DICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A HUMANIDADE QUER PAZ .....

(um conjunto de textos esclarecedores, para quem faz Educação Ambiental)


 

ÍNDICE


A DEMISSÃO DE UM DIPLOMATA AMERICANO
Em fevereiro, um diplomata norte-americano, que atuava na região do Oriente Médio, John Brady Kiesling pediu demissão, em protesto contra a política americana no Iraque. Vale à pena conferir sua carta de demissão, encaminhada ao secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, mostrando os descaminhos da política externa norte-americana.
leia a íntegra

CARTA DE UM ESCRITOR MOÇAMBICANO AO PRESIDENTE DOS EUA
O escritor moçambicano Mia Souto divulgou, em 23 de março, uma contundente carta, revelando um sonho de paz, e apontando males provocados anteriormente pelos EUA, em diferentes países, e também lembrando que Saddam não é sinônimo dos 22 milhões de iraquianos, que há um universo de mentiras na atual campanha anti-Iraque. Quem vive em países menores, diz ele, não perdeu a capacidade de pensar. Vale conferir o texto.
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CAMPANHA: BOICOTE AOS EUA - É FÁCIL PARTICIPAR
Um e-mail está se espalhando, através da internet. Propõe uma forma pacífica de combater a guerra: o boicote aos produtos norte-americanos. É uma linguagem do 'business' - se todos deixarem de comprar produtos dos países que provocam esta guerra, as próprias empresas do país podem forçar o retorno à paz. O texto relata uma campanha pacífica de Martin Luther King, há poucas décadas, que resultou no fim da discriminação de negros em ônibus, nos EUA. E lembra que Gandhi também foi vitorioso, usando o mesmo instrumento na India. Vale à pena ler e adotar a idéia.
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RESPOSTAS QUE SE TEMIA SABER
A rede mundial dos computadores, vez por outra, traz uma surpresa. Esta, escrita originalmente em alemão, traduzida para o francês e agora publicada em português, já chegou a inúros internautas por e-mail. É anônima e oferece, com clareza, as respostas que sempre soubemos e que jamais ousamos falar. Foi divulgada na véspera de uma invasão ordenada contra a opinião pública mundial. Vale à pena conferir as respostas a estas 34 perguntas, que não podem calar!
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CURIOSIDADES DE GUERRA
Um texto dos textos do jornalista uruguaio, Eduardo Galeano, autor do livro "As Veias Abertas da América Latina", que questiona os argumentos usados pelo governo norte-americano, que justificariam uma guerra no Iraque.
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ONU DEVE SER DIGNA DA CONFIANÇA QUE O MUNDO TEM NELA
No início de março de 2003 (antes da guerra, iniciada no dia 19/3), Kofi Annan, secretário geral da ONU escreveu - num texto publicado pelo jornal Folha de São Paulo e reproduzido pelo serviço Clipping do Terceiro Setor - sobre a importância de uma solução negociada para a crise do Iraque, no âmbito da ONU, organização esta, aliás, criada ao final da 2.a Guerra Mundial, com o intuito de garantir o diálogo entre as nações, para evitar barbáries como as que ocorreram durante a Guerra Mundial.
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MOÇÃO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PAULISTA
Moção da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, votada em 20/03/2003, para ser encaminhada ao Presidente da República, expressando o repúdio às ações de guerra iniciadas entre os EUA e o Iraque.
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MILHÕES DE CRIANÇAS IRAQUIANAS PODEM MORRER NA GUERRA
Pouco antes do início do bombardeio comandado pelos EUA, sobre o Iraque, o site português resistir.com reproduzia o resumo, traduzido para o português, de um documento secreto da ONU, com a avaliação de quantas mortes haveria na Guerra. O texto é repleto de indicações de links por onde quem quiser saber mais poderá navegar.
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JOSÉ SARAMAGO, PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA, MANIFESTA-SE CONTRA A GUERRA
Pouco antes do início do bombardeio comandado pelos EUA, o escritor português José Saramago manifestou-se contra a guerra em Madri, capital da Espanha, lembrando que a posição do governo espanhol, em apoio à guerra, não corresponde à posição do povo espanhol.
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ARQUEÓLOGOS APELAM AOS EUA PARA QUE NÃO BOMBARDEIEM MONUMENTOS ARQUEOLÓGICOS NO IRAQUE
Duas notícias publicada em 16 de março, no jornal O Estado de São Paulo, mostrando como o berço de nossa civilização - Iraque localiza-se onde foi a Mesopotâmia - é ameaçada pelos bombardeios comandados pelos EUA e Inglaterra. E que, desde a Guerra do Golfo, em 1991, cerca de 90 mil tesouros arqueológicos teriam sido roubados daquele país.
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AS VÍTIMAS DA GUERRA QUE NÃO TÊM IBOPE
Americanos e ingleses usam desde galinhas, pombos, porcos e cães até golfinhos e leões marinhos como instrumentos para a guerra. O protesto, da rede de combate ao tráfico de animais, traduzido por Marcio Augelli - membro da CFN- Cetacean Freedom Network.
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LAÇOS DE FAMÍLIA - PARTES I E II
Com base em estudos norte-americanos publicados em livros, Frei Betto apresenta nestes dois artigos, publicados em diferentes sites, como a família Bush, que apoiou o nazismo na Segunda Guerra Mundial, estabeleceu laços muito próximos com a família Bin Laden e o por quê dos desentendimentos posteriores, que levaram aos bombardeios do Afganistão (depois veio Saddam e o Iraque, depois...).
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ARQUEÓLOGOS APELAM AOS EUA PARA QUE NÃO BOMBARDEIEM MONUMENTOS ARQUEOLÓGICOS NO IRAQUE
Americanos e ingleses usam desde galinhas, pombos, porcos e cães até golfinhos e leões marinhos como instrumentos para a guerra. O protesto, da rede de combate ao tráfico de animais, traduzido por Marcio Augelli - membro da CFN- Cetacean Freedom Network.
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VEJA TAMBÉM

DICAS PARA PAIS E EDUCADORES - SEMENTES PELA PAZ
Um conjunto de dicas de Educação Ambiental, que inspiram crianças a lutar pela paz. Texto distribuído pelas crianças da Live Experience School, sob a orientação do The Peace Abbey, Two North Main Street, Sherborn, Massachusetts - traduzido por Tônia Van Aker; com revisão técnica: Lia Diskin e enviado para AIPA por Nathalia Paccola, que vale à pena conhecer
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POESIAS PELA PAZ
Algumas poesias, de famosos poetas, que podem inspirar ações pela paz. Para ler, se inspirar, e usar para despertar a sensibilidade de gente de todas as idades.
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A CARTA DE DEMISSÃO DO DIPLOMATA AMERICANO,
EM PROTESTO À PERSPECTIVA DE GUERRA NO IRAQUE

 

 Em fevereiro, um diplomata norte-americano, que atuava na região do Oriente Médio, John Brady Kiesling pediu demissão, em protesto contra a política americana no Iraque. Leia sua carta de demissão, encaminhada ao secretário de Estado Colin Powell

Atenas, 27 de Fevereiro de 2003

"Caro senhor secretário:

Escrevo-lhe para apresentar a minha demissão do Serviço de Estrangeiros dos Estados Unidos e do cargo de Conselheiro Político da Embaixada Americana em Atenas, a partir de 7 de Março.

Faço-o com um peso no coração. As crenças da minha formação incluíam uma sentida obrigação de devolver alguma coisa ao meu país. O serviço, como diplomata americano, era um trabalho de sonho. Eu era pago para compreender línguas e culturas estrangeiras, para falar com diplomatas, políticos, literatos e jornalistas, e persuadi-los de que os interesses dos Estados Unidos e os deles coincidiam no fundamental. A minha fé no meu país e nos seus valores era a arma mais poderosa do meu arsenal diplomático.

Era inevitável que, ao longo de vinte anos com o Departamento de Estado, me tornasse mais refinado e cínico acerca dos motivos burocráticos limitados e egoístas, que por vezes moldavam as nossas políticas. A natureza humana é o que é, e eu era premiado e promovido por compreender a natureza humana. Mas até o início desta administração, foi possível acreditar que, defendendo as políticas do meu presidente, defendia também os interesses do povo americano e do mundo. Não acredito mais nisso.

As políticas que neste momento nos pedem que prossigamos são incompatíveis, não só com os valores americanos, mas também com os nossos interesses. O nosso ardente de fazer guerra ao Iraque nos conduz á dissipação da legitimidade internacional que sempre foi a arma mais poderosa de defesa e ataque da América desde os tempos de Woodrow Wilson.

Começamos a desmantelar a maior e mais eficiente teia de relações internacionais que o mundo viu até hoje. O nosso rumo atual trará instabilidade e perigo, não segurança.

O sacrifício dos interesses globais ás políticas nacionais e interesses burocráticos não tem nada de novo e não é certamente um problema só dos EUA. Apesar disso, nunca vimos, desde a guerra do Vietnã, tal distorção sistemática da inteligência, tal manipulação sistemática da opinião pública americana.

A tragédia do 11 de Setembro tornou-nos mais fortes do que antes, reunindo em torno do nós uma ampla coligação internacional disposta a cooperar, pela primeira vez de uma forma sistemática, contra a ameaça do terrorismo. Mas em vez de nos beneficiarmos desses êxitos e torná-los mais fortes, esta Administração preferiu converter o terrorismo numa ferramenta política nacional, alistando uma Al Qaeda já derrotada e dispersa como sua aliada burocrática. Espalhamos terror desproporcional e confusão na mente do público, articulando, arbitrariamente, problemas não relacionados ao terrorismo e ao Iraque. O resultado, e possivelmente o motivo, é justificar uma vasta e ruinosa aplicação da riqueza pública, em retrocesso, nas forças armadas, e enfraquecer as salvaguardas que protegem os cidadãos americanos da mão pesada do governo.

