"Nós,
participantes de organizações governamentais, intergovernamentais
e não-governamentais, e da sociedade civil de 90 países
presentes na 'Conferência Meio Ambiente e Sociedade: Educação
e Consciência Pública para a Sustentabilidade', organizada
pela UNESCO e o governo da Grécia entre 8 e 12 de dezembro de 1997,
adotamos a seguinte Declaração:
Considerando que:
- As recomendações
e ações da Conferência de Belgrado de Educação
Ambiental (1975), da Conferência Intergovernamental de Educação
AMbiental de Tbilisi (1977), da Conferência de Educação
Ambiental. de Moscou (1987) e da Conferência de Educação
e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
realizada em Toronto (Canadá, 1992) ainda não foram
totalmente exploradas.
- O progresso insuficiente
observado, cinco anos após a Conferência da ONU sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), reconhecido pela comunidade
internacional.
- A Conferência
de Thessaloniki foi beneficiada por numerosos encontros regionais
e nacionais, durante o ano de 1997, na índia, Tailândia,
Canadá, México, Cuba, Brasil, Grécia e países
mediterrâneos, entre outros.
- A visão
da Educação e Conscientização Pública
foi enriquecida por Conferências da ONU: sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992), Direitos Humanos (Viena,
1993), População e Desenvolvimento (Cairo, 1994), Desenvolvimento
Social (Copenhagen, 1995), da Mulher (Beijing, 1995), Assentamentos
Humanos (Istambul, 1996), bem como pela 15r Assembléia Geral
da ONU (1997). Os planos de ação dessas conferências,
bem como o programa de trabalho estabelecido pela Comissão
de Desenvolvimento Sustentável em 1996, devem ser implementados
pelos governos das nações, pela sociedade civil (incluindo
organizações não-governamentais, juventude, empresas
e comunidade educacional), pelo sistema das Nações Unidas
e outras organizações internacionais.
Reafirmamos
que:
- Para atingir
a sustentabilidade, são requeridos enormes esforços
de coordenação e integração num grande
número de setores e uma mudança radical nos comportamentos
e estilos de vida, incluindo-se a mudança nos padrões
de proteção e de consumo. Para tal, reconhece-se a educação
apropriada e a conscientização pública como pilares
da sustentabilidade, ao lado da legislação, economia
e tecnologia.
- A pobreza toma
mais difíceis a promoção da educação
e de outros serviços e favorece a explosão demográfica,
bem como a degradação ambiental. A redução
da pobreza é, portanto, um objetivo essencial e indispensável
para atingir a sustentabilidade.
- Um processo coletivo
de aprendizado, as parcerias, a participação paritária
e o diálogo contínuo são requeridos entre os
governos, autoridades locais, comunidade educacional e científica,
empresas, consumidores, organizações não-governamentais,
mídia e outros atores sociais, para que se atinja a conscientização
e se busquem alternativas, bem como se atinja a mudança de
comportamentos e estilo de vida, incluindo padrões de consumo
e produção na direção da sustentabilidade.
- A educação
é um meio indispensável para propiciar, a todas as mulheres
e a todos homens do mundo, a capacidade de conduzirem suas próprias
vidas, exercitarem a escolha e a responsabilidade pessoal e aprenderem
através de uma vida sem restrições geográficas,
políticas, culturais, religiosas, lingüísticas
ou de gênero.
- A reorientação
da educação como um todo em direção à
sustentabilidade envolve todos os níveis de educação
formal, não-formal e informal, em todas as nações.
0 conceito de sustentabilidade não se restringe ao ambiente
físico, mas também abrange as questões da pobreza,
população, segurança alimentar, democracia, direitos
humanos e paz. Sustentabilidade é, enfim, um imperativo moral
e ético no qual a diversidade cultural e o conhecimento tradicional
precisam ser respeitados.
- A Educação
Ambiental deve ser implementada de acordo com as orientações
de Tbilisi e de sua evolução a partir das questões
globais tratadas na Agenda 21 e nas grandes Conferências da
ONU, que também abordaram a educação para
a sutentabilidade. Isso permite a referência à educação
para o meio ambiente e a sustentabilidade.
- Todas as áreas
temáticas, inclusive as ciências humanas e sociais, devem
incluir as questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento
sustentável. Para tanto, referir-se à sustentabil idade
requer um direcionarnento interdisciplinar e holístico, que
reúna diferentes disciplinas e instituições,
ao mesmo tempo em que respeita suas distintas identidades.
- Enquanto o conteúdo
básico e a base de ação para a sustentabilidade
e a conservação do meio ambiente já foram amplamente
divulgados, a tradução destes parâmetros em ação
deverão considerar os contextos local, regional e nacional.
A reorientação da Educação como um todo,
indicada no capítulo 36 da Agenda 21, não poderá
ser atingida pela comunidade de educadores, isoladamente.
Nós
recomendamos que:
- Governos e líderes
de todo o mundo honrem os compromissos já assumidos durante
as Conferências da ONU e dêem à Educação
os meios necessários para que esta cumpra seu papel pela busca
de uma fatura sustentabilidade.
- Sejam elaborados
planos de ação para a educação formal
para o meio ambiente e sustentabilidade, com objetivos concretos e
estratégias também para a educação não-formal
e informal nos níveis nacional e local. A educação
deve se tomar uma parte das iniciativas de promover as Agendas 21
locais.
- Conselhos Nacionais
para o Desenvolvimento Sustentável e outros órgãos
relevantes atribuam à educação, à conscientização
pública e ao treinamento papéis centrais, incluindo,
para tal, uma coordenação entre os ministérios
e outras entidades, e segmentos representativos da sociedade.
- Governos e instituições
financeiras, internacionais, nacionais, ou regionais, assim como o
setor produtivo, mobilizem recursos adicionais e incrementem seus
investimentos em favor da educação e conscientização
pública. 0 estabelecimento de um fundo especial para a educação
para o desenvolvimento sustentável deve ser considerado como
uma forma de aumentar o apoio e a visibilidade.
- A comunidade
científica tenha um papel relevante no sentido de assegurar
que o conteúdo dos programas de educação e conscientização
pública se baseiem em informações acuradas e
atualizadas.
- A mídia
se sensibilize e seja convidada a mobilizar seu "know-how" e seus
meios de difundir mensagens que ajudem a traduzir a complexidade das
questões ambientais em informação compreensível
e significante para o público. O potencial dos novos sistemas
de informação deverá ser aproveitado para esta
finalidade.
- As escolas sejam
encorajadas e apoiadas, para que ajustem seus currículos em
direção a um futuro sustentável.
- As organizações
não governamentais recebam um apoio institucional e financeiro
adequado para que mobilizem a comunidade em favor de questões
ambientais; e pela sustentabilidade, em nível nacional, regional
e internacional.
- Todos os atores
- governos, grupos majoritários, o sistema das Nações
Unidas e outras organizações internacionais, sistema
financeiro internacional, entre outros - contribuam para a implementação
do capítulo 36 da Agenda 21 e, em particular, para o programa
de trabalho para Educação, Conscientização
Pública e Treinamento da Comissão de Desenvolvimento
Sustentável da ONU.
Fonte:
livro "A Implantação da Educação Ambiental
no Brasil",
de Silvia Czapski, edição MEC/Unesco, 1977
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