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NOSSAS ÁVORES URBANAS

símbolos da vida, muitas só restam na memória

(Publicado no Urtiga 138 - mai/jun 2000)


  1. TODO DIA É DA ÁRVORE
  2. CASAMENTO FELIZ, FIM TRÁGICO
  3. A RUA DOS IPÊS-ROXO
  4. A SOLITÁRIA FIGUEIRA
  5. SOU BARRIGUDA, E DAÍ?
  6. UMA HISTÓRIA DE FINAL FELIZ
  7. A IMPONENTE MANGUEIRA
  8. PRAÇA BOM JESUS: HISTÓRIA TRISTE
  9. QUE FUTURO, DAS ÁRVORES DE ITU?
  10. O ARTISTA E SEU LIVRO
  11. MAIS: PRAÇAS AMEAÇADAS DE ITU
muitas já se perderam, outras tem de ser salvas


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TODOS OS DIAS SÃO DIAS DAS ÁRVORES...
e do meio ambiente....

MATANÇA

"Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra
O ar que ser respira
E a clorofila das Matas Virgens
Destruídas bom lembrar
Que quando chegar a hora
É certo não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem nos pode salvar

É Caviúna, Cerejeira, Baraúna,
Imbuia, Pau D'Arco, Solva,
Juazeiro, Jatobá,
Gonçalo Alves, Paraíba, Itaúba,
Louro, Ipê, Paracaúba,
Peroba, Maçaranduba,
Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro,
Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá,
Pau-ferro, Angico, Amargoso, Gameleira,
Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá.

poesia do músico popular Jatobá

Você sabia que o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, começou a ser comemorado em 1972, para lembrar a Primeira Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano? Desde então, junho passou a ser o Mês do Meio Ambiente. Uma curiosidade: exatamente cem anos antes, em 1872, o Estado de Nebraska, nos Estados Unidos, promoveu seu primeiro Dia da Árvore. No Brasil, esta comemoração começou em 1901.

Para lembrar que todos os dias são "Dia da Árvore" e "Dia do Meio Ambiente", Urtiga abre espaço, nesta edição, para as árvores urbanas de Itu. Com a ajuda do artista Carlos Rubens Gírio, autor do livro Paisagens de Itu e sua história*, selecionamos sete árvores, ou conjuntos de árvores, verdadeiros monumentos naturais. Algumas tornaram-se parte da História, existem hoje apenas em desenhos e fotografias. Também buscamos George Neves, advogado apaixonado por árvores e membro do Conselho Fiscal da AIPA - Associação Ituana de Proteção Ambiental. Ele enumerou outras árvores de duas praças ituanas. São plantas nobres, em parte protegidas pela legislação brasileira. Mas algumas foram recentemente destruídas em nome do que a Administração Municipal chamou de "revitalização". Outras, estavam ameaçadas, quando do fechamento desta edição, como você poderá conferir, nesta reportagem de Nathalia Paccola.

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Casamento feliz, mas fim trágico

A ficheira e a primavera Nossa primeira homenageada é uma velha e alta Ficheira, ou Guapuruvu (Schiszolobium parahyba), que resistiu imponente durante muitos anos na praça Duque de Caxias, em frente ao Quartel de Itu - 2.º GA CAP. Essa árvore fez história na vida de muitos ituanos. Ela até ajudou muita gente a entender a difícil matemática Todas as manhãs, estudantes do Grupo Escolar apanhavam da árvore suas fichas para aprender tabuada. Por muito tempo a prestativa Ficheira consagrou a sua beleza junto da Primavera, formando um belíssimo cartão-postal. A primeira cedeu sua copa para que as flores vermelho-vivo da Primavera pudessem florescer com toda exuberância. Essa junção de árvores já foi cenário para fotografias de casamento. Mas, a natureza levou embora esta bela obra natural: uma tempestade derrubou-a recentemente


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A rua dos ipês-roxo

um dos ipes - ilustração Carlos Gírio Todos os invernos, os moradores da rua Quintino Bocaiúva eram presenteados com o florescer dos ipês-roxo (Tabebuia impetigenosa), árvores presentes em toda extensão desta via urbana. A ilustração de Carlos Gírio, no seu livro, ressalta o sobrado de esquina, o bar e a mercearia Glória, mais conhecida como bar do Piotto. "Com a construção desse prédio, em 1934, seu proprietário o Sr. Antonio Piotto, tornou-se o pioneiro e desbravador do novo bairro, que hoje integra a região central de nossa cidade". Esta bela integração da natureza no meio urbano hoje não está mais presente. Há algum tempo, a maioria das árvores foi reduzida a tocos de caule secos. Mais um aglomerado de beleza viva que não encontramos mais.