O 11 de Setembro não fez tantos estragos no tecido social americano como parece que estamos determinados inflingir-nos a nós próprios. É realmente a Rússia dos Romanov o nosso modelo, um império egoísta e supersticioso avançando rumo á autodestruição em nome de um status quo condenado?

Devemos perguntar-nos a razão de não termos conseguido persuadir mais países do mundo de que a guerra com o Iraque é necessária. Nos dois últimos anos temos nos esforçado por reafirmar, junto aos nossos parceiros mundiais, que os estreitos e mercenários interesses dos Estados Unidos ultrapassam os valores que eles prezam.

Mesmo nos locais em que nossos objetivos não são questionados, a nossa consistência é posta em causa. O modelo do Afeganistão pouco tranquiliza os nossos aliados, que se interrogam sobre as bases em que planejamos reconstruir o Médio Oriente e sob que imagem e interesses o faremos.

Será que, realmente, nos tornamos cegos, da mesma maneira que a Rússia ficou cega na Chechênia, como Israel ficou cego nos Territórios Ocupados, ao nosso próprio conselho, que um poder militar esmagador não é resposta ao terrorismo? Depois de as ruínas do Iraque do pós-guerra se juntarem ás ruínas de Grozny e Ramallah, seria um estrangeiro realmente corajoso aquele que se alinhasse junto com a Micronésia para seguir a nossa liderança.

Ainda temos uma boa coligação. A lealdade de muitos dos nossos amigos é impressionante e é um tributo ao capital moral americano construído ao longo de um século. Mas os nossos aliados mais próximos não estão tão persuadidos de que a guerra tem justificação e acham perigoso permitir que os Estados Unidos se deixem levar para um solipsismo total.

A lealdade deve ser recíproca. Por que é que o nosso presidente admite ao alarde e á abordagem insolente adotada pela administração junto aos nossos amigos e aliados, incluindo entre eles os seus funcionários de maior responsabilidade? Será que oderint dum metuant (nota: trata-se de uma frase de Cícero - "Deixem-nos odiar, enquanto nos temerem") é agora o nosso lema?

Peço-lhe insistentemente que escute os amigos da América em todo o mundo. Mesmo aqui, na Grécia, significativo vulcão de antiamericanismo europeu, temos mais e melhores amigos do que o leitor americano de jornais tem possibilidade de imaginar. Mesmo quando se queixam da arrogância americana, os gregos sabem que o mundo é um lugar difícil e perigoso, e desejam um sistema internacional forte com os Estados Unidos e a União Européia em estreita colaboração.

Quando os nossos amigos têm medo de nós é momento de nos preocuparmos. E neste momento estão com medo. Quem lhes irá dizer de forma convincente que os Estados Unidos é, como sempre foi, um farol de liberdade, segurança e justiça para o planeta?

Senhor secretário, tenho um imenso respeito pelo seu caráter e capacidade. O senhor deu-nos mais credibilidade internacional do que a nossa política merece e recuperou algo de positivo aos excessos de uma administração ideológica e egoísta. Mas a sua lealdade ao presidente vai demasiado longe.

Estamos indo além dos limites de um sistema internacional que construímos com trabalho e esforço, uma teia de leis, tratados, organizações e valores compartilhados que estabeleceram barreiras para os nossos inimigos muito mais efetivas do que alguma vez poderia faze-lo a capacidade própria da América na defesa dos seus interesses.

Demito-me porque tentei e não consegui reconciliar a minha consciência com a capacidade de representar a atual administração dos Estados Unidos. Tenho confiança de que o nosso processo democrático acabará por ser auto-corretivo, e espero que, numa pequena escala, possa contribuir, do lado de fora, na formação de políticas que sirvam melhor a segurança e prosperidade do povo americano e do mundo que compartilhamos."

John Brady Kiesling



John Brady Kiesling foi Membro do Corpo Diplomático dos EUA po 20 anos. Serviu nas Embaixadas Americanas em Tel Aviv, Casablanca e Yerevan. No momento em que apresentou esta carta de demissão estava colocado em Atenas como Conselheiro Político da Embaixada Americana. Tradução de João Manuel Pinheiro.

O original desta carta, em inglês, encontra-se em http:/truthout.org/.
Este artigo, em português, foi extraido do site http://resistir.info
.

 

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CARTA DE DE UM ESCRITOR MOÇAMBICANO,
AO PRESIDENTE DOS EUA


 
Em 26 de março de 2002, Mia Couto, escritor moçambicano, divulgou pela Internet este contundente texto, direcionado ao líder do governo dos EUA, questionando a legitimidade da guerra no Iraque. (atenção: o texto mantém a ortografia original moçambicana)

 

"Senhor presidente:

Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito. Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir ? A nossa arma de destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a miséria...

Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo, o nosso vizinho - a África do Sul do apartheid - violava de forma flagrante os direitos humanos.

Durante décadas fomos vítimas da agressão desse regime. Mas o regime do apartheid mereceu da vossa parte uma atitude mais branda: o chamado envolvimento positivo. O ANC esteve também na lista negra como uma organização terrorista!. Estranho critério que levaria a que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de freedom fighters por estrategas norte-americanos.

Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos. Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva.

Por razão desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho, infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é tão grande que escolherei apenas alguns:

  • Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas sobre outras nações;

  • O seu país foi a única nação a ser condenada por uso ilegítimo da força pelo Tribunal Internacional de Justiça;

  • Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os invasores russos no Afeganistão;

  • O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos em 1998);

  • Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídrico;

  • Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana: o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou de ser conveniente, em 1992;

  • A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração Clinton foi o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não queremos retirar-lhe essa responsabilidade;

  • O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.

  • Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.

  • Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel) a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.

  • Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista de golpes preparados pela CIA é bem longa.

  • Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba (1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos (1961-1973), o Vietename (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala (1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador (1980), a Nicarágua (1980), o Irão(1987), o Panamá (1989), o Iraque (1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão (1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999)

  • Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.

  • O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000 crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química das forças norte-americanas.


Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais desamparados.

Senhor Presidente:

O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000 homens...

O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam. São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções. Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: Estamos destruindo toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e imoral. Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças iraquianas.

Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem continuamente bombardeamentos desde há 12 anos Acredita-se que 500 iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado no Kosovo).

Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos, precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se tiver que gastar fortunas em armas.

Como o seu país que despende 270.000.000.000.000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a mudar o destino miserável de milhões de seres. O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano passado uma carta intitulada Porque é que o mundo odeia os EUA ?

O bispo da Igreja Católica da Florida é um ex-combatente na guerra do Vietname. Ele sabe o que é a guerra e escreveu: O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana...

Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? E o bispo conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia.

Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais.

Senhor Presidente:

Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos vê-lo assinar a Convenção de Quioto para conter o efeito de estufa. Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o Racismo. Não se preocupe, senhor Presidente.

A nós, nações pequenas deste mundo, não nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos.

O perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento de superioridade que parece animar o seu governo. O seu inimigo principal não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos próprios americanos. Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de pensar".

Mia Souto - escritor moçambicano



Enviado por François Rhein.
Foi mantida a ortografia moçambicana, que tem algumas diferenças
em relação ao português escrito no Brasil


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BOICOTE AOS EUA - É FÁCIL PARTICIPAR


 
Reprodução de um e-mail, que está circulando através da Internet, dando exemplos reais de como é possível combater a guerra, usando métodos pacíficos, acessíveis a qualquer um de nós. E mostra exemplos de como isto funcionou, com campanhas lideradas por Martin Luther King (EUA, década de 60) e Gandhi (Índia)

 

"Olha que legal, hoje de manhã o Renato Machado do Bom Dia Brasil falou sobre esse e-mail, pois está dando certo aqui no Brasil. Uma idéia que pode funcionar!!!!! Depois do petróleo iraquiano, quem sabe a flora e reservas da Amazônia, água potável, minérios, quem duvida ? ...

Na década de 50 os negros americanos do Estados do Sul, como Alabama, Geórgia, Mississipi, etc, só podiam sentar nos bancos traseiros dos ônibus. Um dia uma senhora negra sentou-se num banco da frente e foi agredida e expulsa do ônibus.

No domingo seguinte o Reverendo Martin Luther King iniciou um movimento de boicote aos ônibus, movimento esse que obteve total adesão dos negros, até mesmo dos outros estados sulistas. Onze meses depois do início do boicote, durante o qual os negros não andaram de ônibus, os políticos, pressionados pelos proprietários das empresas, votaram uma Lei que proibia a discriminação racial nos meios de transporte.

Essa é a linguagem que os políticos americanos entendem. A linguagem o "business".

Agora, Bush e seu parceiro Toni Blair, da Inglaterra, pretendem invadir o Iraque para apropriar-se de suas reservas de petróleo, da mesma forma que vem interferindo na política da Venezuela e em todos os demais países, como se fossem donos de tudo.

Está na hora de sairmos de nossa letargia, de nossa indiferença, e começarmos a agir. Nessa linha, propomos um boicote aos produtos americanos.

  • Jogar pedras e quebrar vitrines dos Mac Donald's, mundo afora, é fazer o jogo da violência, que é o jogo deles. Basta deixarmos de ir lá. Mesmo porque você evita transformar seu filho num diabético ou ingerir coliformes fecais. Basta ensinar aos nossos filhos que eles podem obter boa comida em outros lugares muito mais saudáveis.

  • Igualmente, quando tivermos sede, não precisamos tomar Coca-Cola. (além de que provoca gastrite, celulite, engorda e você não tem nem idéia do veneno que está ingerindo). Vamos tomar um guaraná ou um chá, que seja produzido aqui.

  • Quando comprarmos um carro, compremos carros franceses, alemães, italianos, coreanos, japoneses, ou qualquer outro, menos Ford, GM ou Chrysler. Abastecer o carro: Petrobrás, Ipiranga. Shell que é anglo-holandesa, Esso e Texaco, com capital americano, não.

  • Conta em banco: City ou Boston - estamos fora.

