduzir o desperdício na fonte. É a filosofia ganha-ganha. Economizando recursos da natureza, gasta-se menos dinheiro, garantindo um retorno econômico a médio prazo.

Dentro deste espírito, alguns setores da ONU desenvolveram o conceito de Produção Mais Limpa (P+L), definida como "a aplicação contínua de uma estratégia ambiental para os processos de produção, produtos e serviços, para reduzir os riscos para as pessoas e o meio ambiente".

Seguindo raciocínio semelhante, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) passou a pregar a Ecoeficiência entre suas associadas, isto é, a "busca da satisfação das necessidades humanas e qualidade de vida aliada à redução progressiva dos impactos ambientais negativos em todo o ciclo de vida do produto".

Mais tarde, passou a se falar no pulo do sapo para empresas de países pobres, isto é, que elas poderiam evitar os erros que ocorreram nos mais desenvolvidos, adotando tecnologias limpas já descobertas.

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MAIS AVANÇOS


Mas a evolução não pára no ganha-ganha da produção. Acompanhe os avanços:

* Eco design - é o planejamento de produtos que permite a reciclagem ou o reuso. A Ford, por exemplo, desenhou peças de materiais naturais, para alguns modelos.

* Análise do ciclo de vida - um passo adiante do eco-design, estuda o produto em todas as fases: escolha da matéria prima, produção, distribuição, uso, descarte. Cada pessoa envolvida neste ciclo tem responsabilidades específicas, do nascimento do produto até o seu descarte.

* Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis - ainda mais ambicioso de que a análise do ciclo de vida, pensa também no papel que os produtos, sistemas ou serviços podem cumprir no futuro. Para desenvolver produtos sustentáveis, busca-se a participação das pessoas envolvidas em todas as fases do ciclo de vida do produto.

* Desmaterialização - outra noção inovadora, assume que podemos usar serviços baseados no conhecimento, em vez de produtos feitos com matérias primas palpáveis. O documento dá como exemplo algumas empresas petrolíferas, que já estudam fontes alternativas de energia, como a energia solar.

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MUITAS SIGLAS


Empresários modernos têm de entender muitas siglas. SGA - Sistema de Gestão Ambiental (EMS, em inglês), por exemplo, abarca um conjunto de instrumentos de gerenciamento empresarial através dos quais a empresa pode se tornar ambientalmente mais correta. Eis alguns deles: política ambiental, auditoria ambiental, informação e treinamento para entender as questões ambientais.

Com base no SGA, surgiram várias outras siglas relativas a certificações ambientais, onde as empresas adotam voluntariamente regras predeterminadas de gestão ambiental. Uma delas é a ISO 14.000, conjunto de normas proposto pelo Interntational Standart Organization. Outra, atende pelo nome EMAS (Environmental Management and Audit Scheme), proposto na União Européia. Mas há as empresas que preferem os Códigos de Conduta, isto é, compromissos públicos voluntários de seguir um conjunto de princípios predeterminado. Alguns destes códigos são auditados por grupos externos, por exemplo organizações de consumidores. inicio desta página




E NÓS?

anuncio apela para cuidados com planeta (Fonte: META) Empresas avançam em direção à produção sustentável quando as condições políticas, econômicas e sociais são favoráveis. O documento do Unep-DTIE aponta o papel do governo: além de estabelecer uma legislação ambiental, ele pode criar instrumentos econômicos favorecendo quem protege o meio ambiente e penalizando quem polui. Pode, ainda, ajudar a divulgar os Selos Ambientais.

Se o consumidor não compra, a empresa é obrigada a deixar de produzir, ou mudar seu sistema de produção. Esta força da sociedade civil é apresentada, no texto, através de um exemplo internacional: consumidores dos países avançados exigiram produtos ecologicamente confiáveis, forçando mudanças no setor produtivo de outros países. Alguns entendem as exigências ecológicas como restrição comercial, mas outros enxergaram uma oportunidade nisso: produzindo mais ecologicamente, empresas conquistaram mercado externo.

Escrito para um evento que ocorreria na Alemanha, o texto da Unep-DTIE volta ao "mundo real". quando informa que, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU, os 20% dos mais ricos nos países ricos são responsáveis por 86% do consumo. Os 20% mais pobres consomem 1,3% deste total. A concentração é apenas mais um dado relacionado ao consumo insustentável.

O texto conclui que nosso sistema de consumo não é único no mundo. Comunidades indígenas possuem um modo de vida bem diferente, que deveríamos estudar para chegar aos novos padrões sustentáveis de produção e consumo.


Fonte - Background Paper - 4. International Business Fórum - Sustainable Consumption and Production - Creating Opportunities in a Changing World - documento preparado em outubro de 1999 pela Carl Duisberg Gesellshaft e Programa de Meio Ambiente da ONU

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O PAPEL DOS PUBLICITÁRIOS

O publicitário é o meio de campo entre quem produz (empresas) e quem consome (consumidor). Tem portanto um papel fundamental na conscientização em direção ao Consumo Sustentável. Com base nisso, a Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep-DTIE) criou um Centro voltado à Publicidade e Consumo Sustentável.

energia: um campo onde o consumo sustentável já é apelo (fonte: META)Das discussões e primeiras pesquisas, detectou-se que - apesar de poucos publicitários terem percebido isso - o consumo sustentável já faz parte de algumas campanhas, por exemplo de empresas do setor energético, de água, produção de alimentos, financeiras, de lazer, entre outros. Também está nas campanhas de ONGs, e nas "novas mídias", como é o caso de vários sites de grandes empresas. Para o consumidor, o tema se relaciona à ética empresarial e ao respeito ambiental. Quer dizer, não representa um luxo supérfluo, e sim uma aspiração em relação a quem lhe fornece produtos e serviços.

A ONG belga Media, Ecology Technology Association (Meta) já iniciou um levantamento de campanhas no mundo que abordam o tema. Aderindo à proposta a Associação Européia das Agências de Publicidade também começa a produzir um Banco de Dados de Campanhas voltadas ao Consumo Sustentável. E a Associação Brasileira das Agências de Publicidade estuda como seguir este caminho, disseminando o tema no país.


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