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ECO-92 - 10 ANOS DEPOIS

(Publicado no URTIGA 148 - janeiro/fevereiro 2002 - pags. centrais)

10 ANOS DEPOIS

DIAGNÓSTICO FEROZ

EVENTOS PARALELOS

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10 ANOS DEPOIS...

"Os atuais padrões insustentáveis de consumo precisam mudar, se quisermos nosso bem estar, no futuro, e o de nossos descendentes"

trecho da Declaração do Milênio da ONU


 

Com esta citação, começa um dos mais importantes documentos preparatórios da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, evento programado pela ONU (Organização das Nações Unidas), para ocorrer em Joanesburgo, capital da África do Sul, entre 26 de agosto a 4 de setembro de 2002.

Apesar de estar na fase preparatória, esta conferência mundial já tem dois apelidos oficiais: 1- Conferência de Joanesburgo, pela cidade onde será realizada, 2- Rio+10, devido ao objetivo de avaliar os resultados da Eco 92, promovida no Rio de Janeiro há dez anos. Não é a única ligação com o evento realizado no Brasil.

Como ocorreu por aqui há dez anos, a ONU prevê a participação de milhares de participantes na África, representando governos, empresas, ONGs, entre outros. Também como em 1992, o evento será dividido: as atividades oficiais acontecerão num local mais afastado da cidade, o Centro de Convenções Sandton, existindo outro espaço, Gallagher Estate, mais acessível à população destinado ao Fórum de ONGs (no Brasil, governos concentraram-se no Riocentro, de difícil acesso para o público, e o Fórum Global foi montado no Aterro do Flamengo).

A Comissão do Desenvolvimento Sustentável da ONU - formada pouco após a Eco-92 - é o Comitê Organizador. Como no evento de 1992, há um Comitê de Notáveis assessorando o Secretário Geral da ONU, Kofi Annan. São dez pessoas, duas de cada continente, que devem levantar questões importantes na fase de organização e de realização da Conferência. Nenhum brasileiro está neste grupo, que tem como representantes da América Latina duas mulheres: Iolanda Kakcabadsze, do Equador e Jocelyn Dow, da Guiana Inglesa.

Outra semelhança com a Conferência de 1992 está nos PrepCom, reuniões preparatórias de onde já sairão praticamente prontos os principais documentos a serem subscritos em Joanesburgo. Dois Prepcom já aconteceram em Nova Iorque: de 30/4 a 2/5/2001 e de 28/1 a 8/2/2002. O terceiro, também em nova Iorque, será entre 25/3 e 4/4. O último, e mais importante, terá endereço mais exótico: Indonésia, de 27 de maio a 7 de junho.

A Eco-92 resultou em cinco documentos: duas convenções (Mudanças Climáticas e Biodiversidade), duas declarações sem força de lei e um plano de ação, chamado de Agenda 21 (mais sobre estes documentos, nesta página). A Conferência de Joanesburgo - que retirou a expressão Meio Ambiente do nome oficial, restando o termo Desenvolvimento Sustentável - terá seu foco na Agenda 21.

Como explicam os organizadores no site oficial do evento: as melhores estratégias só podem ser consideradas assim, se funcionarem. A principal missão dos participantes do encontro em Johanesburgo será avaliar e propor práticas para melhor implementar a Agenda 21.

Outra fonte é o lixo (que gera o gás metano), praticamente não aproveitado nosso país para este fim (na Holanda, lixo já é considerado como importante fonte de energia).

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DIAGNÓSTICO FEROZ

ilustr-Hilde (detalhe) Já existe um documento em debate, preparado pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável, para a Rio + 10. Intitulado Implementando a Agenda 21, ele faz uma radiografia da situação do mundo e indica caminhos. Já no começo, reconhece que as medidas tomadas de 1992 para cá para proteger o ambiente não estão evitando o perigo de colapso. Um dos motivos é que meio ambiente e desenvolvimento ainda são vistos como assuntos separados, e os padrões de consumo continuam insustentáveis. Além disso, não se providenciaram recursos financeiros prometidos para implementar a Agenda 21.