  • Remédios, computadores, pasta de dente, roupas de grife, passagem aéreas, qualquer coisa: americana, não!

Aliás, esse remédio já foi experimentado pelos ingleses, na Índia. Lá, o Gandhi liderou a "resistência pacífica" e, sem violência, obteve a independência de seu País.

Detalhe: não vamos estar criando mais desemprego ao não irmos ao Mac Donald's, ou não tomarmos Coca-Cola, pois estaremos gerando emprego ao consumirmos produtos de seus concorrentes. Apenas, o lucro e os royalties não vão mais para os Estados Unidos.

É hora de começarmos:

  • Primeiro: repasse essa mensagem a todos os seus conhecidos;

  • Segundo: mantenha-se alerta para, quando comprar algo, mesmo no supermercado, estar atento e não comprar nada de origem americana;

  • Terceiro: tenha paciência, pois a cada duas semanas estaremos reenviando essa mensagem para lembrá-lo deste compromisso;

  • Quarto: confie. Em menos tempo do que se imagina mudaremos a postura belicista do Bush;

  • Quinto: se você tem amigos em outros países, mande-lhes essa mensagem e peça-lhes que a traduzam e divulguem.

  • Sexto: se você tem um site, coloque esta mensagem numa janela pop-up dele.

Finalmente, lembre-se: individualmente, não somos ninguém, mas, como povo e como consumidores, temos o poder em nossas mãos.

E ENTÃO AGORA É LUTA!!!




Manifesto que está circulando por e-mail,
com pequena modificação realizada por Silvia Czapski
quanto à inclusão da Shell,
nas sugestões de boicote, por ter capital inglês e
estar provocando enormes estragos ambientais por aqui,
sempre negando o problema causado até que as provas do fato se tornem gritantes

 

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RESPOSTAS QUE TEMIA SABER!

  Divulgado por Nei Sroulevich, no Jornal do Commercio, no início de março/2003
(antes dos bombardeios no Iraque)


"A rede mundial dos computadores, vez por outra, traz uma surpresa. Esta, veio de Genebra. Escrita originalmente em alemão, traduzida para o francês e publicada em português. É anônima e com rara felicidade, demonstra, com clareza, as respostas que sempre soubemos e que jamais ousamos falar, pelo mundo. Porém, chegou a hora! É o momento. Estamos na véspera de uma invasão imperialista maluca, ordenada por www ponto, contra a opinião pública mundial. Vale a pena, portanto, abrir a consciência e recordar as respostas, que não podem calar! .

1. Qual a porcentagem da população dos EUA na população mundial?
     4%.

2. Qual a porcentagem do poder econômico dos EUA na riqueza mundial?
     50%.

3. Qual país tem as maiores reservas de petróleo do mundo?
     Arábia Saudita.

4. Qual país tem as segundas maiores reservas de petróleo do mundo?
     Iraque.

5. Quanto somam os gastos militares por ano, em todo mundo?
     Aproximadamente US$ 900 bilhões.

6. Quanto gasta o Governo dos Estados Unidos, dentro desse total?
     390 bilhões de dólares, aprovados pelo Congresso Nacional, 42% do mundo!

7. Quantos foram os mortos nas guerras realizadas desde a 2ªMundial (1939-2003) até agora?
     86 milhões de pessoas.

8. Quando apareceram armas químicas no Iraque, na década de 80, durante a guerra contra o Irã e, depois, em 1991, essas armas foram desenvolvidas pelos iraquianos?
     Não; as fábricas e a tecnologia foram montadas e fornecidas pelo Governo dos EUA, em associação com a Inglaterra e empresas particulares de ambos países.

9. O Governo dos EUA condenou o uso de gases químicos, pelo Iraque, na guerra contra o Irã?
     Não.

10. Quantas pessoas o Governo Saddam Hussein matou usando gases químicos contra a cidade curda de Halabja em 1988, localizada no norte do Iraque?
     5 mil pessoas, todos civis.

11. Quantos governos de países do Ocidente condenaram essa ação ?
     Nenhum!

12. Existem provas de ligação entre o Iraque e o ataque de 11 de setembro?
     Nenhuma.

13. Qual foi o número estimado de mortes de pessoas civis na 1ªGuerra do Golfo em 1991?
     35 mil.

14. Quantas baixas o Exército iraquiano infligiu ás tropas ocidentais durante aquela guerra?
     Insignificantes.

15. Quantos soldados iraquianos, que se retiravam dos combates, foram enterrados vivos pelos tanques dos EUA equipados com lâminas de terraplenagem?
     6 mil.

16. Quantas toneladas de urânio enriquecido foram utilizadas na munição na Guerra do Golfo, em 1991?
     40 toneladas.

17. Qual foi, segundo a ONU, o aumento dos casos de câncer no Iraque entre 1991 e 1994?
     700% (setecentos por cento)

18. O Exército dos EUA destruiu que porcentagem da capacidade militar do Iraque, na guerra de 1991?
     80% das forças armadas iraquianas.

19. O Iraque representou uma ameaça á paz mundial nos últimos dez anos ou á soberania de algum país?
     Não.

20. Quantas mortes de civis o Pentágono prevê no caso de um ataque em 2003?
     10 mil. Mas o responsavel pela comissão de direitos humanos da ONU entregou recente relatório ao Governo Bush, prevendo 350 mil civis mortos, um milhão de desalojados e dois milhões que tenderiam a migrar para outros países.

21. Quantas dessas 10 mil mortes, serão de crianças?
     Em torno de 50%.

22. Há quantos anos os EUA realizam ataques aéreos e bombardeios contra o Iraque?
     11 anos. Inclusive usando armas quimicas e biológicas, como denunciou no Fórum Social Mundial 2003, a Irmã Sherine, da congregação dos Dominicanos. Relatórios da ONU indicam que foram utilizados nesse período em torno de 9 mil toneladas de explosivos nos ataques ao Iraque.

23. Qual era a mortalidade infantil no Iraque em 1989?
     38 para cada mil nascidos vivos.

24. Qual era a mortalidade infantil estimada em 1999?
     131 por mil nascidos vivos, um aumento de 345%.

25. Qual a estimativa de iraquianos mortos entre 1991 até outubro 1999 devido ás sanções da ONU?
     1,5 milhão e cerca de 50% seriam crianças.

26. Quantas resoluções da ONU contra Israel os EUA vetaram desde 1992?
     Trinta.

27. Qual valor da ajuda anual do governo dos EUA para o governo de Israel?
     US$ 5 bilhões, como crédito para compra de armas nos Estados Unidos.

28. Quantos países do mundo possuem armas atômicas?
     Apenas 8: Estados Unidos, França, Rússia, China, Inglaterra, India, Paquistão e Israel
     (obs: a mensagem não considera a declaração da Coréia do Norte, de que também possuiria a bomba)

29. Quantas ogivas nucleares o Iraque possui?
     Nenhuma.

30. Quantas ogivas nucleares os EUA possuem?
     Mais de 10 mil.

31. Quantas ogivas nucleares Israel possui?
     Mais de 400. (O físico nuclear israelense Modechai Vanunu, que trabalhou nas plantas nucleares do país, foi quem denunciou ao mundo, na década de 80. Na ocasião foi seqüestrado pela policia israelense, na Itália. Conduzido aos tribunais em Israel, foi condenado a 30 anos de prisão, onde se encontra até hoje. Por essa razão recebeu o Prêmio Nobel alternativo de 1992).

32. Alguma vez Israel permitiu inspeções de armas pela ONU?
     Não.

33. Qual porcentagem dos territórios palestinos está sob controle de colônias de judeus implantadas depois de 1991 pelos governos direitistas de Israel?
     42% do territorio Palestino da Cisjordânia.

34. A invasão desse território por colonos trazidos pelo governo de Israel está respaldada em alguma convenção internacional?
     Não. São completamente ilegais, há inclusive resoluções da ONU para que se devolvam aos palestinos, assim como, uma forte oposição dos partidos progressistas de Israel.

Qual país, depois de ler essas 34 respostas, constitui a maior ameaça á paz mundial: Iraque ou os Estados Unidos?"


Publicado no site do Jornal do Commercio (www.jornaldocommercio.com.br/opiniao/opiniao4.htm).
O e-mail do articulista
Nei Sroulevich é: charutos@uol.com.br

 

 

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CURIOSIDADES DE GUERRA

por Eduardo Galeano

"Em meados do ano passado, enquanto esta guerra estava sendo incubada, George W. Bush declarou que 'devemos estar prontos para atacar em qualquer obscuro rincão do mundo'. O Iraque é, portanto, um obscuro rincão do mundo. Acreditará Bush que a civilização nasceu no Texas e que seus compatriotas inventaram a Escritura? Nunca ouviu falar da biblioteca de Nínive, nem da Torre de Babel, nem dos Jardins Suspensos da Babilônia? Não ouviu nem um só dos contos das Mil e Uma Noites de Bagdá?

Quem o elegeu presidente do planeta? A mim, ninguém chamou para votar nessas eleições. E a vocês? Elegeríamos um presidente surdo? Um homem incapaz de ouvir nada além dos ecos de sua voz? Surdo diante do troar incessante de milhões e milhões de vozes que nas ruas do mundo declaram a paz ao invés da guerra? Nem mesmo foi capaz de ouvir o carinhoso conselho de Günter Grass. O escritor alemão, compreendendo que Bush tinha necessidade de demonstrar algo muito importante ao seu pai, recomendou que consultasse um psicanalista em lugar de bombardear o Iraque.

Em 1898, o presidente William McKinley declarou que Deus havia dado a ordem de ficar com as Filipinas, para civilizar e trazer para o cristianismo seus habitantes. McKinley disse que falou com Deus enquanto caminhava, á meia-noite, pelos corredores da Casa Branca. Mais de um século depois, o presidente Bush garante que Deus está do seu lado na conquista do Iraque. A que horas e em que lugar recebeu a palavra divina? E por que Deus teria dado ordens tão contraditórias a Bush e ao papa em Roma?

