URTIGA
EDIÇÕES ANTERIORES
MAIS SOBRE O URTIGA
NOTÍCIAS DA AIPA
DOCUMENTOS COLETIVO CONSEMA


   

VACA LOUCA E OUTROS MALES

(Publicado no Urtiga 143 - março/abril 2001- pág. 1)

Desenho Dian Storch
Centenas de milhares de animais
sacrificados na Europa, em nome
do mal da vaca louca e da aftosa.
Os perigos e efeitos desta atitude.
......................................................................

Editorial do Jornal Urtiga 143
leia e clique aqui para...
mandar sua opinião
...............................

EXTERMINANDO ANIMAIS x SUICIDIOS            AFTOSA - POR QUE MATAR?

ENTENDENDO A VACA LOUCA           MUITO CUIDADO!!!            GENOMA

I magens chocantes chegaram aos veículos de comunicação, com a notícia de que a febre aftosa voltou a atacar criações na Europa, depois de ter sido erradicada daquele continente. Centenas de milhares de animais sadios passaram a ser sacrificados na Inglaterra pela simples possibilidade de contraírem a doença, já que viviam em áreas onde existiria o vírus transmissor.

Sem destaque, também se noticiou o aumento de suicídios entre proprietários de terra das regiões afetadas. Não é para menos: para quem dedica sua vida à criação de animais, eles representam quase sempre mais de que a fonte de renda para viver. Cria-se um elo emocional. Mais: é preciso muito investimento e acompanhamento dos animais, de geração em geração, para garantir melhorias em produtividade. As conquistas geram satisfação profissional. Tudo isso se perde ao matar um rebanho. Além do mais, os proprietários de terra foram isolados, como se fossem perigosos portadores de uma vergonhosa doença.

inicio desta página AFTOSA - Conhecida como moléstia altamente contagiosa entre bovinos (o vírus transmissor tem capacidade de viajar, por ar, 50 quilômetros), a febre aftosa também afeta porcos, cabras, ovelhas e animais silvestres. Apesar de se divulgar que ela não passa para humanos, isto acontece, mesmo que raramente, sendo curável, em pessoas e animais. Para criadores, a principal conseqüência é queda de produtividade. A carne fica imprópria para consumo humano.

Antigamente, o combate à aftosa consistia na vacinação preventiva nas áreas de ocorrência e tratamento dos animais contaminados. Mais recentemente, optou-se por matar espécimes contaminados. Quando se anunciou o procedimento de exterminar grandes rebanhos, mesmo que sadios, divulgou-se uma justificativa aparentemente comercial: na inspeção da carne, não daria para distinguir entre produto contaminado e o vacinado, pois ambos revelariam o mesmo anticorpo contra aftosa.

Será que estas medidas tão drásticas em relação à aftosa, adotadas em alguns países europeus, ocorrem pelo trauma gerado com o Mal da Vaca Louca, esta sim, uma doença pouco conhecida, que mata pessoas após muito sofrimento? E o que acontecerá, depois da perda de tantas criações? Como serão repostos os rebanhos?

inicio desta página ENTENDENDO A VACA LOUCA - Vale entender como surgiu a doença da vaca louca, ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Há algumas décadas começou-se a enriquecer a alimentação dos bovinos (que são naturalmente vegetarianos) com ração à base de ossos, medulas e miolos de ovinos (ovelhas). Só que, nesta ração, teriam entrado restos de ovinos com a doença scrapie. Foi assim que, nos anos 80, desenvolveu-se inicialmente na Inglaterra um novo mal nos bovinos. Alguns seres humanos começaram a ficar doentes a partir de 1990, com uma variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, que afeta o sistema nervoso central, provocando, por exemplo, demência progressiva associada a tremores musculares de extremidades, até a morte. Em 1996, o governo britânico admitiu uma possível conexão entre a doença da vaca louca e o desenvolvimento desta moléstia humana.

País onde tradicionalmente não se usam rações animais para alimentar rebanhos, o Brasil tinha focos de aftosa em algumas regiões, mas parecia imune à vaca louca. Só que, no início de fevereiro, surgiu a notícia de foco de scrapie em ovelhas do município de Candói, no Paraná. Logo veio a informação adicional de que o país não estaria comunicando a comunidade internacional sobre cuidados tomados para evitar a entrada da EEB, como as obrigatórias inspeções de animais importados e insumos. A disputa ganhou o tom político, sendo rapidamente amainada, como mostrou um artigo do professor Pedro Felício, sobre a disputa Brasil-Canadá relacionada à prevenção da doença.

  inicio desta página MUITO CUIDADO!!! - Entre consumidores, todas estas polêmicas vêm gerando dois efeitos. De um lado sobretudo nos países onde ocorre o mal da vaca louca - cresce o número de vegetarianos. Por outro lado, os métodos alternativos na agropecuária vêm ganhando adeptos no mundo todo. No Brasil, uma empresa já registrou a marca boi verde (para identificar animais que recebem determinados tipos de sais minerais, como suplemento à alimentação vegetal), e uma associação de produtores iniciou a campanha da carne natural (gado criado em pastos, sem suplementos alimentares de origem animal, aceitando-se a aplicação de carrapaticidas e antibióticos, ou venenos nos pastos). Ainda na pecuária, divulga-se a certificação de criação orgânica de animais, que proíbe inclusive o uso de antibióticos, agrotóxicos nos pastos e transgênicos.

A agricultura alternativa também ganha mais mercado, sobretudo quando o objetivo é exportar. No Brasil, pesquisas revelam que o público destes produtos é variado, apesar do preço mais caro (veja matéria das páginas centrais). É hora de recomendar atenção especial para a seriedade de quem produz, certifica e comercializa orgânicos. Afinal, também entre naturais poder-se-á levar gato por lebre.

inicio desta página GENOMA -Na mesma época da polêmica da vaca louca no Brasil, revistas científicas internacionais divulgaram os resultados do Projeto Genoma, que envolveu mais de 2 500 pesquisadores, de 20 grandes laboratórios (inclusive do Brasil). Descobriu-se que, em vez de 100 mil genes imaginados, nós, humanos, possuímos só cerca de 32 mil. Em outras palavras: temos apenas um terço a mais de genes que os nematóides (vermes do solo que atacam certos vegetais). Uma conclusão é que estamos mais próximos do resto dos animais do que se imaginava, partilhando grande parte do mesmo DNA com seres que taxávamos como formas primitivas de vida. Outra conclusão, é que falta muito para desvendar o mistério da vida. Apesar disso, o homem vai testando técnicas como clonagem e mutações genéticas em laboratório (transgênicos), sem ter compreensão real das conseqüências futuras destes atos.

 


VOLTAR

mande seu e-mail
Clique na imagem para mandar seu e-mail
com comentários, críticas, sugestões

inicio desta página
      Home   => Conheça a AIPA   => Jornal Urtiga    => Índice Urtiga 143