CARTA DE BELGRADO
Documento
internacional de 1975, que avalia prioridades, avanços e carências
na área da Educação Ambiental, sendo considerado
um documento importante para a área. Confira!.
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"Nossa geração tem testemunhado um crescimento econômico e um processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram benefícios para muitas pessoas, produziram também serias conseqüências ambientais e sociais. As desigualdade entre pobres e ricos nos países, e entre países, estão crescendo e há evidências de crescente deterioração do ambiente físico num escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas por número pequeno de países, afetam toda humanidade. A recente Declaração das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica Internacional atenta para um novo conceito de desenvolvimento – o que leva em conta a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra, pluralismo de sociedades e do balanço e harmonia entre humanidade e meio ambiente. O que se busca é a erradicação das causas básicas da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação. Não é mais aceitável lidar com esses problemas cruciais de uma forma fragmentária. É absolutamente vital que os cidadãos de todo o mundo insistam a favor de medidas que darão suporte ao tipo de crescimento econômico que não traga repercussões prejudiciais às pessoas; que não diminuam de nenhuma maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente. É necessário encontrar meios de assegurar que nenhuma nação cresça ou se desenvolva às custas de outra nação, e que nenhum indivíduo aumente o seu consumo às custas da diminuição do consumo dos outros. Os recursos do mundo deveriam ser utilizados de um modo que beneficiasse toda a humanidade e proporcionasse a todos a possibilidade de aumenta da qualidade de vida. Nós necessitamos de uma nova ética global – um ética que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos. Mudanças significativas devem ocorre em todas as nações do mundo para assegurar o tipo de desenvolvimento racional que será orientado por esta nova idéia global – mudanças que serão direcionadas para uma distribuição eqüitativa dos recursos da Terra e atender mais às necessidades dos povos. Este novo tipo de desenvolvimento também deverá requerer a redução máxima dos efeitos danosos ao meio ambiente, a reutilização de materiais e a concepção de tecnologias que permitam que tais objetivos sejam alcançados. Acima de tudo. Deverá assegurar a paz através da coexistência e cooperação entre as nações com diferentes sistemas sociais. A redução dos orçamentos militares e da competição na fabricação de armas poderá significar um ganho substancial de recursos para as necessidades humanas. O desarmamento deveria ser o objetivo final. Estas novas abordagens para o desenvolvimento e a melhoria do meio ambiente exigem reordenações das prioridades regionais e a nacionais. As políticas de maximização de crescimento econômico, que não consideram suas conseqüências na sociedade e nos recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de vida, precisam ser questionadas. A reforma dos processos e sistemas educacionais é central para
a constatação dessa nova ética de desenvolvimento
e ordem econômica mundial. Governantes e planejadores podem ordenar
mudanças e novas abordagens de desenvolvimento e podem melhorar
as condições do mundo, mas tudo isso se constituíra
em soluções de curto prazo se a juventude não receber
um novo tipo de educação. Isto vai requerer um novo e produtivo
relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a comunidade
entre o sistema educacional e a sociedade.
A Recomendação 96 da Conferência de Estocolmo sobre
o Ambiente Humano nomeia o desenvolvimento da Educação Ambiental
como um dos elementos mais críticos para que se possa combater
rapidamente a crise ambiental do mundo. Esta nova Educação
Ambiental deve ser baseada e fortemente relacionada aos princípios
básicos delineados na Declaração das Nações
Unidas na Nova Ordem Econômicas Mundial.
É dentro desse que devem ser lançadas as fundações
para um programa mundial de Educação Ambiental que possa
tornar possível o desenvolvimento de novos conceitos e habilidades,
valores e atitudes, visando a melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente,
a elevação da qualidade de vida para as gerações
presentes e futuras."
Carta elaborada ao final do encontro realizado em Belgrado, Iugoslávia, em 1975, promovido pela UNESCO, conhecido como Encontro de Belgrado, este documento continua sendo um marco conceitual no tratamento das questões ambientais." |