Declara-se a guerra em nome da comunidade internacional, que está farta de guerras. E, como de costume, declara-se a guerra em nome da paz. Não é pelo petróleo, dizem. Mas, se o Iraque produzisse rabanetes em lugar de petróleo, a quem ocorreria invadir esse país? Bush, Cheney e a doce Condoleezza realmente renunciaram aos seus altos empregos na indústria petrolífera? Por que essa mania de Tony Blair contra o ditador iraquiano? Não será porque há 30 anos Saddam nacionalizou a britânica Irak Petroleum Company? Quantos poços Aznar espera receber na próxima partilha?

A sociedade de consumo, embriagada de petróleo, tem medo da síndrome de abstinência. No Iraque, o elixir negro é menos caro e, talvez, em maior quantidade. Em uma manifestação pacifista, em Nova York, um cartaz perguntava: 'Por que o nosso petróleo está debaixo das areias deles?'.

Os Estados Unidos anunciaram uma longa ocupação militar, depois da vitória. Seus generais cuidarão de estabelecer a democracia no Iraque. Será uma democracia igual á que acertaram para o Haiti, a República Dominicana ou a Nicarágua? Ocuparam o Haiti durante 19 anos e fundaram um poder militar que desembocou na ditadura de Duvalier. Ocuparam a República Dominicana por nove anos e fundaram a ditadura de Trujilllo. Ocuparam a Nicarágua durante 21 anos e fundaram a ditadura da família Somoza.

A dinastia dos Somoza, que os fuzileiros navais colocaram no trono, durou meio século, até que, em 1979, foi varrida pela fúria popular. Então, o presidente Reagan montou a cavalo e se lançou a salvar seu país ameaçado pela revolução sandinista. A Nicarágua, pobre entre os pobres, tinha, no total, cinco elevadores e uma escada rolante, que não funcionava. Mas Reagan denunciava que a Nicarágua era um perigo; e, enquanto falava, a TV mostrava um mapa dos EUA pintado de vermelho desde o sul, para ilustrar a iminente invasão. O presidente Bush copia seus discursos que semeiam o pânico. Bush diz Iraque onde Reagan dizia Nicarágua?

Títulos dos jornais, nos dias prévios á guerra: 'Os EUA estão prontos para resistir ao ataque'. Recorde de vendas de fitas isolantes, máscaras antigás, pílulas anti-radiação... Por que o verdugo tem mais medo do que a vítima? Apenas por este clima de histeria coletiva? Ou treme porque pressente as consequências de seus atos? E se o petróleo iraquiano incendiar o mundo? Não será esta guerra a melhor vitamina que o terrorismo internacional está precisando?

Dizem-nos que Saddam alimenta os fanáticos da Al Qaeda. Um criador de corvos para que lhe arranquem os olhos? Os fundamentalistas islâmicos o odeiam. É satânico um país onde se assiste a filmes de Hollywood, colégios ensinam inglês, a maioria muçulmana não impede que os cristãos andem com a cruz no peito e não é muito raro ver mulheres muçulmanas vestindo calça comprida e blusas audaciosas.

Não houve nenhum iraquiano entre os terroristas que atacaram as torres de Nova York. Quase todos eram da Arábia Saudita, o melhor cliente dos EUA no mundo. Também Bin Laden é saudita, esse vilão que os satélites perseguem enquanto foge a cavalo pelo deserto e que diz presente cada vez que Bush precisa de seus serviços como ogro profissional.

Sabia que o presidente Eisenhower disse, em 1953, que a 'guerra preventiva' era uma invenção de Hitler? Ele disse: 'Francamente, não levaria a sério alguém que viesse me propor semelhante coisa'. Os EUA são o país que mais armas fabrica e vende no mundo. Também são o único país que lançou bombas atômicas contra população civil. E sempre está, por tradição, em guerra contra alguém. Quem ameaça a paz universal? O Iraque?

O Iraque não respeita as resoluções das Nações Unidas? Elas são respeitadas por Bush, que acaba de desferir a mais espetacular patada na legalidade internacional? São respeitadas por Israel, país especializado em ignorá-las? O Iraque desconheceu 17 resoluções das Nações Unidas. Israel, 64. Bombardearam Bush e seu mais fiel aliado?

O Iraque foi arrasado, em 1991, pela guerra de Bush pai e deixado esfomeado pelo posterior bloqueio. Quais armas de destruição em massa pode esconder esse país maciçamente destruído? Israel, que desde 1967 usurpa terras palestinas, conta com um arsenal de bombas atômicas que garante a impunidade.

E o Paquistão, exibe suas próprias ogivas nucleares. Mas o inimigo é o Iraque, porque 'poderia ter' essas armas. Se as tivesse, como a Coréia do Norte proclama possuir, se animariam em atacá-la?

E as armas químicas ou biológicas? Quem vendeu a Saddam Hussein a matéria-prima para fabricar os gases venenosos que asfixiaram os curdos e os helicópteros para lançar esse gases? Por que Bush não mostra os recibos? Naqueles anos, guerra contra o Irã, guerra contra os curdos, era Saddam menos ditador do que é agora? Até Donald Rumsfeld o visitava em missão de amizade. Por que os curdos são comoventes agora, e antes não? E por que só são comoventes os curdos do Iraque, e não os curdos muito mais numerosos que a Turquia sacrificou?

Rumsfeld, atual secretário da Defesa, anuncia que seu país usará 'gases não-letais' contra o Iraque. Serão gases tão pouco letais como esses que Putin usou, no ano passado, no teatro de Moscou e que mataram mais de cem reféns?

Durante muitos dias as Nações Unidas cobriram com uma cortina o quadro 'Guernica', de Picasso, para que essa desagradável obra não perturbasse os toques de clarim de Colin Powell. De que tamanho será a cortina que esconderá a carnificina no Iraque, segundo a censura total que o Pentágono impôs aos correspondentes de guerra?

Para onde irão as almas das vítimas iraquianas? Segundo o reverendo Billy Graham, assessor religioso do presidente Bush e agrimensor celestial, o Paraíso é bem pequeno: mede nada mais que 1.500 milhas quadradas. Poucos serão os eleitos. Adivinhação: qual será o país que comprou quase todas as entradas?

E uma pergunta final, que peço emprestada a John Le Carré: 'Vão matar muita gente, papai?' 'Ninguém que você conheça, querido, apenas estrangeiros.'"

 

Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio,
é autor de "As Veias Abertas da América Latina" e "Memórias do Fogo
" -
texto originalmente publicado no Jornal Folha de São Paulo, em 20/03/03

 

 

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"ONU DEVE SER DIGNA DA CONFIANÇA QUE O MUNDO TEM NELA"

Texto do secretário geral da ONU, Kofi Annan,
publicado no jornal Folha de São Paulo, no início de março/2003
(antes do início dos bombardeios)


"A carta das Nações Unidas é categórica. 'A fim de garantir a ação rápida e eficaz da organização', ela confere ao Conselho de Segurança 'a responsabilidade principal pela manutenção da paz e da segurança internacionais'. Em poucos momentos essa responsabilidade foi sentida pelos membros do CS como tão pesada quanto nesta semana. De fato, em breve eles terão de fazer uma escolha decisiva.

A questão em jogo nessa escolha possui uma importância que não se limita ao Iraque: trata-se da ameaça que as armas de destruição em massa fazem pesar sobre a humanidade inteira. A comunidade internacional precisa agir em conjunto para frear a proliferação dessas armas temíveis, onde quer que ela aconteça.

De imediato, o mais urgente é fazer com que o Iraque não possua mais tais armas. Por quê? Porque já as utilizou no passado e porque por duas vezes, sob a égide do presidente atual, cometeu uma agressão contra seus vizinhos -contra o Irã, em 1980, e contra o Kuait, em 1990.

É por essas razões que o Conselho de Segurança decidiu eliminar essas armas no Iraque e, a partir de 1991, adotou resoluções sucessivas exigindo o desarmamento desse país.

Os povos do mundo inteiro desejam que esta crise seja resolvida por meios pacíficos. Eles estão extremamente preocupados com o imenso sofrimento humano que sempre acompanha a guerra, quer ela seja de duração longa ou curta. Além disso, temem as consequências de longo prazo que esta guerra, em especial, pode vir a ter.

Eles temem que a guerra gere crises econômicas e instabilidade na região e que, como é frequentemente o caso com as guerras, tenha consequências imprevistas que dêem lugar a novos perigos.

Será que ela tornará ainda mais difícil a luta contra o terrorismo ou a busca pela paz entre israelenses e palestinos? Será que semeará a discórdia profunda entre as nações e as populações de crenças diferentes? Pode ela comprometer nossa capacidade de trabalhar em conjunto para fazer frente a outros problemas comuns no futuro?

São dúvidas graves, e as respostas a elas precisam ser pensadas com cuidado.

Ás vezes pode ser necessário recorrer á força para enfrentar ameaças á paz, e a carta da ONU prevê essa eventualidade. Entretanto a guerra deve sempre ser o último recurso. Não se deve recorrer a ela enquanto não tiverem sido tentadas todas as outras soluções razoáveis -no caso atual, unicamente se tivermos a certeza de que já tenham sido esgotados todos os meios pacíficos para assegurar o desarmamento do Iraque.

A Organização das Nações Unidas, fundada para "preservar as gerações futuras do flagelo da guerra", tem o dever de buscar uma solução pacífica até o último instante.

Terá esse momento chegado? É essa decisão que os membros do Conselho de Segurança terão de tomar agora.

A decisão é séria. Se eles não conseguirem chegar a um acordo em torno de uma posição comum e se alguns deles lançarem uma ação sem o aval do Conselho, a legitimidade dessa ação será amplamente questionada e ela não conseguirá o apoio político necessário para garantir seu êxito a longo prazo, uma vez concluída a fase militar.