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A solitária Figueira

figueira centenária no desenho de Carlos Gírio Vale a pena recontar a história dessa Figueira (Ficus lyrata), que nos foi contada por Carlos Gírio: em meados desse século, no comecinho da Estrada do Jacuhú, havia uma chácara do Dr. José Elias Pacheco Jordão, um terreno muito grande próximo onde hoje é a igreja de São Cristóvão. No meio do eucaliptal que ali existia, junto de um barranco da estrada, nasceu um pé de figo. Com a venda desta chácara, em 1903, para o Asilo de Mendicidade Nossa Sra. da Candelária, o bosque de eucaliptos desapareceu, surgindo ruas, loteamentos, casas. Nossa figueira resistiu até mesmo aos melhoramentos públicos e ao asfalto. A antiga estrada passou a se chamar rua Dr. Graciano Geribello. Uma travessa, bem ao lado da árvore, recebeu o nome de rua Professora Abgail Alves Pires. Esta velha figueira, salva várias vezes de atentados incendiários contra seu tronco, permaneceu imponente a contemplar o bairro que viu nascer.

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Sou barriguda, e daí?

Barriguda da rua Sergipe retratada por Carlos Gírio Uma árvore apelidada de "barriguda" é nossa terceira homenageada. Trata-se da paineira (Chorizia speciosa) que se encontra na rua Sergipe, pertinho da avenida Brasil Bernardini. Em seu tronco espinhento ela tem uma "barriguinha" saliente, característica da espécie. Seus frutos, quando se abrem, oferecem paina, mais macia de que algodão, que antigamente era usada no enchimento de colchões e travesseiros. Carlos Gírio também destaca outras "barrigudas" fora da área urbana: há um belo bosque de paineiras, no km 89 da Rodovia Washington Luis (Estrada Parque), entrada da centenária Fazenda da Serra, pertencente à família Hacker.


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Uma história de final feliz

Árvores salvas na Avenida Marginal, por Carlos Gírio Na década de 50 várias mudas de árvores foram plantadas ao longo das margens do córrego do Taboão, pelo Sr. João Brancalhoni. Entre elas, havia mudas de pau-brasil, ipê-roxo e amarelo, salgueiro e carvalho. Como conta o livro Paisagens de Itu, quando se começou a construir a avenida Octaviano Pereira Mendes, a empreiteira resolveu arrancar as árvores para facilitar a execução da obra. Procurando preservar o arvoredo plantado pelo seu pai, que falecera em 1981, o Sr. Antônio Luiz recorreu a várias entidades, entre elas a AIPA, e até um abaixo-assinado foi feito. Com tanto esforço, conseguiu interromper a derrubada das árvores, que hoje ornamentam a avenida, principalmente junto à ponte da alameda Barão do Rio Branco. Uma história com final feliz.


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A imponente mangueira

Mangueira e colégio centenários, na visão de Carlos Gírio Uma homenagem centenária. A bela mangueira se impõe triunfante até hoje no pátio do Colégio do Patrocínio, das irmãs da Congregação de São José. O artista Carlos Gírio conta a história dessa árvore: "...a irmã Maria Angelina, recém vinda da França, após chupar uma manga, achou o fruto delicioso e resolveu plantar seu caroço. Deste gesto nasceu uma plantinha que cresceu e tornou-se essa vigorosa e exuberante mangueira". Uma placa, ao pé da árvore também conta a sua história: "Essa mangueira secular, plantada pelas primeiras irmãs de São José que a velha França nos mandou, cresceu sob o olhar cuidadoso de madre Maria Teodora, produziu, anos a fio, saborosos frutos, e, continua sua missão de servir, dando sombra a quem lhe aproxima e agasalhando a passarada que, sob sua verde galharia, esconde seus ninhos e, outrossim, seus tenros filhotes. Essa mangueira foi plantada pela irmã Angelina Achar, em 1860". Esta árvore representa tanto para alunos e ex-alunos da escola, que foi capa da revista Campo e Cidade, de abril/2000, dedicada ao Colégio. Uma curiosidade: trata-se de uma espécie (família das Anacardiáceas) importada da Ásia, nos tempos de Brasil Colônia.