O documento não poupa números. Lembra que o mundo chegou a 6 bilhões de pessoas em 2000: 15% desta população vive nos países ricos, consumindo 56% dos produtos. Já os 40% de pessoas vivendo em países mais pobres, tem acesso a apenas 11% dos produtos.

Pobreza, subnutrição, falta de água e saneamento também são ilustrados com números assustadores, bem como suas conseqüências. Por exemplo, falta água e saneamento básico contribuíram para a malária se espalhar em 101 países, causando 1 milhão de mortes anuais. E, se a produção de alimentos cresceu, a forma de plantar favoreceu a degradação de ecossistemas: 2 bilhões de hectares de solo estão deteriorados. Isso equivale a 2/3 das áreas agrícolas do mundo!

A biodiversidade está ameaçada: mais de 11 mil espécies estão na lista de seres vivos em extinção, sendo que mais de 800 espécies foram extintas, em geral por causa da destruição dos ecossistemas onde viviam.

Ecossistemas marinhos são exemplo de devastação: 25% das áreas pesqueiras sofrem com a sobrepesca e 50% estão no limite. Além disso, os corais - verdadeiros berçários da vida - estão ameaçados: 27% já foram definitivamente destruídos.

O consumo de energia, em vez de cair, aumentou 10% no mundo, entre 1992 e 1999. Com isso, cresceu a emissão de gás carbônico, um dos principais vilões do aumento do efeito estufa. As tecnologias limpas avançaram, reconhece o estudo, mostrando que indústrias dos países ricos conseguem produzir o mesmo gastando 25% menos energia. Só que a quantidade produzida cresceu, implicando no aumento total de gasto de energia.

Além de entrar em detalhes nestas estas e em outras questões, o estudo menciona os acordos internacionais que vêm sendo estabelecidos e propõe dez linhas de ação, a serem adotadas a partir de Joanesburgo: 1- fazer a globalização trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável, 2- erradicar a pobreza e promover a sustentabilidade; 3- mudar padrões insustentáveis de consumo e produção; 4- promover saúde através do desenvolvimento sustentável; 5- promover o acesso à energia e à eficiência energética; 6- manejar ecossistemas e biodiversidade de forma sustentável; 7- gerenciar adequadamente os recursos hídricos; 8- favorecer financiamentos e transferência de tecnologias limpas; 9- promover iniciativas para o desenvolvimento sustentável especialmente na África; 10 - fortalecer o sistema internacional de governança para o desenvolvimento sustentável.

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EVENTOS PARALELOS

  Um evento que discute destinos do mundo perde importância se não atrair grupos de interesse, de diferentes áreas e regiões do planeta, para debates paralelos que influenciarão o principal. Reconhecendo a importância disso, os organizadores da Conferência de Joanesburgo abriram espaço para que eles aconteçam.

 

Mas as regras são rígidas para quem quiser promovê-los. Exemplos: 1- os organizadores deverão considerar o tema relevante para os objetivos do Encontro Mundial; 2- os eventos terão de ser abertos a todos interessados, mas só poderão ser propostos por organizações credenciadas pela ONU; 3- a prioridade máxima é para encontros intergovernamentais: para garantir que eles ocorram, o Comitê Organizador reserva-se ao direito de anular reuniões consideradas menos importantes; 4- impressos? Só se permitirá a distribuição daqueles diretamente relacionados à Conferência da ONU; 5- Alimentação? Só nos locais previamente indicados para este fim, jamais em salas de reuniões.

Aviso aos interessados: ainda é tempo de inscrever eventos. Até 8/4 para o último Prepcom (programado para o final de maio, na Indonésia), e até 1/7 para a conferência de Joanesburgo. A confirmação ocorre até um mês antes. Para inscrições ou mais informações o contato pode ser feito por e-mail, com Rod Holesgrove, (holesgrove@un.org), Zvet Basmajiev (basmajiev@un.org), ou Blanca Bugallo, (bugallo@un.org).

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