Se, por outro lado, os membros do Conselho, apesar do pouco tempo que resta, conseguirem chegar a um entendimento quanto a uma linha de ação comum, para assegurar a aplicação de suas resoluções anteriores, então a autoridade do Conselho será reforçada, e o mundo ficará mais seguro.

Não devemos esquecer que a crise no Iraque não existe no vazio. Os acontecimentos nesse país terão repercussões profundas sobre outras questões de grande importância.

Quanto maior for o consenso em torno da abordagem a ser adotada, maiores serão nossas chances de podermos novamente nos unir e fazer frente, de maneira eficaz, a outros conflitos explosivos, a começar por aquele que opõe israelenses e palestinos. Todos nós sabemos que uma solução justa desse conflito pode trazer uma esperança real de estabilidade durável para a região.

Fora dos limites do Oriente Médio, o sucesso ou fracasso da comunidade internacional no que diz respeito ao Iraque vai incidir de maneira crucial sobre sua capacidade de intervenção nos acontecimentos não menos inquietantes na península coreana.

O trabalho realizado para solucionar conflitos que provocam tanto sofrimento na África será igualmente afetado, na medida em que as perspectivas de estabilidade e desenvolvimento ás quais o continente aspira com tanta urgência correm o risco de ser comprometidas.

A guerra não é o único flagelo que o mundo precisa enfrentar. Quer eles busquem proteger-se contra o terrorismo ou estejam em luta contra as três chagas que são a pobreza, a ignorância e a doença, os países precisam trabalhar em conjunto e podem fazê-lo por intermédio da ONU.

Seja qual for a maneira pela qual a diferença atual se resolva, a ONU continuará a exercer um papel central, como exerce hoje. Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para que ela conserve sua unidade.

Nos últimos meses, pudemos constatar, em todas as partes do mundo, o imenso valor que não apenas os Estados, mas também os povos atribuem á legitimidade que conferem a ONU e o Conselho de Segurança, pelo fato de constituírem o quadro comum de consolidação da paz.

Agora que falta pouco para a grave decisão que eles deverão tomar nesta semana, espero que os países integrantes do Conselho de Segurança da ONU tenham em mente essa confiança sagrada que os povos do mundo inteiro depositaram neles e que se mostrem dignos dela."

.

Texto divulgado pelo boletim Clipping do Terceiro Setor, em 13/03/2003

 

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MOÇÃO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO

Moção da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
aprovada em 20/03/2003, para ser encaminhada ao Presidente da República
em repúdio às ações de guerra iniciadas entre os EUA e o Iraque
.


" O que pode fazer um homem comum quando se vê diante de um incêndio enorme?Pode tentar fugir das chamas, abandonando á sua própria sorte todos aqueles que não conseguem correr ou que não têm para onde fugir; pode ficar assistindo ao incêndio e lamentando a destruição; pode atribuir a culpa a outros; pode, também, encher de água a colher de chá que tem nas mãos e jogar no fogo, repetindo seu gesto quantas vezes puder.

Cada um de nós tem uma colherzinha.

Nos dias de hoje, cada homem de paz deve buscar água - pelo menos o suficiente para encher a colher que tem nas mãos - e joga-la sobre o fogo."

Começou a guerra que não queríamos. Passa a desenrolar-se, diante da comunidade internacional perplexa, o cenário de horror e destruição de um conflito cujo significado e utilidade só existem nas mentes que o conceberam.

O belo texto com o qual iniciamos esta Moção, extraído de um artigo do escritor pacifista israelense Amoz Oz, é um chamamento a cada ser humano para agir em prol da paz. É na paz que a humanidade encontra plenas condições de progredir; é no ambiente de paz que os seres humanos vivem plenamente, produzem plenamente, amam plenamente e, inclusive, resolvem com maior eficácia seus conflitos de interesses.

A destruição que se abateu sobre o planeta nas duas guerras mundiais do século XX e a carnificina patrocinada por inúmeras guerras regionais estão a nos ensinar que, contrariamente ao que prega o ideário fascista, a guerra não é - nem nunca foi - fator de progresso das sociedades, mas sim um ciclone a atrair e desviar para fins destrutivos a energia tão necessária para enfrentar os flagelos que infelicitam a maioria das nações, como, por exemplo, a miséria e a degradação ambiental.

As conseqüências dessa guerra não afetarão somente as nações beligerantes, mas infectarão todo o planeta, especialmente as nações que, como a nossa, travam intensa luta para vencer o subdesenvolvimento. Então, é preciso que nos juntemos ao esforço de paz para encontrar uma solução para a crise artificialmente criada entre os Estados Unidos da América e o Iraque.

É necessário ressaltar que, mesmo dentro da sociedade americana, a causa da guerra, desfraldada aos ventos por seus governantes, encontra forte resistência de quem consegue distinguir os reais interesses daquele país dos das grandes corporações exploradoras de energia e fabricantes de armamentos.

Nós, representantes do povo paulista, não podemos e não queremos permanecer meros expectadores dessa marcha da loucura sobre o bom senso. O absoluto desprezo da superpotência pela Organização das Nações Unidas, já demonstrado em outras ocasiões e que agora culmina com a virtual neutralização desse que é o principal foro internacional, deve ser alvo de nosso repúdio, motivo pelo qual apresentamos a seguinte Moção:

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo repudia as ações de guerra iniciadas entre os Estados Unidos da América e a República do Iraque, deplora o desrespeito ao papel da Organização das Nações Unidas como foro adequado á resolução dos conflitos e apela para o Excelentíssimo Senhor Presidente da República que expresse de maneira inequívoca, aos países beligerantes e nos foros internacionais, esse repúdio dos brasileiros e seu desejo de que aquela organização volte a ser o palco do litígio."

 

Moção apresentada pelo presidente da Assembléia,
deputado Sidney Beraldo, durante a sessão ordinária
em, 20/03/2003

divulgado pela Assessoria de Imprensa da Assembléia Legislativa de SP

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MAIS DE 1 MILHÃO DE CRIANÇAS IRAQUIANAS
PODEM MORRER NA GUERRA

Documento secreto da ONU, divulgado pelo site resistir.com em fevereiro/2003
(anterior ao início dos bombardeios do Iraque)


Um recém-obtido documento confidencial das Nações Unidas prevê que 30% da crianças do Iraque com idade inferior a 5 anos, ou seja, 1,26 milhão, "ficariam em risco de morte por desnutrição" no caso de uma guerra. A minuta do documento, "Plano humanitário integrado de contingência para o Iraque e países vizinhos" ("Integrated Humanitarian Contingency Plan for Iraq and Neighbouring Countries") foi elaborado pelo Office for the Coordination of Humanitarian Affairs (OCHA) em 7 de Janeiro de 2003. A sua divulgação destina-se ás agências de socorro e representantes de governos a fim de que se reunam urgentemente em Genebra para discutir operações humanitárias em caso de guerra".

O documento, disponível em http://www.casi.org.uk/info/undocs/internal.html , contem as seguintes avaliações cruciais:

  • "No caso de uma crise, 30% das crianças abaixo dos 5 anos estariam em risco de morte por desnutrição [p. 3(5)]. Com as 4,2 milhões de crianças abaixo dos 5 existentes no Iraque, isto representa 1,26 milhão de crianças.
  • "o colapso de serviços essenciais no Iraque ... poderia conduzir a uma emergência humanitária de proporções bem além da capacidade das agências da ONU e de outras organizações de socorro [p. 4(6)]
  • "todas as agências da ONU têm enfrentado severos constrangimentos financeiros, o que as impede de atingir mesmo níveis mínimos de preparação" [p. 1(3)]
  • "os efeitos de mais de 12 anos de sanções, antecedidas pela guerra, aumentaram consideravelmente a vulnerabilidade da população" [p. 3(5)]
  • "O Programa Alimentar Mundial (PAM) estima que aproximadamente 10 milhões de pessoas ... ficariam altamente inseguras em termos alimentares, ou deslocadas ou afetadas diretamente pela ação militar [p. 11(13)]
  • "no caso de uma crise, somente 39% da população seria abastecida [com água] racionada" [p. 12(14)]
  • "A UNHCR considera que mais de 1,45 milhão de refugiados e candidatos a asilo poderiam fugir do Iraque em caso de conflito militar" [p. 9(11)]
  • "Mais de 900 mil pessoas podem ser deslocadas, além das 900.000-1.100.000 pessoas deslocadas internamente (PDI) existentes" [p. 10(12)]
  • [das tabelas na página 12(14)]:
    • 5.210.000 são crianças altamente vulneráveis abaixo dos 5 anos e mulheres ou lactantes.
    • 500.000 baixas potenciais directas e indirectas (população total).
    • 3.020.000 em risco nutricional (população total).
    • 18.240.000 poderão precisar de acesso a água tratada.
    • 8.710.000 poderão precisar de instalações de saneamento básico.

O coordenador da Campaign Against Sanctions on Iraq (CASI), Jonathan Stevenson, afirmou: "Estas estimativas da ONU revelam que o povo do Iraque enfrenta uma crise humanitária de severidade esmagadora. Os US$30 milhões de ajuda de emergência oferecidos para cuidar disto - pouco mais do que US$1 por iraquiano - são totalmente inadequados. A conversa de Tony Blair quanto a uma causa moral para a guerra constitui mais uma indicação de que nenhuma responsabilidade séria foi assumida pelo impacto das políticas do Reino Unido sobre os civis iraquianos".

O documento OCHA é um dos três documentos internos divulgados em conjunto pelo Center for Economic and Social Rights (CESR) de Nova York e pelo CASI. O documento foi obtido pelo CESR junto a pessoas das Nações Unidas que acreditam que o impacto humanitário potencial da guerra é um assunto preocupante para o público global e que deveria ser discutido de forma aberta e completa.

