DOCUMENTOS COLETIVO CONSEMA

 

SEMEADOR DE FLORESTAS

(Publicado no URTIGA 159 - novembro / dezembro 2003 - pág. 3)


Aos 98 anos, Wolfgang Schmidt prossegue seu trabalho em prol do meio ambiente, que lhe valeu o prêmio Global 500 - consedido pela ONU em 1992 em nome de sua esposa, com quem foi casado por 70 anos . Ele foi destaque do Urtiga n° 7 (agosto/87), matéria que também reproduzimos aqui

EM 1987, PRIMEIRO CONTATO

TELEFONEMA EM 2003

PASSADO E PRESENTE

SÓ NO SITE:
QUITANDO A DÍVIDA COM A NATUREZA
(matéria do Urtiga de agosto/1987)



EM 1987, PRIMEIRO CONTATO

Foto: Embrapa Monistoramento por Satélite
Foto do casal Schmidt, em 1999, que ilustra seção do site da Embrapa Monitoramento por Satélite, com tudo sobre o Arboreto da fazenda Sta Mônica,
(www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html

Ele foi personagem desta página do Urtiga, na edição n.° 7, de agosto de 1987. Só cinco anos mais tarde, em 1992, durante a Eco 92, receberia o reconhecimento internacional do Programa de Meio Ambiente da ONU, através do importante Prêmio Global 500, concedido à esposa, a brasileira Anésia do Amaral Schmidt, em nome de quem estava registrada a fazenda Santa Mônica, onde vive até hoje.

A reportagem mostrou como nosso personagem, Wolfgang Schmidt, nascido em 1905 na Alemanha, transformou sua vida em 1942. Antes disso, vivera como exportador de madeiras no Brasil. Só que, com o início da 2.ª Guerra Mundial, proibiram-no de exercer a atividade, por ser alemão. Ele comprou esta fazenda, situada no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas. E decidiu quitar sua dívida com a natureza, plantando árvores. Não monoculturas de pinus ou eucaliptos, mas matas mistas, com espécies brasileiras, um experimento inédito no país.

Na primeira tentativa, foram intercaladas 23 espécies brasileiras em meio alqueire de terra. Deu tão certo, que logo nasceram espontaneamente espécies diferentes, cujas sementes provavelmente foram trazidas por aves ou pelo vento. No final da guerra, a opção do casal foi permanecer na fazenda, situada numa bela região, cheia de morros suaves, rios e campos. Na frente da sua centenária casa, hoje se vêm três frondosos paus-ferro, plantados em homenagem aos três filhos, que lá cresceram.

Em 1987, aos 83 anos, Schmidt relatou a Urtiga que, por motivos ignorados, algumas árvores deste primeiro talhão haviam secado, o que obrigou a um corte seletivo, para retirar os exemplares mortos. A madeira de cada árvore morta lotou um caminhão: "Se eu tivesse plantado só milho no mesmo espaço, durante 40 anos, você acha que eu teria tido o mesmo rendimento?", perguntou na ocasião.

Schmidt continuava selecionando áreas da fazenda para novos plantios de essências nativas. Além disso, para facilitar a coleta de sementes, estava formando uma alameda de árvores, num caminho até uma cachoeira da fazenda. Em 1987, esta alameda já continha 80 espécies.

 

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TELEFONEMA EM 2003


Foi um telefonema de Schmidt ao presidente da AIPA, em setembro deste ano, que motivou nova
Foto: Embrapa Monistoramento por Satélite
Mais uma imagem do site Embrapa Monitoramento por Satélite - floresta em crescimento (talhão 2) (www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html)

visita à Fazenda Santa Mônica. Aos 98 anos, viúvo (Anésia faleceu no início do ano, aos 95 anos, 70 de casamento), ele continua apostando na ajuda humana para regenerar áreas degradadas.

"Agora temos um viveiro de árvores nativas, e estamos vendendo mudas para quem se disponha a recuperar a natureza", comentou, revelando ter 160 espécies a oferecer, entre árvores ornamentais, frutíferas, e nativas.

A chuva forte, no dia da visita, tornou impossível percorrer as áreas de mata mista, cultivadas pelo casal Schmidt ao longo de seis décadas, que hoje servem como campo de pesquisas de diferentes instituições. Fotos destas áreas podem ser conferidas, num site sobre a fazenda desenvolvido por uma destas instituições - a Embrapa Monitoramento por Satélite (http://www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html). Além do histórico do local, o site apresenta os 14 talhões de mata, com fotos, listas de espécies cultivadas, e resultados atingidos, nestas décadas.

