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MALES DO CONSUMISMO

(Publicado no Urtiga 155 - março/abril 2003 - pags. centrais



Foto: David Sozuki Foundation Nesta carta, escrita originalmente em inglês, o professor canadense David Suzuki conta a história do consumismo e como nossas escolhas têm consequências ecológicas, sociais e espirituais.

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O consumismo surgiu como fórmula para garantir o crescimento econômico após a 2ª Guerra Mundial, relata David T. Suzuki ex-professor da University of British Columbia, em Vancouver (Canadá) que - após a repercussão da sua série de TV, The Nature of Things (Coisas da Natureza) - criou a organização canadense David Suzuki Foundation, voltada à conscientização e preservação ambiental.

Vale à pena ler o artigo, divulgado em 7 de março no seu site, neste momento em que a mudança dos hábitos de consumo (desde a troca de marcas para evitar o que é produzido nos países favoráveis à invasão do Iraque até a revisão dos hábitos de consumo visando reduzir a voracidade humana sobre os recursos naturais) tornou-se uma forma de trabalhar pela paz:


"A maior parte das pessoas com quem converso, atualmente, entende que a humanidade está provocando severos danos ao suporte dos sistemas naturais que nos garantem ar limpo, água, solo e biodiversidade.

Mas cada um sente-se insignificante entre os 6,2 bilhões de habitantes do Planeta. Não importa o que faça individualmente para reduzir o impacto na natureza, isso lhe parece pouco. Perguntam-me freqüentemente: 'O que posso fazer?'

Que tal começar por rever os hábitos de consumo? Não faz muito tempo que a frugalidade era virtude. Mas, hoje, dois terços da nossa economia está construída sobre o ato de consumir. E isso não ocorre por acaso.

O crack da bolsa de valores em 1929, nos EUA, que marcou a Grande Depressão Econômica, mergulhou o mundo numa terrível crise. Foi a 2ª Guerra Mundial quem catalisou a recuperação econômica norte-americana: uma enorme base de recursos, produtividade, energia e tecnologia do país foram direcionados para a guerra, gerando um aquecimento da economia. Com a iminência da vitória, conselheiros na área econômica do então Presidente foram desafiados a encontrar uma saída para transformar a economia de guerra, adaptando-a para a paz.

Foi o analista Victor Lebow quem apontou uma solução: 'Nossa economia, enormemente produtiva, demanda que transformemos o consumo em estilo de vida. Devemos converter a compra e uso de bens em rituais que iremos buscar para nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego, em consumo... Precisamos que coisas sejam consumidas, repostas, descartadas, em ritmo cada vez mais elevado.'

O chefe do conselho de assessores econômicos do Presidente Eisenhower constatou: 'O objetivo maior da economia norte-americana deve ser produzir mais bens de consumo.' Não focalizar a melhoria de serviços de saúde, educação, habitação, transporte, recreação, ou combate à pobreza e fome, mas sim, providenciar mais e mais produtos destinados aos consumidores.

Quando os bens são bem feitos e duráveis, eventualmente o mercado fica saturado. Um mercado sem fim cria-se com produtos que fiquem obsoletos rapidamente (pense em roupas, carros, computadores). E com a possibilidade de jogar fora, uma vez que o produto foi usado, o mercado nunca ficará saturado.

Produtos de consumo não surgem a partir do nada. Eles provêm da Terra e, quando descartados, retornam à terra como lixo, às vezes lixo tóxico. Gasta-se energia no processo de extrair matéria prima, processá-la, manufaturar e transportar o produto. Enquanto que o ar, água, solo são freqüentemente poluídos em muitos pontos durante o ciclo de vida deste produto. Em outras palavras: tudo o que consumimos tem efeito direto na natureza.

Além disso, há custos espirituais e sociais. Allen Kanner e Mary Bomes escreveram em The All Consuming Self: 'a compra de um novo produto, principalmente um item mais caro - por exemplo automóvel ou computador -, tipicamente produz um prazer imediato, além de conferir status e reconhecimento ao dono. Mas, quando a novidade passa, a sensação de vazio tende a voltar. A solução típica será focalizar uma nova e promissora compra.'

Ultimamente, isto vai além do prazer ou status. Adquirir um bem tornou-se uma demanda inadiável. Paul Wachtel coloca em The Poverty of Affluence: 'Possuir mais e novos objetos, a cada ano, tornou-se não apenas que nós queremos, mas que precisamos. A idéia da crescente prosperidade tornou-se o centro de nossa identidade e de nossa segurança. Somos envolvidos por isso como o dependente o é por drogas.'

Muito do que compramos não é essencial para nossa sobrevivência, ou para nosso conforto básico, mas tem como base o impulso, a novidade, o desejo momentâneo. Mas há um preço embutido, que nós, natureza e futuras gerações, iremos pagar.

Quando o consumo se torna a razão de existir das economias, nunca perguntaremos: 'quanto é o suficiente?', 'por que precisamos disso tudo?', 'estamos mais felizes?'.

Nossa escolha pessoal como consumidores tem conseqüências ecológicas, sociais, espirituais. É tempo de reexaminar, com profundidade, as noções que estão por trás de nossos estilos de vida."

David Suzuki (fonte: www.davidsuzuki.org)

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