Notas:

  1. O documento da OCHA está disponível em http://www.casi.org.uk/info/undocs/internal.html .

  2. É importante notar que este documento da ONU é uma minuta. As estimativas e o conteúdo podem ter sido revistos. Notar também que referências de página como por exemplo [p.3(5)] significa página 3 no esquema de números do documento original, o qual é a 5ª página na versão PDF alojada no sítio web da CASI.

  3. Nas 5ª feira 13 de Fevereiro, agências da ONU reviram as suas necessidades de financiamento quanto a medidas de preparação para um possível conflito para um total de "cerca" de US$120 milhões (ver http://www.un.org/News/briefings/docs/2003/OshimaBriefing.doc.htm ). Desde então, foi relatado, uns US$30 milhões foram prometidos após um pedido inicial de US$37,4 milhões.

  4. Um recente documento da CESR também divulgado 5ª feira 13 de Fevereiro advertindo que a comunidade internacional de socorro está despreparada para o desastre humanitário no Iraque está disponível em http://www.cesr.org/index.cfm?bay=content.view&catid=538&cpid=397&pressview=1.

  5. Um estudo de caso elaborado em 1993 por Physicians for Social Responsibility Quarterly mostra que "o número de iraquianos que morreram em 1991 em consequência dos efeitos doa Guerra do Golfo ou da perturbação do pós-gerra aproxima-se dos 205.500" (ver Beth Osborne Daponte, "A Case Study in Estimating Casualties from War and Its Aftermath: The 1991 Persian Gulf War", http://www.ippnw.org/MGS/PSRQV3N2Daponte.html ). Segundo um documento interno da ONU, 'Likely Humanitarian Scenarios', datado de 10 de Dezembro de 2002 e divulgado pelo CASI em Janeiro: "Há uma tentação em alguns quadrantes para equacionar a situação que se seguiria a qualquer futura intervenção militar no Iraque com a capacidade da população para enfrentá-la em 1991. Tais comparações não são válidas pois a maioria da população, imediatamente antes dos acontecimentos de 1991, estava no pleno emprego e dispunha de dinheiro e ativos materiais para enfrentar a crise. Além de agora não ter estado empregada com rendimentos desde há muito tempo, durante o período de intervenção, todos exceto os mais privilegiados exauriram completamente os seus ativos monetários e na maior parte dos casos venderam os seus ativos materiais. Conseqüentemente, o grosso da população depende totalmente do Governo do Iraque, para a maioria, se não a totalidade, das suas necessidades básicas e, ao contrário da situação de 1991, não têm qualquer meio de enfrentar a situação". O documento completo está em http://www.casi.org.uk/info/undocs/war021210notes.html.

  6. A Campaign Against Sanctions on Iraq (CASI) é uma ONG com sede em Cambridge que fornece informação acerca da situação humanitária no Iraque e o seu contexto. Ela pretende também despertar a consciência acerca dos efeitos das sanções sobre o Iraque, e campanhas no terreno humanitário para o levantamento de sanções não militares. As preocupações do CASi são exclusivamente humanitárias: ela não toma posição sobre a guerra ao Iraque nem apóia ou tem ligações com o governo do Iraque.

  7. O sítio web da CASI está em http://www.casi.org.uk , e pode ser contatada pelo email info@casi.org.uk .

O original deste documento (inglês) encontra-se em
http://www.casi.org.uk/info/undocs/ocha030107notes.html
O documento aqui reproduzido encontra-se no site de Portugal
http://resistir.info

 

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PRÊMIO NOBEL DA LITERATURA MANIFESTA-SE CONTRA A GUERRA


 
O escritor potuguês, José Saramago, pronunciou-se contra a guerra do Iraque, antes de seu início, durante uma manifestação dem Madri, lembrando que governos como o da Espanha manifestaram-se a favor da invasão, contra a vontade do povo do país

 

"Eles acreditavam que nós tínhamos nos cansado de protestar e que havíamos lhes deixado livres para seguir na sua alucinada carreira pela guerra. Se enganaram.

Nós, os que hoje estamos manifestando, aqui e em todo o mundo, somos como aquela pequena mosca que obstinadamente volta uma e outra vez a fincar seu ferrão nas partes sensíveis da besta.

Somos, em palavras populares, claros e precisos, para que entendam melhor, a mosca do poder.

Eles querem a guerra, mas nós não vamos os deixar em paz. Nosso compromisso, ponderado nas consciências e proclamado nas ruas, não lhes fará perder vigência e autoridade (nós também temos autoridade), nem a primeira bomba nem a última que venha a cair sobre o Iraque.

Não achem, os senhores e senhoras do poder, que nos manifestamos para salvar a vida e o regime de Saddam Hussein. Eles mentem com todos os dentes que têm na boca. Nos manifestamos, isso sim, pelo direito e pela justiça. Nos manifestamos contra a lei da selva que os Estados Unidos e seus aliados antigos e modernos querem impor ao mundo. Nos manifestamos pela vontade de paz, de gente honesta e contra os caprichos belicistas de políticos ambiciosos o que lhes falta em inteligência e sensibilidade.

Nos manifestamos contra o concubinato dos Estados, com os super poderes econômicos de todo o tipo que governam no mundo. A terra pertence a todos povos que a habitam, não àqueles que, com o pretexto de uma representação democrática descaradamente pervertida, ao final, lhes explora, manipula e engana. Nos manifestamos para salvar a democracia em perigo.

Até agora, a humanidade tem sido sempre educada para a guerra, nunca para a paz.

Constantemente nos aturdem as orelhas com a afirmação de que se queremos a paz amanhã não teremos mais remédio a não ser fazer a guerra hoje. Não somos tão ingênuos para acreditar em uma paz eterna e universal, mas se os seres humanos tem sido capazes de criar, ao longo da história, belezas e maravilhas que todos nos dignificam e engrandecem, então é tempo de botar a mão na mais maravilhosa e charmosa de todas as tarefas: a incessante construção da paz.

Mas que essa paz seja a paz da dignidade e do respeito humano, não a paz de uma submissão e de uma humilhação que diversas vezes vêm disfarçadas com máscaras de uma falsa amizade protetora.

Já é hora de as razões da força deixarem de prevalecer sobre a força da razão. Já é hora do espírito positivo da humanidade que somos; se dedicar, de uma vez, a sanar as inúmeras misérias do mundo. Essa é sua vocação e sua promessa, não pactar com supostos ou autênticos "eixos do mal".

Bush, Blair e Aznar estavam falando sobre o divino e sobre o desumano, seguros e tranqüilos em seu papel de poderosos feiticeiros, especialistas em truques e conhecedores de eméritos de todas as propagandas enganosas e de falsidade sistemática, quando em despacho oval, onde se encontravam reunidos, informou a terrível notícia de que os EUA haviam deixado de ser a única grande potência mundial.

Antes que Bush pudesse dar a primeira carta na mesa, o vosso presidente José María Aznar foi rapidamente declarar que essa nova grande potência não era a Espanha. "Te juro, George", disse.

"Meu Reino Unido também", completou rapidamente Blair para cortar a nascente suspeita de Bush. "Se não é tu, nem tu, quem é então?", perguntou Bush. Foi Colin Powell, mal acreditando no que estava pronunciado sua própria boca, quem disse "A opinião pública, senhor presidente".

Já devem ter compreendido que esta historinha é uma simples invenção minha. Peço portanto que não lhes dêem importância. Mas que atentem ao que já é uma evidência para todos, a mais exaltadora e feliz evidência destes conturbados tempos: os encantamentos de Bush, Blair e Aznar, sem querer, sem propô-lo, nada mais é que por suas más ações e piores intenções, tem feito surgir, espontaneamente, um gigantesco, um imenso movimento de opinião pública. Um novo grito de "Não passarão", que com as palavras "Não a guerra", recorre ao mundo.

Não há nenhum exagero em dizer que a opinião pública mundial contra a guerra se converteu em uma potência com a qual o poder tem que contar. Nos enfrentamos deliberadamente aos que querem a guerra. Dizemos "Não". E se ainda assim seguem empenhados em seu demente afã e desencadeiam, uma vez mais, os cavalos do apocalipse, então lhes avisamos desde agora que esta manifestação não é a última, que continuaremos os protestos durante todo o tempo que dure a guerra, e inclusiva mais adiante, porque a partir de hoje já não se tratará simplesmente de dizer "Não a guerra". Se tratará de lutar todos os dias e em todas as instâncias para que a paz seja uma realidade, para que a paz deixe de ser manipulada como uma realidade, para que a paz deixe de ser manipulada como um elemento de chantagem emocional e sentimental com que se pretende justificar guerras.

Sem paz, sem uma paz autêntica, justa e respeitosa, não haverá direitos humanos. E sem direitos humanos - todos eles, um a um - a democracia nunca será mais que um sarcasmo, uma ofensa à razão. Os que estamos aqui somos uma parte da nova potência mundial. Assumimos nossas responsabilidades. Vamos lutar com o coração e o cérebro, com a vontade e a ilusão. Sabemos que os seres humanos são capazes do melhor e do pior. Eles (não preciso agora dizer seus nomes) têm elegido o pior. Nós temos elegido o melhor."





Manifesto publicado originalmente no site www.vermelho.org.br

 

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GUERRA AMEAÇA MARCAS HISTÓRICAS DA REGIÃO


 
Duas notícias alarmantes, selecionadas as que mostram prejuizos ambientais e ecológicos da guerra: arqueológos pedem ao pentágono que poupe monumentos da antiga Mesopotâmia e denunciam: muitos tesouros arqueológicos já foram roubados, desde 1991

 

ARQUEOLÓGOS PEDEM AO PENTÁGONO QUE POUPE MONUMENTOS DA ANTIGA MESOPOTÂMIA

Gabriela Dorlhiac para o jornal O Estado de São Paulo (16/03/2003)

Há mais de 5 mil anos, entre os Rios Tigre e Eufrates, surgia a civilização. Em sua aurora, ela foi moldada pelos impérios que habitaram a região da Mesopotâmia. Assírios, ao norte, e babilônios, ao sul, nos deixaram como herança riquezas muito mais valiosas do que objetos antigos.