Foto: Embrapa Monistoramento por Satélite
Exemplares de madeira da Xiloteca na foto da Embrapa Monitoramento por satéilte.
(www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html

Schmidt aproveitou o tempo chuvoso, para mostrar suas coleções. Sua biblioteca tem mais de 250 publicações especializadas: "Tenho livros raros, que pesquisadores encontram só aqui", orgulha-se, exibindo também a xiloteca.

Trata-se de uma coleção de amostras de madeira, com tamanho padrão de 1,5 x 7,5 x 0,5 cm, que permitem conhecer a cor, textura e outras qualidades de cada espécie. Guardada num móvel que ele construiu com suas próprias mãos, sua xiloteca tem 220 exemplares, todos identificados.

 

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PASSADO E PRESENTE

"Quando mudamos para a Fazenda Santa Mônica, toda a vida era relacionada à estrada de ferro,
Foto: Embrapa Monistoramento por Satélite
Fazenda Santa Mônica sede, em foto também publicada no site da Embrapa Monitoramento por Satélite (www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html)

construída no passado pelos fazendeiros, para escoar a produção (principalmente café). Foi o primeiro trem movido à eletricidade! Por muitos anos, tudo o que produzíamos, seguia de trem para o destino final. Também meus filhos, junto com todos jovens da região, iam para a escola, em Campinas, com este trem.", recorda Schmidt, concluindo que a desativação da via férrea mudou a vida de toda comunidade. "Foi uma decisão burocrática, tomada em um escritório central, por pessoas que não levaram em conta o papel social, além do econômico, que a estrada de ferro tinha", conclui este colecionador de histórias da região.

Outra história de Wolfgang Schmidt: no tempo de Dom Pedro II, quando Campinas já tinha importantes fazendas de café, havia uma farmácia, do Zé da Botica, para quem nenhum fazendeiro dava muita atenção. Um dia, o Imperador visitou a região, sendo recebido pelos proprietários de terra, com todas as honras. Num determinado momento, o Chefe de Estado perguntou por uma pessoa, e todos se entreolharam, tentando adivinhar quem seria. Até que alguém lembrou: "Deve ser o Zé da Botica". Foi só então que descobriram que o humilde farmacêutico era, na verdade, um conhecedor de botânica com fama internacional, que saiu com o imperador, para mostrar-lhe as árvores nativas da região.

(Para lembrar: a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, que muitos pensam ser nativa, foi plantada no século 19, por ordem de Dom Pedro II)

Foto: Embrapa Monistoramento por Satélite
Detalhe do viveiro da Santa Mônica, na foto que ilustra página sobre o tema, do site da Embrapa Monitoramento por satéilte.
(www.arboretos.cnpm.embrapa.br/faz_sm/index.html
)

Voltando aos dias de hoje, Schmidt dá detalhes sobre o viveiro da Fazenda Santa Mônica: "Grande parte das sementes, é coletada aqui mesmo, em nosso arboreto", diz, ressaltando a importância de conhecer a procedência das espécies, ao se plantar árvores. Outra aposta, é no sistema de formação de mudas. Muitos viveiros adotaram os tubetes, pequenos invólucros de plástico rígido que obrigam a transferência das plantas para o campo num tamanho muito menor, gerando mais perdas.

Na fazenda Santa Mônica (e também no viveiro da AIPA) mantém-se o sistema tradicional, com invólucros em plástico maiores, que permitem o melhor desenvolvimento das mudas, para que cheguem ao campo mais vigorosas e resistentes.

 

 

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QUITANDO SUA DÍVIDA COM A NATUREZA...

Há algumas décadas, Wolfgang Schmidt, ex-exportador de madeira,
Foto: Embrapa Monitor. por Satélite - www.arboretos.cnpm.embrapa.br/
faz_sm/index.html
)

resolveu saldar sua dívida com a natureza.

E começou a plantar florestas em sua Fazenda Santa Mônica, misturando dezenas de espécies de árvores. Foi uma experiência pioneira no país, cujos resultados ele relata a Urtiga....

Clique aqui, para ler na íntegra desta matéria, publicada em agosto de em 1987 no Jornal Urtiga


 

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