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Praça Bom Jesus - uma história triste

Detalhe - praça Padre Anchieta, por Carlos Gírio Parece sina. O primeiro espaço ituano a ser arborizado foi o largo do Bom Jesus, cujo nome oficial hoje é Praça Padre Anchieta. Em 1844, o vereador Felix dos Santos Brasil, através de um pedido aprovado pela Câmara, plantou casuarinas (Casuarina esuisetifoliea)neste espaço. Acontece que esta espécie atinge até 10 metros de altura e sua copa pode chegar a 6 metros de diâmetro. Os problemas causados por suas folhas levaram jesuítas e demais moradores do largo a reivindicarem à Câmara a retirada dessas árvores, fato efetuado em 1877.

O livro de Carlo Gírio narra a segunda tentativa para a arborização do largo: "ocorreu em abril de 1878, quando o Sr. Tristão Mariano da Costa, com as devidas autorizações da Câmara, igreja e dos quatro moradores ali residentes, plantou outras árvores. Todavia, quando crescidas tiveram o mesmo fim que suas antecessoras".

Foi só no final dos anos 1920, como relata o livro, que o prefeito Edgardo Pereira Mendes mandou ajardinar o largo e plantou sibirunas (Caesaplinea), tipuanas (Tipuana tipu), chapéus-de-sol (Terminalia ssp), ipês-amarelo entre outras árvores que, até o fechamento desta edição, ainda lá persistiam. A praça está fechada por tapumes, por ordem do Prefeito Leonel Salvador, que anunciou um plano de "revitalização das praças ituanas". "Revitalização" esta, que começou com a destruição de importantes árvores na Praça Padre Miguel (da Matriz), gerando a indignação dos ituanos.




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O ARTISTA E SUA OBRA

Carlos Girio - foto: Nathalia Paccola"Paisagens de Itu e sua história" é produto da pesquisa de Carlos Rubens Gírio, aue retratou os principais monumentos de Itu, inclusive suas árvores mais importantes, reunindo os trabalhos em livro publicado pela Editora Ottoni, em 1997. Para os exemplares comercializados através da AIPA, a editora doará uma porcentagem do valor aos projetos ecológicos da Associação. Informações: consulte, clicando aqui , ou telefonando para 11-7826.1320 (13 às 16h30), ou 11-(11) 3887.2423 (8 à 13h).

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Qual o futuro das árvores da cidade?

será que vamos perder vocês??? Sem aviso prévio, alegando autorização do Patrimônio Histórico (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan e Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado - Condephaat), na calada da noite, por ordem da Administração Municipal, grande parte das árvores da Praça Padre Miguel foi friamente abatida nos últimos dias de março, como já relatou Urtiga 137, de março/abril 2000 (clique aqui, para conferir a notícia).

Outras duas praças estão fechadas total ou parcialmente por tapumes e suas árvores, ameaçads. São árvores que forneciam sombra, abrigavam aves, ornamentam a praça, sendo uma parada para ituanos e turistas, que buscavam um local fresco para descansar, conversar, observar o movimento da cidade, comprar lembranças de Itu.

O artista Carlos Gírio é um dos que lamentam a atitude da prefeitura. Ele descreve, ainda, como uma árvore em especial pode marcar a vida e deixar saudades: "Eu e minha esposa costumávamos nos sentar perto de uma velha figueira da praça Padre Independência. Ela nos servia de sombra nos dias de sol e abrigo quando chovia. Esse era nosso cantinho e não o temos mais. Nossa árvore secou. No seu lugar existe agora uma acácia que não sabemos se sobreviverá à reforma."

Urtiga tentou saber quantas árvores foram destruídas por este projeto e quantas ainda serão. Alie Marie Dias de Queiroz Prado Garcia, da Secretaria Municipal de Gestão e Planejamento, declarou que não informaria o número de plantas ou as espécies sacrificadas, pois sabia o que aconteceria se fizesse isso. Mas não quis dizer o que aconteceria. Apenas anunciou que para cada árvore retirada serão plantadas dez mudas nativas. Não disse onde: vagamente explicou que será "em locais que o Departamento de Meio Ambiente irá determinar".

A "reinauguração" da praça Padre Miguel está prevista para o dia 13 de julho. A da praça Padre Anchieta será antes: meados de junho, antes portanto do fechamento desta edição. Vamos esperar pra ver.
 


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