Em cada monumento está a memória das primeiras cidades, dos primeiros textos e das primeiras instituições religiosas. Hoje, a ameaça de guerra no Iraque, que ocupa o território da antiga Mesopotâmia, põe em perigo o berço da civilização que conhecemos hoje.

'O que ninguém percebe é que a tragédia no Iraque pode ser dupla. Além da perda de vidas, o país pode perder também sua identidade cultural. Os sítios arqueológicos guardam muito mais do que um amontoado de coisas velhas. A herança de todo um povo está ameaçada', alerta Jane Waldbaum.

Ele é presidente do Instituto Arqueológico Americano (AIA). Integra um grupo de arqueólogos que está se articulando para alertar as autoridades americanas sobre o perigo dos bombardeios no Iraque.

A arqueóloga explica que o território iraquiano é verdadeira mina de ouro. Hoje, há cerca de 10 mil sítios arqueológicos identificados, mas especialistas afirmam que isto ainda é uma pequena parcela do que está debaixo do solo do país.

O que já foi descoberto pelas escavações retrata o surgimento de uma sociedade altamente hierarquizada e organizada. As tribos nômades e pequenas comunidades deram lugar às cidades onde o poder era centralizado.

O surgimento dos textos, escritos na forma cuneiforme, foram imprescindíveis na organização de uma sociedade tão ampla. As leis foram organizadas em códigos, redigidos em tábuas de argila, como o de Hamurabi.

As instituições religiosas também se formaram com a transferência da imagens de deuses para dentro de templos. A mesquita de Samara e o palácio de Ukhaidar são dois exemplos importantes da arquitetura islâmica.

Em Najaf e Karbala, as tumbas de Imam Ali e seu filho Hussein, fundadores da corrente xiita do Islã, são dois dos locais mais venerados pelo mundo muçulmano.

Tentando evitar uma tragédia cultural, arqueólogos americanos entraram em contato com o Pentágono. McGuire Gibson, professor da Universidade de Michigan, é um dos responsáveis pela iniciativa.

'Tivemos uma reunião com representantes do Pentágono no começo do ano. Eles já tinham uma lista de 153 locais importantes. Entreguei outra relação com mais 4 mil sítios arqueológicos', disse McGuire.

De acordo com ele, apesar de não ter ratificado a Convenção de Haia de 1954 que protege a herança cultural em um conflito armado, o governo americano está ciente da importância dos monumentos no Iraque.

'Expliquei a eles que todo o terreno é rico arqueologicamente. No país não há elevações naturais, portanto, todas as vezes que os soldados virem um morro a probabilidade é alta de ser um sítio arqueológico.'

Jane Waldbaum é mais realista. 'Normalmente o governo americano tenta evitar danos a locais importantes. Mas o assunto definitivamente não está no topo da lista de prioridades. Se houver um alvo militar ao lado de um monumento, eles vão atirar.'

Outro perigo apontado pelos arqueólogos é o de saques. Após a Guerra do Golfo e o embargo das Nações Unidas, o tráfico de tesouros arqueológicos floresceu no Iraque (ler matéria ao lado). A AIA pediu que seja criado um plano detalhado para a repatriação dos objetos iraquianos roubados.

Apesar da preocupação da sociedade arqueológica, o assunto ainda não ganhou projeção na comunidade internacional.

A iraquiana Zainab Bahrani, arqueóloga e professora da Universidade de Colúmbia (em Nova York), questiona a falta de articulação de organizações mundiais e o fato de que ninguém até agora tentou falar diretamente com o governo iraquiano para oferecer ajuda.

'Acho que há em primeiro lugar o problema técnico de comunicação, já que os telefones nem sempre funcionam. Mas há alguns arqueólogos que se recusam a falar com os iraquianos por considerá-los inimigos.'

A sensação de culpa também é um fator. 'Como oferecer ajuda, se nós é que vamos destruir?'

Laurent Levi-Strauss, vice-diretor do Depto. de Herança Cultural da Unesco, rebate as perguntas, afirmando que a entidade respeita as posições do Conselho de Segurança da ONU e, portanto, a guerra ainda não está definida.

'Damos informações sobre a localização dos monumentos quando nos pedem. Também oferecemos ajuda ao embaixador iraquiano na Unesco, mas ainda não recebemos nenhuma resposta', explica.

A ironia é que a maior parte da ajuda virá apenas após um conflito. De acordo com Levi-Strauss, a Unesco já tem idéia de como agir. 'O primeiro passo é enviar uma missão para avaliar os danos. Depois disso veremos o que precisa ser feito'.

Jane Waldbaum afirmou que a AIA também está disposta a enviar um time de especialistas e ajudar na restauração dos monumentos danificados.

Mesmo com todos os planos, os arqueólogos admitem que, se as bombas começarem a cair no Iraque, a atitude possível é rezar.

Para Zainab Bahrani, 'deve ser horrível enfrentar uma guerra, mas a situação pode ser muito pior se, além das pessoas, a história de um país também for destruída. Os sobreviventes precisarão da sua identidade cultural para se reerguer.'


DESDE 91, 20 MIL PEÇAS JÁ FORAM ROUBADAS DO IRAQUE

Jamil Chade de Genebra,para o jornal O Estado de São Paulo (16/03/2003)

Cerca de 20 mil peças arqueológicas foram roubadas do Iraque desde a Guerra do Golfo de 91 e levadas para o exterior. A avaliação é da embaixada iraquiana na principal sede do mercado ilegal de artes da Europa, a Suíça.

Por falta de leis e pelo fato de o país ser um dos poucos que não assinaram o tratado da Unesco que regula transferência de objetos culturais, os suíços acabam não coibindo a atuação de traficantes em Genebra e Zurique.

O comércio é feito com museus e colecionadores de todo o mundo, principalmente dos EUA e do Japão. 'Algumas raridades podem hoje ser encontradas por US$ 50', afirma um vendedor de Genebra, que prefere não se identificar.

Os traficantes conseguem as peças com a população iraquiana que, em razão dos problemas econômicos enfrentados em função de conflitos e das sanções impostas pela ONU, recorreu à venda desses objetos para sobreviver.

Em 91, logo após a Guerra do Golfo, o governo de Bagdá tentou esconder as peças mais valiosas dos museus do país. Mesmo assim, 4 mil delas foram roubadas em poucos dias.

O governo iraquiano garante que o número de roubos seria ainda maior se Bagdá não tivesse adotado leis para coibir o comércio ilegal, o que possibilitou a interceptação de 8 mil objetos na fronteira, antes de saírem do país."





Fonte: Jornal da Ciência

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AS VÍTIMAS DA GUERRA QUE NÃO TÊM IBOPE

Mensagem Americanos e ingleses usam desde galinha, pombos, porcos e cães até golfinhos e leões marinhos. O protesto, da rede de combate ao tráfico de animais, foi traduzido por Marcio Augelli - membro da CFN- Cetacean Freedom Network

"O Pentágono anunciou recentemente que além de tropas, o exército dos E.U.A. está usando galinhas, cachorros, golfinhos, pombos, e leões do mar para lutar a guerra contra Iraque. A Marinha está usando leões e golfinhos para interceptar terroristas e minas no Golfo Pérsico, e o Exército e a Marinha estão usando galinhas e pombos para descobrir a presença de armas biológicas e químicas, e cachorros para descobrir tropas de armas e salvamento.

As guerras são atos humanos. Enquanto uma pessoa, partido político, ou uma nação pode decidir se uma guerra é necessária, os animais nunca poderão fazê-lo. Como civis, eles se tornam freqüentemente as vítimas de guerra. Agora, o exército dos E.U.A. está colocando deliberadamente animais no front. Estes animais nunca se alistam, eles não sabem nada do Iraque ou Saddam Hussein, e eles provavelmente não sobreviverão. Não existe também nenhuma garantia ou probabilidade que estes animais salvarão humanos. Usar animais não é o melhor caminho para defender militares.
Os leões marinhos e golfinhos agora pela Marinha americana no Golfo Pérsico foram de seu ambiente natural ou criados em cativeiro, e são forçados a desistir de sua liberdade e seus grupos familiares. A eles é negado acesso livre a comida de forma que treinadores possam forçá-los a fazer o que eles nunca escolheriam fazer sozinho. Agora, querem que eles nadem até terroristas potenciais debaixo da água, e descubram bombas flutantes (minas). Os próprios funcionários da marinha americna não estão certos que eles trabalharão corretamente, mas estão certos do perigo que correm. O Marines agora tem galinhas e pombos no Kuwait, embora também tenham equipamento para detectar gás venenoso. Dúzias de galinhas morreram no transporte, possivelmente, de acordo com os Marines, do choque da longa viagem.

Enquanto cachorros, diferentemente de leões do mar, pelo menos apreciem a companhia das pessoas, sua lealdade e o amor não deviam ser "recompensados" com a morte em um campo de batalha. O exército pode descobrir armas e achar tropas feridas com algum equipamento sofisticado. Não há necessidade de pôr animais inocentes em risco. O que acontecerão para os cachorros que sobreviverão a uma guerra no Iraque? Cinco mil cachorros serviram ao lado de tropas americanas no Vietnã, mas só 140 veio para casa-não porque o resto morreu, mas porque foram abandonados pelo exército dos E.U.A.. Desta maneira, os animais são ferramentas descartáveis, para serem usados e lançados fora."

 

(mensagem de rede de combate ao tráfico de animais, distribuída por e-mail)
tradução de Marcio Augelli - membro da CFN- Cetacean Freedom Network

 

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LAÇOS DE FAMÍLIA

por Frei Betto

"EPrescott Bush integrava, em 1918, a associação estudantil Skull & Bones (Crânio e Osso). Desafiado pelos colegas, invadiu um cemitério apache e roubou o escalpo do lendário cacique Jerônimo.

Deflagrada a Segunda Guerra Mundial, Prescott Bush, sócio de uma companhia de petróleo do Texas, recebeu punição do governo dos EUA por negociar combustível com a empresa nazista Luftwaffe. O tribunal admitiu que ele violara o Trading with Enemy Act.

Esperto, após a guerra, Prescott aproximou-se dos homens do poder, de modo a usufruir de imunidade e impunidade. Tornou-se íntimo dos irmãos Allen e John Foster Dulles. Este último comandava a CIA por ocasião do assassinato de John Kennedy, em 1963. Convenceu o velho Bush a fazer um gesto magnânimo e devolver aos apaches o escalpo de Jerônimo. Bush o atendeu, mas não tardou para os indígenas descobrirem que a relíquia restituída era falsa...

A amizade com Dulles garantiu ao filho mais velho de Prescott, George H. Bush, executivo da indústria petrolífera, o emprego de agente da CIA. George destacou- se a ponto de, em 1961, coordenar a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, para derrubar o regime implantado pela guerrilha de Sierra Maestra.

Fiel às suas raízes texanas, George batizou as embarcações que conduziram os mercenários até a ilha de Fidel de Zapata (nome de sua empresa petrolífera), Bárbara (sua mulher) e Houston. A invasão fracassou, 1.500 mercenários foram presos e, mais tarde, liberados em troca de US$ 10 milhões em alimentos e remédios para crianças. (Malgrado a derrota, George H. Bush tornou-se diretor da CIA em 1976).

Triste com o mau desempenho de seu primogênito como 007, Prescott Bush consolava-se com o êxito dele nos negócios de petróleo. E aplaudiu a amplitude de visão do filho quando George, em meados dos anos 60, tornou-se amigo de um empreiteiro árabe que viajava com freqüência ao Texas, introduzindo-se aos poucos na sociedade local: Muhammad Bin Laden. Em 1968, ao sobrevoar os poços de petróleo de Bush, Bin Laden morreu em acidente aéreo no Texas. Os laços de família, no entanto, estavam criados.

George Bush não pranteou a morte do amigo. Andava mais preocupado com as dificuldades escolares de seu filho George W. Bush, que só obtinha média C. A guerra do Vietnã acirrou-se e, para evitar que o filho fosse convocado, George tratou de alistá-lo na força aérea da Guarda Nacional. A bebida, entretanto, impediu que o neto de Prescott se tornasse um bom piloto.

Papai George incentivou-o, então, a fundar, em meados dos anos 70, sua própria empresa petrolífera, a Arbusto (bush, em inglês) Energy. Gracas aos contatos internacionais que o pai mantinha desde os tempos da CIA, George filho buscou os investimentos de Khaled Bin Mafouz e Salem Bin Laden, o mais velho dos 52 filhos gerados pelo falecido Muhammad. Mafouz era banqueiro da família real saudita e casara com uma das irmãs de Salem. Esses vínculos familiares permitiram que Mafouz se tornasse o presidente da Blessed Relief, a ONG árabe na qual trabalhava um dos irmãos de Salem, Osama Bin Laden.

A Arbusto pediu concordata e renasceu com o nome de Bush Exploration e, mais tarde, Spectrum 7.

Tais mudanças foram suficientes para impedir que a bancarrota ameaçasse o jovem George W. Bush. Salem Bin Laden, fiel aos laços de família, veio em socorro do amigo, comprando US$ 600 mil em ações da Herken Energy, que assumiu o controle da Spectrum 7. E firmou um contrato de importação de petróleo no valor de US$ 120 mil anuais. As coisas melhoraram para o neto do velho Prescott, que logo embolsou US$ 1 milhão e obteve um contrato com o emirado de Bahrein, que deixou a Esso morrendo de inveja.

Em dezembro de 1979, George H. Bush viajou a Paris para um encontro entre republicanos e partidários moderados de Khomeini, no qual trataram da libertação dos 64 reféns estadunidenses seqüestrados, em novembro, na embaixada dos EUA, em Teerã. Buscava-se evitar que o presidente Jimmy Carter se valesse do episódio, a ponto de prejudicar as pretensões presidenciais de Ronald Reagan.

Papai George fez o percurso até a capital francesa a bordo do jatinho de Salem Bin Laden, que lhe facilitava o contato com o mundo islâmico. (Em 1988, Salem faleceu, como o pai, num desastre de avião).

Naquele mesmo ano, os soviéticos invadiram o Afeganistão. Papai George, que coordenava operações da CIA, recorreu a Osama, um dos irmãos de Salem, que aceitou infiltrar-se no Afeganistão para, monitorado pela Agência de Inteligência, fortalecer a resistência afegã contra os invasores comunistas.

Os dados acima são do analista italiano Francesco Piccioni. Mais detalhes no livro A fortunate son: George W. Bush and the making of na American President, de Steve Hatfield. Tão sintomática quanto a atual censura consentida à mídia nos EUA, é a omissão na imprensa da história de como a CIA criou o general Noriega, do Panamá; Saddam Hussein, do Iraque; e Osama Bin Laden, do circuito Arábia Saudita/Afeganistão.

Agora, o neto de Prescott Bush demonstra sua fidelidade à índole do avô: invade o Afeganistão para obter, ainda que a custo do sacrifício da população civil, o escalpe de Osama Bin Laden."


PARTE II



"Osama Bin Laden é formado em administração e economia pela King Abdul Aziz University, da Arábia Saudita. Após a morte do pai em 1968, em desastre de avião sobre os campos de petróleo da família Bush, no Texas, Osama, então com 11 anos, ficou sob a tutela do príncipe Turki al-Faisal al-Saud, que dirigiu os serviços de inteligência saudita de 1977 a agosto deste ano.

Em 1979, a pedido de George Bush, o pai, então diretor da CIA, o tutor incumbiu Osama, já com 23 anos, de transferir-se para o Afeganistão e administrar os recursos financeiros destinados às operações secretas da agência contra a invasão soviética àquele país. Preocupado com a ofensiva de Moscou, o governo dos EUA havia liberado a mais alta soma que a CIA recebeu, em toda a sua história, para atuar em um só país: US$ 2 bilhões.

Em 1994, quando já se tornara o inimigo público número 1 dos EUA e perdera a nacionalidade saudita, Osama Bin Laden herdou cerca de US$300 milhões. Era o que lhe correspondia no Saudi Bin Laden Group (SBG), a holding mais importante da Arábia Saudita, que controla imobiliárias, construtoras, editoras e empresas de telecomunicações. Presidida por Bakr Bin Laden, irmão de Osama, o SBG criou, na Suíça, uma empresa de investimentos, a Sico (Saudi Investment Company).

O SBG tem participação na General Electric, na Nortel Networks e na Cadbury Schweppes. Suas finanças são administradas pelo Carlyle Group, dos EUA. Além de deter o monopólio da construção civil em Medina e Meca, lugares santos mulçumanos, o SBG ganhou a maioria das licitações para a construção de bases militares americanas na Arábia Saudita e a reconstrução do Kuwait depois da guerra do Golfo.

Os negócios da família Bin Laden são administrados também por um cunhado de Osama, o xeque Khaled Salim Ben Mafhuz, dono da 251ª fortuna do mundo, avaliada em US$1,9 bilhão, segundo a revista Forbes. Seu pai fundou o principal banco saudita, o National Comercial Bank, sócio da Sico em diversas empresas.

Khaled Ben Mafhuz, presidente da ONG saudita Blessed Relief, na qual Osama trabalhava, investiu, nos anos 70, na companhia de petróleo de George W. Bush, a Arbusto Energy. Possui uma mansão em Houston e, graças à sua amizade com a família Bush, comprou uma área do aeroporto local para uso pessoal. (Logo após os atentados, cerca de 150 Bin Laden residentes nos EUA foram reunidos naquele aeroporto, a pedido da coroa saudita, e levados, por segurança, para o país de origem).

Respeitado nos meios financeiros internacionais, Mafhuz esteve envolvido no maior escândalo bancário dos anos 90, a quebra do BCCI (Bank of Credit and Commerce Internacional). Através do BCCI, Mafhuz comprou 11,5% das ações da Harken Energy Co., empresa petrolífera dirigida por George W. Bush. Com a quebra do banco, a maioria dos clientes passou ao Carlyle Group, fundo de investimentos criado em 1987, quatro anos antes da falência do BCCI, e que hoje controla cerca de US$ 12 bilhões.

O Carlyle Group é presidido por Frank Carlucci, ex-diretor-adjunto da CIA e ex-secretário de Defesa dos EUA. Um de seus principais assessores é James Baker, ex-chefe de gabinete do presidente Reagan e ex-secretário de Estado do presidente Geoge Bush, o pai. É o Carlyle Group que administra a maior parte dos fundos do SBG, a holding dos Bin Laden, e entre seus consultores figuram George Bush pai e John Major, ex-primeiro-ministro da Inglaterra.

Quando o presidente George W. Bush, após 11 de setembro, enquadrou, como crime anexo ao terrorismo o "aproveitamento ilícito de informações privilegiadas", ele sabia do que estava falando. Tudo indica que, graças a essas informações, Osama Bin Laden montou a sua rede terrorista mundo afora, movimentando recursos através de paraísos fiscais. Informações que, em boa parte, podem ter vindo dos Bush, graças aos vínculos entre as duas famílias.

Talvez Freud pudesse explicar um detalhe das armas escolhidas pelos terroristas de 11 de setembro: aviões. O pai e o irmão mais velho de Osama Bin Laden morreram em acidentes aéreos, ambos nos EUA."

 

Frei Betto é autor de dezenas de livros.
O presente artigo foi divulgado em diferentes sites,
entre os quais o www.vitoriaweb.com.br, em 2002,
época da Invasão norte-americana no Afganistão,
justificada pela tentativa de mater Osama Bin Laden
(provavelmente não ocorreu pelo menos
até março de 2003, quando começou a invasão ao Iraque).

 

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